Minhas postagens
nada mais são do que pistas para mim mesmo, sinalização de um alguém que talvez
eu tenha sido na ocasião do ato de escrever, nem disso posso ter certeza,
necessito deixar estas imagens, tal qual João e Maria, na famosa historinha
infantil, com suas migalhas de pão espalhadas pelo caminho, e se os pássaros
não as consumirem, eventualmente possam servir-me de espelho onde tente me
reconhecer ou no mínimo vislumbrar um reflexo dos caminhos que percorri.
Não tenho dúvida
nenhuma sobre a caixa preta que sou, mas o que importa é conviver com este ato contínuo
de desbravar a minha intimidade em busca de algo que se assemelhe à verdade,
pois como fruto individual de uma ficção, pelo menos a partir de uma decisão
autoral possa definir verdades que me representem.
Meu roteiro
preferido passa por esta sequência de ilusões que é o próprio fato de existir,
e nestas pequenas estórias que invento para mim mesmo, esconde-se a verdade que
por certo existe e que sou incapaz de visualizar ou compreender, mas a vivencio
mesmo correndo o risco de realizar-se como a própria negação de mim mesmo.
De todas as
luzes que persigo para iluminar-me o espírito, talvez a mais importante seja a
humildade, com quem reconheço me é muito difícil manter permanente comunhão,
esta consciência de que a adição de valor que a mesma acrescenta ao meu ser em
maturidade pessoal e em satisfação da necessidade de explicar-me, bem como o
seu poder de tornar-me mais inteiro provoca-me a revisão constante de minha
postura frente aos relacionamentos experimentados.
O fato de
escrever para mim mesmo, não altera em nada a satisfação que também decorre de ser
lido por vocês, pois imagino que vocês saberão ler-me muito melhor, suas
virtudes pessoais de leitor irão se somar a cada palavra, a cada parágrafo, e à
medida que passam os olhos por estes ocorre a transmutação em um novo texto,
que por sua riqueza só poderia ser escrito por vocês que me leem.