Época de
amenidades, de festas religiosas, de confraternização e de vontade da paz
mundial, todos estão repletos de boas intenções, estão todos tão dispostos a
reiniciar, estão todos tão sedentos de serem aprovados, acariciados, amados,
realmente acreditando que a magia dessas datas de fim de ano é a força
suficiente para nos colocar definitivamente no almejado paraíso que é viver em
felicidade.
Nós esquecemos
que tantas e tantas vezes esse tempo retorna a nossas vidas com as mesmas
inviáveis esperanças, o fato de voltarmos nosso espírito para um mundo melhor,
por si só cria uma aura bacana em todos nós, porém completamente insuficiente
para a mudança, e sem mudança não há paz e sem paz não há felicidade.
A trilha da Paz
lembra-me do Triângulo das Bermudas uma entidade fantasma onde desaparecem as
embarcações sem deixar rastros, assim também nesta trilha desaparecem os atos
de intolerância, as atitudes de violência, através do encontro do "modus
vivendi", isto é, o pacto entre todos os diferentes se aceitando como tal.
Isto só é viável
via a permanente luta pela desconstrução individual, a busca constante de expurgarmos
em nós esses alguns milhares de anos da civilização ocidental, cuja base está edificada
sobre a certeza de sempre estarmos certos e sempre sermos os melhores, pois não
somos participantes e sim eterno competidores.
Desconstruir a
necessidade da vitória, pois esta só existe se tiver um perdedor, desconstruir
a necessidade de ter mais, pois esta só existe na comparação com o outro,
desconstruir a vontade de ter poder, pois este só existe com a escravidão do
outro.