sábado, 30 de maio de 2015

Trilha do Poder - O Conhecimento

      Quando Nietzsche dizia:

     “(...) o protótipo do otimista teórico, a pessoa diferenciada por sua crença na inteligibilidade da natureza das coisas, e assim pela convicção de que conhecimento e entendimento são uma panaceia, e que o erro é o mal último”.

     É a respeito do Homem-Socrático e estava acusando Sócrates de sobrecarregar nossa civilização ao determinar que a finalidade do ser humano fosse o conhecer, também ele Nietzsche, acrescentava o seguinte texto referindo-se à ciência:

     “(...) a ciência, impelida pelas suas próprias poderosas ilusões, avança para os seus limites, limites nos quais o otimismo que está embutido na lógica deve estilhaçar-se”.

     Defende que o conhecimento como formação de crenças confiáveis não possui um fim em si mesmo, apenas está a serviço dos desejos humanos ele nos incita a simplesmente apagar de nossas mente noções tais como “verdade”, “erro”, “aparência” e “realidade”.

     Seguindo nossa trilha:
     Começamos a nos preocupar em avançar, continuamos aperfeiçoando nossa organização, já tinha duas classes os senhores e os servos, já obtivemos o apoio irrestrito aos seus criadores de nossos deuses, agora tratamos de construir um sistema moral e ético que possa transformar o homem comum em nosso aliado, ou seja, construirmos um conjunto de códigos que sejam aceitos pela maioria e assim através das gerações as pessoas poderiam policiar-se a si mesmas e aos outros, para tal apenas necessitávamos criar uma nova entidade os sábios. 

     O próprio saber para nós era um instrumento de poder, e esse com amplas vantagens sobre a opressão física pelo efeito multiplicador, nós poderíamos divulgar esse saber como se fosse um produto pronto e acabado evitando o crescimento do espírito crítico e assim o fizemos, não nos era interessante a transcendência do homem na busca de um espaço novo e sim a adequação do mesmo aos espaços existentes e a sua continuada diminuição como consequência.     

     Começamos a dirigir e estimular esforços para esta ciência que podia trazer as respostas que desejávamos e com vantagens sobre a fé tradicional, pois estruturada sobre o que denominamos verdades provadas e aceitas sempre ao seu tempo, construindo assim um novo mundo diferente do real e que nos engole a todos, o estruturamos para a vitória do médio majoritário sobre o melhor minoritário, projetando um poder capaz de exerce-se independente das pessoas baseado na memória genética que se transmite entre as gerações.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Trilha do Poder - Nossos Deuses

     No intuito de mantermos o poder não poderíamos permanecer expostos à constância de sermos desafiados por iguais, só a força física não era suficiente mesmo considerando termos agregado pessoal para segurança, precisávamos legitimar-nos com algo mais, evitando o excessivo numero de enfrentamentos, lembramo-nos de nossos temores quanto à força da natureza e se essa fosse nossa aliada? Nada como um bom ser superior que apesar de não o vermos percebemos os efeitos de sua atuação, nada como um “Deus” que não poderia ser contestado e cujo temor submeteria os outros a sua vontade que a bem da verdade nós explicitaríamos. 

     Deuses e o mundo que não entendo:
     Nós agora organizados em uma rudimentar estrutura, perplexos com a amplitude de certos fenômenos naturais como os raios e seus incêndios, os temporais e seus trovões, o nascer do dia e da noite, eventos os quais não conseguíamos explicar, sofríamos suas consequências e os temíamos, não demorou muito para associá-los a deuses muito similares a nós mesmos, porém em uma potência infinita, afinidade com estes deuses passou a ser a justificativa para superioridades sobre outrem, politeístas começamos a dominar pela manifestação indireta, via nossa interpretação, da vontade dos nossos diversos deuses.

