terça-feira, 28 de dezembro de 2021

O que Somos? Por Certo Excelentes Falsificadores do Nosso Passado.

 

                Como criadores de inúmeros espaços/tempo nós humanos podemos não existir, só para contrariar o mestre Descartes que diz que existirmos por decidir, me tenta muito a ideia de que seguimos sim todos os caminhos, com múltiplas versões de nós mesmos cada qual com seu espaço/tempo.    

 

                Assim sendo todas as versões do que chamaria de “mim Mesmo” se deparam com a mesma terrível questão “Serei eu o protagonista do meu existir”, ou mais terrorista ainda “Sou minha versão correta, verdadeira” o que definitivamente nos leva a concluir pela real inexistência de nós outros.

 

                Bom até aqui estou trabalhando com possibilidades, agora gostaria de avançar em direção ao título deste post, agora sim uma certeza conhecida de todos, reescrevemos eternamente nosso passado com a cara adequada há cada presente.

 

                O acaso e suas circunstâncias nos levam, em caso de legitima defesa própria, a falsificar constantemente nosso passado e mais grave ainda, esquecer as múltiplas versões Já feitas por nós mesmos em nome de uma verdade pessoal toda dirigida a melhor viver o momento presente e juramos a nós mesmos em nome dessa verdade criada agora e que certamente será solenemente negada no momento seguinte, sempre que este possa existir.  

 

                Isso me lembra o escritor perfeito cuja obra prima é tanto reescrita que sua publicação só ocorre com a morte, mas não somos só falsificadores da nossa história, somos também retocadores eternos daquelas fotos que catalogamos como lembranças, seu número é tão grande que sempre trabalhamos com uma quantidade ínfima também diversa conforme nossas necessidades presentes com os diferentes retoques que o momento necessita.

 

                No caso da lembrança a mágica é muito simples, pois como a fotografia sem volume, sem tempo, sem massa por si só se prova como inexistente, por mais que a procuremos nunca a encontraremos, com muita dificuldade, talvez em um grande esforço, possamos imaginar vestígios e adequá-los as necessidades de provar sua existência.   

 

                Já vejo alguém armado de cinco pedras célere a me contestar dizendo que pode documentar com testemunhas que seu passado descrito é verdadeiro, como se testemunha pudesse documentar algo que não viveu, a mesma não só não vivei o que dizes ter vivido como padece do mesmo problema o presente e suas circunstâncias é que embasa seu momento testemunho do qual também não pode ter certeza.

 

                Não estamos falando do que chamaríamos de má fé, menos ainda do que designamos de boa-fé, estamos falando de acaso e circunstâncias, sempre posto que pudéssemos acreditar em bem ou mal o que não consigo fazê-lo, no máximo consigo acreditar que existo, nem que seja como parte de alguém que exista de fato e meus momentos tanto são maravilhosos como terríveis sempre dependendo da minha versão que serei no momento seguinte.   

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Todo Final Tem a Grandiosidade da Morte.

 

                Como dizia o maravilhoso poeta Rainer Maria Rilke “Verdade é que cada um morre sua própria morte que é única porque feita do que cada um viveu e tem os mesmos olhos azuis que ele se azuis os teve.”, como tal cada final é próprio de quem e como o viveu.

 

                A eternidade é uma invenção, sempre como a vida o que começa termina em morte, inclusive pode representar um maravilhoso começo, não temo a morte, não temo o final, o vivo como uma celebração da vida vivida.

 

                Em cada poema, em cada escrito, em cada pedaço de vida, este morrer de um final tão somente é a alegria de tantas coisas maravilhosas que foram experimentadas, não há espaço para magoas, não há porque ter queixas a só a gratidão por tudo que o espaço de tempo em que foi vivido nos deu.

 

                Não há culpa na morte, não a culpa no final, eles são assim, tão somente mais um ciclo que cumpriu sua missão, foi vivido com suas alegrias e tristezas e esta soma de diversidades é o que nos permite ver felicidade, só me cabe sempre agradecer.  

