Sangue Quente – Paixão

Saudade amor sempre fato de viver duplo,

Quando todo teu ser acontece em prazer,

Todo em mim escorre feito só gozo múltiplo,

Não tenho como evitar de sempre teu ser.

Meu céu inteiro simples pedaço tua boca,

Estrelas lambidas todas assim teus dentes,

Suave esfregar de língua sempre toda oca,

Sou assim teu completo em quaisquer das minhas frentes.

Misturados os nossos pegados suores,

Saliva minha alma toda para em ti morto,

Tremo arrepio amplo fundo sempre sem dores,

Amor estou ancorado perene em teu porto.

Todas as minhas águas só em ti se fundem,

Deságuo entregue ao doce salgado mar,

De alegre minhas lagrimas a tudo inundem,

Pela maravilhosa sina de te amar.

Entre decifrar e no todo se envolver,

Prefiro ser ato de completo entregar-se,

Não existe maior rota plena a resolver,

Longe dos braços enormes de tal catarse

Quando você remexe total assim dentro,

Cresce n'alma muita da boa esperança,

Coragem tem aí no puro lindo centro,

Feita linda, grande é então a sua dança.

Sangue Quente – Visões

O meu coração pleno ao teu adormecer,

É todo vigília aos teus tão nossos sonhos,

Sempre tento ser inteiro e te merecer,

Só existo se teus olhos são assim risonhos.

Vejo-me no vazio do tempo só teu,

Sigo passo a passo totalmente meu instinto,

Entregar-me em momentos de ser sempre seu,

Inebriado nos teus vapores me sinto.

Sendo assim você todo sol da minha noite,

Plena Soma as minhas alegrias tristezas,

Tu doce amor sempre o meu prazeroso açoite,

Trazer-me muito prazer são as tuas proezas.

É tempo momento de contigo viver,

Em ti sou só reencarnação do prazer,

Você faz felicidade sobreviver,

Impossível a mim outra satisfazer.

Lindas palavras que somam vida divina,

Sendo os atos que todos os dias refaço,

Contigo percorro subida amor colina,

Sendo completa a paixão é mais forte que o aço.

Não é de se poder é sim de em mim, viver,

Meu caminho é ladrilhado só por ti,

Não tenho outro momento do que o de te ver,

És o porto lindo do qual nunca parti.

Sangue Quente – Macho

Passam nossos dias de só puro delírio,

Repleto deste amor eu sou, assim todo teu Homem,

Pura assim minha deusa com jeito de lírio,

Alegrias infinitas minha alma tomem.

Estou hoje todo, nada, pleno, mudo, tudo,

Parte tua sou apenas o Homem sempre teu,

Meu coração responde em grande grito Mudo,

Pois tenho do melhor que o mundo prometeu.

Claro é como poeta apenas sou teu eco,

Claro é como Homem somente te completo,

Claro é tudo que tenho é tu amoreco,

Meu paraíso, o tenho só em nosso teto.

Eu queimo forte contigo nesta Fogueira,

Consumo-me inteiro em todos os meus sentidos,

A cada dia minh'alma é mais faceira,

E tem só você em meus sonhos mais queridos.

Converge todo meu corpo e a minha alma insana,

Estou centro do redemoinho deste Clímax,

Hoje me sinto completa síntese humana,

Com coração que dança debaixo do tórax.

Nós ocuparmos dois corpos o mesmo espaço,

É o destino grato que hoje nos abraça,

Adorando estar a viver em ti este laço,

Sempre muito feliz sou a obra da tua graça.

Sangue Quente – Fêmea

Tolo só é quem da vida plena abre a mão,

Entre palavras e seus sentimentos belos,

Transitam seus poemas e sempre não em vão,

Obra prima só a de corações singelos.

Quem ama como você sempre de alma pura,

Envolve a sua vida em grande furacão,

Sempre em nós e grande será nossa fissura.

Assim no centro estarás, oh minha paixão.

É tua dimensão inteira como Mulher,

Que espaço e tempo nenhum o pode conter,

O mundo pequeno é como uma colher,

Cresce muito só de lhe sentir e lhe ver.

Como não em tudo fosse assim a tua essência,

Vivenciar na pele todos os sentires,

Construída por inteira numa existência,

Onde felicidades tuas sempre mires.

Pensas que sob o azul existem os mistérios,

Talvez tenhas sim amor toda à razão,

Teu ser em mim esconde vários ministérios,

Só gostar de ti deságua nesta vazão.

Testemunha viva é desta liberdade,

Empenhado em junto ajudar a preservar,

Curto, rota sua, muitos homens cidade,

Buscando sempre nosso amor perseverar.

Sangue Quente - Corpo & Alma

Teu corpo em mim sempre escreve puros milagres,

Eu sei que imerecido sou de tanta graça,

Nada mais desejo transformado sou em grés,

Purificado no beber da tua taça.

Minha imagem afoita dança e te reflete,

Composto pelo puro Dna de tuas células,

Só teu corpo assim sempre todo me complete,

Transmutado todo momento sou em libélulas.