     Deuses na consolidação do poder:
     Sim a luta tinha sido ganha, era mais uma batalha vencida, agora era preciso garantir o domínio sobre este povo derrotado, assim como nosso povo tinha grande respeito aos nossos deuses o mesmo ocorria em relação aos seus por parte dos vencidos, seria mais fácil dominá-los pela absorção dos seus deuses, somamos aos ganhos de guerra seus deuses passando a usá-los como nossos também, aliados a estes ficou muito mais fácil manter o nosso poder, pois podíamos utilizar o desígnio dos deuses a nosso favor.    
 
     Deuses e unidade na resistência:
     Por outro lado quando derrotados na guerra, sendo submetidos a outros povos diretamente pela força bruta, ou ainda nossa subordinação transferida devido aos nossos próprios dominadores terem sido suplantados por inimigos ainda mais fortes, correndo risco de extinção, criamos um “Deus” único, monoteísta, diferente dos deuses de nossos senhores, para gerarmos uma identidade de povo em torno deste “Deus”, honrar esse “Deus” era mantermos um ideal de resistência e alimentarmos o sonho de um inevitável futuro vitorioso garantido pela superioridade dele.               

     Criando Deuses Criadores:
     Não satisfeitos à medida que íamos descobrindo as causas naturais de muitos fenômenos antes creditados a “Deus”, a questão da existência tornou-se mais forte e para justificá-la precisamos moldar um “Deus” a nossa imagem e semelhança, o qual nos abençoaria legitimando nosso poder.


     A mim o que em particular me soa curioso é que coincidentemente sempre os deuses estão ao lado do poder e a serviço da submissão dos povos.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Trilha do Poder – Organização

     Quem aposta em Darwin fala em seleção natural como mecanismo de evolução das espécies:

     Esses apostadores projetam como motivador para a evolução das espécies a relação predador com sua presa na incessante luta pela sobrevivência dos seres vivos incluso nestes os seres humanos, praticamente reduzem a vida à disputa de um alimento único, ou seja, o mais forte é o mais apto a vencer a luta pela sobrevivência.       

     Já os partidários de Nietzsche falam em vontade de Potência colocando a luta como o diferencial:     
    
     Amparados na frase de Nietzsche, “Não existe vida sem prazer, a luta pelo prazer é a luta pela vida”, refutando assim a ideia central de luta pela sobrevivência de Darwin, que seria uma restrição à vontade de viver, com isso inverte conceitualmente a questão ao dizer que a luta “por dominação” prevalece sobre a “por conservação”, sugere que a falta de inimigos é o melhor caminho para a degeneração incluindo nessa o risco de extinção da espécie, sinalizando inclusive que a civilização, a domesticação do homem, diferente do que se pensa, não é o seu melhoramento.

     Independente de qual desses grandes pensadores nos seduz, eu considero:

     Que primeiro chegou o medo, olhar para o outro e imaginá-lo capaz de repetir meus atos, julgá-lo por mim mesmo que é como se pode julgar, imaginar que até poderiam avançar nas atitudes em relação a mim como, por exemplo, disputar o que agora já considerava minhas posses, as coisas e as pessoas, alguma atitude eu deveria tomar.         

     Que em um segundo instante, pois o medo imobiliza ou provoca a reação, lembrei-me de que já tinha observado insetos tipo formigas ou abelhas, recordo sua organização de como se movimentavam os integrantes daqueles grupamentos, e concluí poderia sim fazer algo neste sentido.

     Passo seguinte foi partir para aplicação da tese e começo a especializar meus servos, uns orientados a cuidar da segurança, outros dedicados aos afazeres domésticos, também encarrego alguns de plantarem, e vi exultante que como entre os insetos observados tudo gira em torno do núcleo onde está a rainha, ali tudo passou a girar em torno de mim.  


