Você me pede
testemunha, não lhe posso dar sou eu a minha única testemunha, de qualquer
maneira não lhe serviria isso te afirmo em definitivo, testemunha mesmo que
seja eu próprio, é uma impossibilidade absoluta, não tem como existir a não ser
como a falsificação da verdade traindo completamente o sentido que normalmente assinalamos
de comprová-la, não se pode com certeza afirmar uma verdade, pois a veracidade
é invisível aos nossos olhos, sempre a descrevemos de maneiras diferentes utilizando
nossos pessoalíssimos filtros, se faço um paralelo do conceito com o mesmo
livro lido cinco vezes que são na verdade cinco livros, o mesmo só existe no
momento específico de sua degustação pelo espírito do leitor.
Mas minha certeza
é completa era ele sim, mesmo transmutado em corpos diferentes, deparo-me com
ele em diferentes situações e mascaradas, porém, apesar dos disfarces o sei, percebo
a indiferença que ele assume em meu espírito, fato é o vazio de valor que sua
presença me adiciona, talvez estejas certo ao me dizer que ele inexiste e seja
apenas fruto da minha imaginação, estais certo sim se penso que como corpo ele
é uma alma inexistente.
Posso sim
identificá-lo em uma reunião social, ou em um compromisso de trabalho, pode ser
em uma solenidade religiosa, tão somente o identifico pelo vazio que se mostra
a mim, vejo-o sempre com seus ardis mesquinhos, muito fáceis de decifrar, são
armados pela falta de identidade como gente, por uma busca egoísta de ilusórios
ganhos frente a outrem, vantagens essas que tanto eu como ele sabemos que se
define por sua inverdade.
Por que ele
existe? Por que muda tanto de humor? Por que tem aparências tão diversas? Questionando-me
tentas encontrar um ponto falho no meu raciocínio, buscando ficas com insistência
por respostas que não o podem identificar, também me desentendo quanto ao porquê
de me dedicar a lhe mostrar sua existência, se não consigo ver em nenhum
momento sua vontade de conhecer, não serão argumentos e relatos meus que o
farão vê-lo.
Talvez seja
melhor assim mesmo, possivelmente nada irás ganhar ao conhecer o anti-homem que
se me apresenta por trás de todos esses disfarces, sei que não posso deixar de
identificá-lo, apesar de me ser indiferente sua
existência é precisamente por essa indiferença que o identifico e sinto que é
muito difícil viver em contato com pessoas indiferentes, sim ele é fruto da
submissão e inexiste por ser marionete na mão do poder coletivo.