Minh'alma aquecida por tua linda luz,

Meu corpo incendiado é na tua carne,

A todos os desejos ante ti me expus,

Sempre teu amor fértil meu corpo completo arde.

Pleno em ti escondo feito sua tatuagem,

Minhas células são sim tua própria carne,

Teus gozos a mim todos os prazeres trazem,

Em ti a minh'alma para todo sempre encarne.

A minh’alma e todo meu corpo, só te completa,

Pleno, só sou quando na entrega a ti total,

Meus sentidos te têm como única meta,

És para mim o feliz prazer marital.

Amor na pele de ambos, assim tatuado,

Amor nosso longo beijo realizado,

Amor no corpo já tornado Sexuado,

Nosso amor todo corpo sempre misturado.

Sangue Quente - Renascimento

Escorrendo vívido em teus lindos encantos,

Sou sempre feliz deslizando as curvas suas,

Morrendo em ti, sem ter em mim nenhum espanto,

Renasço na luz das fertilidades tuas.

Dizer lhe  assim de pronto que estou você sempre,

Seria só o pecado de redundar,

Sempre nossos corpos só nascem do teu ventre,

Belo milagre que está a nos refundar.

Revolto-me na busca, encontro-me em teus braços,

Ressuscito refeito todo dia em ti homem,

Tudo em mim são apenas os sinais dos seus traços,

Desenhos dádivas tuas que nunca somem.

Não só mato como nós em mim ressuscito,

Todas as vontades plenas do meu viver,

Você é em mim o meu belo melhor grito,

Símbolo perfeito do meu puro querer.

Meu corpo ao teu jugo de todo padece,

Entregue vive repleto deste prazer,

Fundido inteiro ao teu sempre o meu enternece,

Eternas sejam tuas mãos a me fazer.

Na fenda profunda do teu ventre divino,

Embriago-me pleno em todos os teus sumos,

Expio-me curtindo o seu senso felino,

Transformando-me todo em um só humano humos.

Sinto-te Mulher

Teu ventre o desejo no homem pari,

Tua imagem despedaça trapaça,

Tuas palavras o jogam no Safári,

Dos animais indefesos para caça.

Sob teu signo forte frágeis todos miam,

Derrubadas são suas machas defesas,

Brinquedos do subconsciente espiam,

Sem saber submissos as tuas surpresas.

Respondem insensíveis palavras mortas,

Aos apelos, só teus de vida plena,

Falta lhes vida por isso linhas tortas,

Contrapõe tua poesia serena.

Libertas teu fogo se queimam sozinhos,

Mostras tua sede inertes se secam,

Não entendem mulher sem os pergaminhos,

De insuficiência sempre pecam.

Desarmado, de Peito Aberto.

     Morrer é por certo um exercício diário, todas as relações nos jogam ao encontro da morte do nosso orgulho, da extinção da nossa vaidade, destruição da nossa falsa sapiência, sempre caminhamos sem destino, o traçado de nossos passos temos que escrever momento a momento com a paixão que resume a nossa própria vida e particular morte.

     Morrer é por certo a fusão plena no outro no epicentro do furacão carnal, envolvidos em todos os tatos que nos arrepiam, embriagados dos vários cheiros que nos tonteiam, transbordados dos paladares que nos enchem a boca, transmutados por visões que nos perpassam e absortos dos ruídos que nos enlevam, onde nós deixamos de ser unos e distintos para explodirmos no momento em uma nova criatura onipresente.

     Morrer é por certo embebermo-nos dos pensamentos universais sintetizarmos em nós todos os romances já vividos na realidade da ficção, rimarmos no diapasão de todas as poesias por serem ou já escritas cuja sopa de letras simboliza os sentimentos que as compõe, sofrer n’alma as tristezas e alegrias do existir onde sempre seremos a síntese perfeita da humanidade.

     Morrer é por certo a construção permanente da utopia que nasceu desde sempre na nossa comunhão com todos os seres humanos os que deixaram e os que ainda terão seus passos gravados na natureza, sim esta que nos acolhe e cuja parceria nos impele para a transcendência a nos libertar do tempo em uma filosofia universal.

    Morrer é por certo vasculhar suas próprias entranhas, corpo e espírito, na busca eterna do conhecer-se o suficiente para amar-se acima de todas as coisas, e assim o sendo, esparramar como dádiva universal este amor sobre todos os seres vivos animados e inanimados na harmonia de um único corpo místico que compomos por destino.

     Morrer é por certo engajar-se por inteiro na guerrilha santa pela paz universal, combater com furor todas as guerras entre povos, todas as desavenças entre pessoas, todos os interesses pessoais de exploração e poder entre nós outros, buscando nós juntos a caminhada dos libertos que são iguais entre si nas diferenças.

     Morrer é por certo a vocação maior e insistente do ser humano em realizar-se como prazer e felicidade na contradição do nunca precisar e sempre viver no outro, desarmado de peito aberto e que assim o seja para todo o sempre.