     Assim começamos a criar nossas travas, assim começamos a civilizar-nos, assim passamos a trocar nossa liberdade do movimento pela escravidão da posse que nos cobra dedicação exclusiva para mantê-la e se possível aumentá-la, por ela o que mais não somos capazes de fazer, só o tempo o dirá.

terça-feira, 19 de maio de 2015

A Mulher em 1980 por Téchiné

     Dos oito filmes exibidos na Mostra 8X André Téchiné na Cinemateca Capitólio, até o momento apenas consegui assistir dois: Hotel das Américas (Hôtel des Amériques, França, 1981) e O Local do Crime (Le Lieu Du Crime, França, 1986), por feliz coincidência com a linda e talentosa atriz Catherine Deneuve que em ambos protagoniza “A Mulher Liberta”, o que não é comum na maioria dos filmes. Um tipo de heroína capaz de negar o papel recomendado na organização social em que vive, assumindo sua independência frente ao estereótipo de mulher na década de oitenta.

     Na primeira película, a relação complexa de um personagem dividido entre um velho amigo companheiro de várias aventuras e a personagem principal. Como paixão que aparece repentinamente em sua vida, e como tal mudando-a como um todo, nenhum dos três personagens principais tinha um comportamento padrão, era a permanente busca de algo a mais, ora avançando ora retrocedendo, vários jogos de relacionamento são desenvolvidos alternadamente entre os dois amantes, bem como entre os dois amigos, também dos três com os outros personagens, tudo em função de suas experiências anteriores que nos vão revelando o quadro psicológico que explica as dificuldades do viver de cada um que nos são apresentadas durante o desenrolar da trama. Não há espaço para final feliz, apenas para realismo.

     No segundo, o trio principal é formado pela protagonista, seu filho e um criminoso, com o qual não podemos evitar simpatizar, pois procede como se não tivesse escolha, comete os crimes em incidentes ocasionais inclusive no intuito de proteger a dupla mãe e filho. A lucidez do diretor ao mostrar um jovem, no caso o filho com quatorze anos, com todo seu potencial imaginativo em uso permanente, sempre enfrentando a sociedade formal hipócrita com a espada representada por sua verdade interna, percebe-se claramente que esta pureza vem de sua mãe que a demonstra não tendo medo de apaixonar-se pelo “bandido” e o assumindo por perceber nele uma pessoa completamente diferente do rótulo que lhe colaram, enfrentando a tudo e a todos, também nesse filme não temos um final fechado, apenas as personalidades reveladas e a dúvida quanto ao futuro.

     Em ambos os filmes há paisagens muito belas, excelentes planos, bem fotografados, com um enredo que nos mantém focados durante todo o desenrolar. O constante mostrar das diferenças entre a sociedade estabelecida e o comportamento inesperado e autêntico dos personagens, pessoas por inteiro que tomam decisões por conta própria e, melhor ainda, as assumem, enfrentam permanentemente a pressão das formas de comportamento estabelecidas como regras na comunidade, mostrando-se verdadeiras e assumindo as consequências de suas opções para o bem e para o mal.

     As mulheres vividas nos dois filmes como personagem principal por Catherine Deneuve são do tipo com “M” maiúsculo, olham-se de frente e enfrentam o preconceito de cabeça erguida, tomando sempre as decisões por sua conta e risco. Em outras palavras, livres e corajosas vencem seus medos com vidas compatíveis com seus sonhos, assumindo assim cada qual o domínio de si mesma.    .     

