sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Descartada Hoje a Sociedade Igualitária

     Na geração do descartável, me impressiona a facilidade com que catalogamos como inviável pensamento sociopolítico por resultados obtidos em situações não ideais de execução, o que não devia me surpreender, tem aquela antiga constatação de que a história é escrita pelos vencedores, e como tal dificilmente pode representar a verdade.

     A experiência comunista no leste europeu condenou todo um pensamento da inteligência universal sobre sociedade igualitária ao conceito de “não serve” para a humanidade, estancando um processo de crescimento filosófico que buscava justiça social e qualidade de vida e substituindo-o por uma adesão aos instrumentos de poder via uma sociedade de consumo, quando sabemos bem que o problema foi o despreparo dos participantes e de seus líderes para sua viabilização e não a ideia em si.

     Acredito que é inaceitável que alguém decrete uma sociedade de homens livres como impossível de ser estabelecida, de ser bem-sucedida, apenas por defeitos de implantação prática em primeira tentativa, sem derrubarmos os preceitos filosóficos que a compõe, o que até hoje não foi feito, o que vejo é apenas um retorno ao tema do pecado original, onde se decreta que os homens por natureza são incapazes de viverem em igualdade e paz.

     Em nenhum momento vejo considerarem que se teoriza sempre a frente do seu tempo, o inglês Thomas More com seu sonho refletido na utopia (1500), o suíço Rousseau e seu belo trabalho sobre o contrato social (1700), o alemão Marx com seu projeto revolucionário (1800) e o francês Sartre com seu compromisso de militância em prol da sociedade igualitária (1900) representam uma linha contínua de pensamento preocupada em viabilizar a sociedade igualitária tão sonhada, que merece evoluir em novas experiências reais.      


     Estes últimos cem anos de sociedade por definição injusta, preconceituosa e escravista tem feito o mínimo necessário para se manter no poder guerreando e proclamando o fracasso de quem a desafiou, e sua principal arma é construir um imaginário de impossibilidade prática de existência da sociedade igualitária, temos assim o centro do seu interesse, evitar a análise das causas do fracasso da tentativa para condenar a ideia.