domingo, 17 de maio de 2015

Bergman e o Suicídio como Agente Libertador

     Percebo em "Luz do Inverno, dirigido por Ingmar Bergman, talentoso diretor sueco, filme do estudo de nossa última quarta-feira, que por sinal estão muito boas, na semana anterior o grande Fellini e agora o especial Bergman, um centro no suicídio de um dos personagens. A partir desse fato desencadeia um processo de libertação dos outros personagens, a começar pelo principal, o pastor Tomas, o que não é muito usual pelos preconceitos existentes contra essa ação de atentar contra a própria vida.
     Em particular acredito que essa atitude é um direito pessoal, mas consigo entender a carga de preconceito que carregamos sobre esse ato como sociedade, e principalmente como sociedade comprometida com preceitos religiosos, pregando o paraíso pós-vida. Logo, só poderíamos penalizá-lo para evitar que as pessoas busquem antecipar a fuga dos sofrimentos encontrando o paraíso por antecipação via essa ação agressiva contra si, a religião vive de glorificar o sofrimento para garantir a submissão.
     No caso específico desse enredo o potencial suicida, desesperançado com o mundo, apesar de certa prosperidade financeira e de uma família bem organizada, por aconselhamento da mulher parte em busca do pastor para se iluminar pela opção de viver, aí Bergman nos surpreende com um pastor que não tem nenhuma palavra de incentivo à vida e sim faz um discurso empolgado sobre sua própria morte em vida, o resultado é inevitável: a caminho de casa o suicídio é cometido.
     Percebe-se a partir daí a cadeia de reações libertadoras em todos os personagens, iniciando-se pelo próprio pastor que assume sua verdade de vida posicionando-se frente à mulher com quem se relacionava eventualmente com a verdade de seus sentimentos, não gostava dela, continuava apaixonado pela esposa que havia morrido há três anos e não via nem gostaria de incentivar qualquer futuro na relação entre os dois.
     A própria esposa do falecido parece grata com o finalizar dessa vida atormentada pelo repetitivo encontro com um parceiro dividido entre continuar a viver ou morrer, dizendo para o pastor que não necessitava do seu apoio e companhia de orações, precisava mostrar-se forte junto aos filhos iniciando uma nova relação onde os assumiria no papel de pai e mãe principiando este por contar-lhes da morte do pai.
     A amante do pastor também me passou a ideia de se libertar da relação humilhante de esmolar o amor do pastor sentindo-se capaz de acompanhá-lo em suas pregações, sem o constrangimento de implorar o seu gostar e apenas ajudando-o em sua missão pastoral.

     Como em todos os filmes de Ingmar Bergman, há uma fotografia excelente e uma proposta de análise psicológica dos personagens muito rica e fascinante que incentiva nosso pensar, muitos outros ângulos nos mostra essa película em especial, porém preferi contar para vocês o sentimento inicial que me perpassou.

sábado, 16 de maio de 2015

Trilha do Poder - Efeito Exponencial

     Se não separo um tempo para refletir sobre o que me acontece a cada momento, passam imunes por mim pequenas atitudes de manifestação de poder por parte de terceiros, logo perco a oportunidade de conhecê-lo em sua práxis, interpretá-lo em seus movimentos e exercitar a minha resistência, não devo iludir-me com a ideia de um centro de poder que erradicado nos traria a sonhada liberdade, pois o mesmo é disperso na sociedade como um todo, portanto deve ser combatido nas suas menores manifestações, quanto mais recusar submeter-me mais crescerá a comunidade dos resistentes a enfrentar esta verdadeira pirâmide de esmagar o outro que criamos.

     Conto duas pequenas histórias vividas nesta semana em relação as quais dediquei um tempo para visualizar com consciência o jogo de poder, nas quais o fato de dedicar-me a pensá-las me parece por si só um primeiro ato de resistência, sendo o segundo o dedicar-me a lhes contar.  

     Já faz mais de um mês, encontrava-me a fazer o que repito cinco a seis vezes ao dia em frente ao prédio onde trabalho, fumar minha cigarrilha, observar as pessoas e divagar sobre a vida quando repentinamente fui interrompido por uma senhora que me observou: “As plantas não fumam, poderias evitar colocar o resto de sua cigarrilha em um lugar que não fosse o canteiro em volta desta árvore na calçada”.

     Pacientemente expliquei-lhe, que o que estava fumando era fumo de charuto enrolado em folhas de tabaco, ou seja, complemente natural e por isso ou os colocava em uma lixeira orgânica, ou em um lugar onde houvesse terra com plantas para funcionar como adubo.

     Era a proprietária do prédio onde trabalho, e para minha surpresa, nesta semana foi conversar com a pessoa a quem aluga a sala com intuito de impor sua vontade, observem que é um passeio público lugar para o qual não tinha nenhuma delegação de comando, aparentemente não lhe era agradável ver os restos de tabaco em torno da árvore ou simplesmente não lhe agradava ver-me a fumar neste local, sendo meus argumentos razoáveis, preferiu exercer o poder de coação.

     O curioso é a coincidência, neste mesmo dia, percebi que a construtora de um grande prédio de apartamentos vizinho a este, aproveitando algum artifício legal qualquer, simplesmente avançou algo tipo meio metro sobre a calçada, construindo um novo muro para privatizar um local que era de circulação pública, agredindo toda a cidadania com a diminuição do tamanho da área de circulação o que já era por nós um direito adquirido, outro exercício de poder contra todos em favor de alguns.   


     Esse perverso efeito exponencial da necessidade do poder resulta em uma cadeia de seres humanos cumprindo simultaneamente dois papéis, o de submissão em relação a quem internamente classifica de mais forte e o de dominação sobre quem pré-julga como mais fraco, pois já internalizada no homem pela coerção social a desigualdade converge na construção da sociedade injusta que permite a exploração de um ser humano por outro.

terça-feira, 12 de maio de 2015

TI sua Verdade é a Pergunta

      Sabemos bem que, na matemática, se combinarmos dois conjuntos, sendo cada qual de dois elementos, obtêm-se quatro possibilidades, na TI se representamos o primeiro conjunto por {Projeto, Cliente} que combinado com o segundo {Pergunta, Resposta} diferente da matemática só tem uma possibilidade {Projeto. Pergunta - Cliente. Pergunta} as outras são simulacros em que o cliente perde e o projeto perde ou pelo menos um dos dois perde.

     O pior caso {Projeto. Resposta - Cliente. Resposta} enganamo-nos ambos contratados e contratantes, o cliente por buscar um conjunto de ferramentas informáticas que por si só resolva seus problemas, o que é impossível esta apenas pode lhe trazer eficiência no erro, fazer certo as coisas mal pensadas, quanto ao projeto a situação é mais constrangedora, construímos um castelo de areia respondendo a um negócio que apenas existe no imaginário dos projetistas sem possibilidade de aplicação prática nenhuma, logo a soma das duas atitudes só pode acelerar o fracasso de todos os envolvidos.

     Se {Cliente. Resposta} é sinalizado, independente da combinação feita com o projeto, o resultado de fracasso do aplicativo é inevitável, apenas vai aumentar-lhe a velocidade com a qual ele se gera problemas, está automatizando o processo errado e independente da qualidade com que é feito o software sua aderência a uma situação problema não é a solução sonhada, muito antes pelo contrário, é a antecipação da constatação de sua inevitável derrocada.

     Se {Projeto. Resposta} nas duas possibilidades de ação do cliente, o resultado será uma aplicação só utilizável se o cliente redefinir-se como um todo em busca do adaptar-se ao que lhe pensamos e propomos, esta mudança é inviável, pois tiraria o pé de apoio do cliente na base da sua operação que é a confiança no que se propõe como negócio, ele é empurrado para um dos dois caminhos, vai paulatinamente deixando de usar o aplicativo, o mesmo não lhe atende, ou desmantela o negócio por falta de convicção. 


     Não tenho dúvidas a única maneira de dar certo é {Cliente. Pergunta}, que com nosso auxílio ou não, analisa profundamente seus processos desenhando-os com clareza e transparência, medindo-os com indicadores que ofereçam o resultado projetado de sua história futura com base no seu passado e assim detectando todos os empecilhos no presente ao sucesso desejado, sua combinação com {Projeto. Pergunta} que é a nossa parte na solução, representada pelo esforço constante de entender o problema exato vivido pelo cliente para construir a ferramenta apropriada a transformar a dificuldade que este vive em uma solução de eficácia, fazer as coisas certas, que somadas à eficiência, fazer certo as coisas, lhe vai dar os resultados desejados desde sempre.     

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Trilha do Poder - O Início

     Para muitos a ferramenta é o início da trilha do poder:
    
     Aquela imagem espetacular do macaco descobrindo a ferramenta, e a partir da mesma abrindo espaço para todo o futuro da humanidade incluindo nesse sua capacidade de matar e é o que exerce de imediato no filme, como bem o vimos em “2001: Uma Odisseia no Espaço” trabalho brilhante dos autores Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke para definir o início de tudo.

     Prefiro pensar em outro enredo:

     Éramos nômades andávamos em grupos curtindo a terra propriedade de todos, comunidades que se relacionavam na busca da alimentação e procriação, ajudávamo-nos como maneira única de garantirmos esta comida que necessitávamos, defendemo-nos de inimigos comuns e procriando garantíamos a continuidade da espécie, nossos impasses internos no grupo eram resolvidos pelo consenso obtido na luta pela sobrevivência, o jogo era jogado com a demonstração clara do que um queria e a resposta pronta de obtê-lo ou não, a verdade do homem justa e soberana.

    Não entendemos nunca como se pode tomar aquele rumo, as coisas aconteceram muito depressa quando nos demos conta estávamos percorrendo a trilha do poder, alguém se separou marcou um pedaço de chão rico em alimentos e disse: "Isso aqui é meu", nunca mais tivemos paz, o poder estava estabelecido baseado na mentira, pois era sabido que a terra era de todos, começamos a nos dividir, uns de nós de imediato buscaram a escravidão de prontificar-se a ajudá-lo a manter sua posse, outros buscaram marcar outros espaços como seus, assim como terceiros começaram a planejar apropriar-se do que por outros tinha sido demarcado, a terra deixou de ser nossa e passou a ser de alguns.

     O monólito, seu enigma sempre presente nas mudanças importantes na evolução humana, pode servir a todas as mentes representando seus deuses próprios, pessoais, a serviço das teorias particulares de cada um, ou seja, não é uma incógnita e sim a oportunidade da livre interpretação por parte da humanidade dos seus paradigmas.

     Sim inventando o poder fomos obrigados a encontrar motivos para tal, alguém deveria justificar e nos outorgar o poder além da força bruta e criamos nossos deuses que nos abençoavam na prosperidade e com isso nos justificavam e em seu duplo papel atemorizavam nossos concorrentes humanos incitando-os à sujeição.

     Aberta a trilha do poder quais surpresas poderíamos ter a partir da atitude consciente de percorrê-la? Saberíamos contestá-la, o que nos reserva os passos seguintes? Em frente é o que nos resta como caminho a seguir, o enfrentamento é a primeira opção consciente do homem e a questão é onde ele pode nos levar...

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Encontrei Rousseau na Estrada de Fellini

     É particularmente agradável para mim assistir aos filmes de Fellini, ontem participando de um evento na Aldeia com um grupo de pessoas heterogêneo e particularmente interessadas em cinema tanto no ato de ver como no de conversar sobre ele, pude curtir "A Estrada" película deste cineasta admirável, e o foi conforme o esperado uma experiência prazerosa, enriquecedora e gratificante.

     Sei que estou me repetindo ao dizer que nunca vemos o mesmo filme duas vezes porque já não somos os mesmos, mas neste caso em especial influenciado pela leitura do momento em torno de Rousseau, pensador que tenho redescoberto em uma amplitude de ideias que não imaginava e que muito bem encaixam em meu momento atual, pois o encontrei muito presente neste Fellini de "A Estrada".

     O pensador suíço não falava de cinema, não é de sua época, mas falava de literatura e teatro, o que transpus para a sétima arte a sua defesa intransigente da obra não pretensamente universal e sim construída sobre a verdade local da vida, engajada com essa realidade do dia a dia de sua comunidade, credito o sucesso deste filme específico em todo o mundo estar particularmente ligado ao fato do mestre Fellini nos mostrar honestamente a Itália em que ele viveu. Sempre se disse de Fellini que ele era um contador de história com um imaginário construído em cima da realidade por ele vivida, nada mais Rousseau do que isto.

     Assim são os personagens de Fellini nesse filme, integrados a uma Itália devastada pelo pós-guerra: honestos, verdadeiros, definidos bem ao estilo pregado pelo criador do contrato social, o que nos permite reconhecê-los como parte presente em nossas vidas através das pessoas com quem convivemos, e nós percebemos com clareza a maestria do diretor em nos mostrar durante o desenrolar do filme a coerência de cada um deles com a personalidade psicológica proposta e sua evolução na passagem do tempo.


     Não poderia ter encomendado uma noite melhor, vendo muita gente bacana participando desse evento interessante, ver um filme e comentá-lo é sempre um grande programa, agora se falamos de Fellini e se este me traz lembrança do pensamento filosófico de Rousseau então terminamos com nota dez.

sábado, 2 de maio de 2015

A Questão Mulher e o Pós-Feminismo

     Não seria hora de revermos a questão mulher, o feminismo gerou seus efeitos vemos a mulher igual, inteira e livre tanto no pensamento dos homens como das mulheres, os primeiros tendo entendimento da situação de desigualdade e opressão que elas enfrentaram e as mulheres assumindo um novo posicionamento na sociedade, foi uma luta de um século e a vitória é incontestável.

     Em rodas de conversa consigo identificar um entendimento claro das situações de poder exercidas contra a mulher, a adesão é quase unânime ao repúdio da descriminação, não existe mais espaço para a aceitabilidade dessas situações, independente do sexo do manifestante, ocorre a cada dia um crescimento no número de defensores da igualdade, sendo digna de elogios essa mudança de comportamento e a devemos usar como arma para um nunca mais à discriminação de qualquer tipo contra qualquer grupo social.

     O aumento da consciência da igualdade entre sexos no seu posicionamento na sociedade é uma realidade que todos queremos e pela qual devemos lutar, entretanto me pergunto se não seria a hora do passo seguinte, toda a guerra tem um final, o seguimento natural desse caminho é o desarmamento, acredito deve ser este o momento dessa mudança, vamos nos desarmar.

     Não significa que as mulheres não mais serão agredidas, estamos em uma sociedade intolerante onde a agressão é parte integrante das atitudes das pessoas, mas a luta contra a violência não deve ser particularizada, pois se individualizo discrimino e assim enfraqueço o grupo social específico quer seja mulher, criança, raça, idade ou diversidade sexual, devemos denunciar toda e qualquer violência, o que nada mais é do que derrubar qualquer tipo de poder, pois esse sempre é uma impostura agressora.

     Quando falo em desarmamento refiro-me a ideia de evitarmos a paranoia de em cada atitude encontrarmos uma má intenção por parte de quem a toma, o que ocorre em minha opinião com muita frequência e está conduzindo as pessoas a cada vez mais abrirem mão de viver em troca de posições defensivas, que na prática se mostram atitudes de ataque contra outras pessoas julgando-as a priori como interessadas no nosso prejuízo sem lhes darmos chances de contestação.


     Em síntese vamos nos desarmar para viver a nossa inserção social inevitável no mundo cada vez mais globalizado onde existe maior proximidade entre as pessoas, de maneira mais prazerosa entre amigos, sem abrirmos mão de continuarmos a evangelizar a igualdade, a liberdade e o fim de qualquer tipo de poder.