 

                Por certo um final de uma relação, assim como de um livro ou de um filme, pode ter várias alternativas, ora felizes, ora alegres, ora tristes, mas sempre são o desconforto de uma morte o que não nos impede de curtir imensamente o vivido e sempre ser lembrado como mais uma obra prima.

 

                Seria uma luta inglória desrespeitar a finitude das coisas desafiando sua necessidade de concluir seu ciclo, não é o fato de chegar a este momento, apesar de nos dar uma certa sensação de que poderia ser eterno, que irá desmerecer tantos ganhos que tivemos durante o seu desenrolar.

 

                Roubando deste nosso mágico e inspiradíssimo escritor Proust a frase “Os prazeres e os dias” sim é tudo que conta e todos os personagens da nossa história merecem todos os créditos por eles terem acontecido.

 

                O que não vale é esticar um texto, acabado, completo e pleno em si mesmo, para apenas evitar seu fim e muito menos macular suas boas lembranças com uma desgastante busca de culpas e incompetências.

 

                Nossa simples condição humana, por si só, representa uma quantidade de imperfeições o que não nos diminui, ao contrário nos engrandece, permite transformar o que foi bem vivido em oportunidades de vive-lo melhor em outro espaço de tempo.   

domingo, 26 de dezembro de 2021

Jogo do Poder - Sexualidade Antropofágica.

  

Onde erramos? Quando transformamos nosso primeiro passo consciente em busca do prazer, a sexualidade, por que alimentarmo-nos e expelir os resíduos são prazeres que nascem com a vida, em um antropofágico jogo de poder.  

 

Este nosso encontro com a sexualidade lá nos primórdios de nossa infância é um ato claro de vontade e consciência, representa a descoberta de nosso corpo, dos sentidos, e do prazer que nos possa dar e como tal deveria no encontro ao outro servir a construção mutua de felicidade.

 

Cooperar com o outro para buscar o prazer juntos, em suas diferentes formas, respeitando as particularidades de cada um deveria ser um dos principais caminhos via sexualidade de encontrarmos o melhor de nós mesmos.

 

E o que vemos hoje no dia a dia é a transformação do sexo em uma competição pelo poder, as relações cada vez mais se tornam insatisfatórias pois o jogo da submissão exige perdedores e sempre traz para o possível vencedor a sensação de insuficiência o que força mais opressão.

 

Por certo neste momento de êxtase é onde mais aparece nossas inúmeras imperfeições, sim porque o que nos define como humano é o conhecimento continuado de nossas limitações, se o transformamos em uma construção conjunta saímos melhores, mas sempre que competimos, como que em estado de guerra, nos diminuímos todos.

 

Bom, não é difícil de entender, se traçamos para todos os atos de nossa existência a competição e o consumo porque não o faríamos ao exercer nossa sexualidade, infelizmente também ela faz parte do ato de transformarmos nossa existência em um jogo de poder.

 

Então o caminho passa pelo esforço pessoal de reeducação, precisamos nos reposicionar sobre o que é ser humano e principalmente sobre o que é viver como ser humano, o que pode então recuperar nossa vocação primeira que é a de ser prazeroso e feliz, assim o fazendo podemos transformar todas as ações de nossa vida, a sexualidade inclusive, em momentos presentes de intensa satisfação pessoal e comunitária, ou seja o encontro com uma humanidade melhor.

 

A humanidade merece ter mais paz e harmonia, merece encontrar uma vida comunitária mais construtiva e com isso sermos todos seres humanos muito melhores, isso não é uma utopia é na verdade uma vocação.           

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

A Curiosa Mistura entre Sonho e Desejo.

 

                O que pode um educado, cooperativo por isso desajustado social, anarquista por saber que todas as organizações se baseiam no jogo do poder, ateu por acreditar demais no Homem e na humanidade, desejar senão um grande silêncio na alma.   

 

                Sim este silêncio d’alma se explica por uma inoportuna confusão, ou mistura, entre desejo e sonho, como explicitar em palavras o que a priori não pode ser entendido por quem quer ouvi-las.

 

                O desejo é tão simples e tão difícil de ser conseguido, que facilmente se confunde com o ouro dos tolos, ser melhor e ajudar os que o cercam serem melhores e assim alcançarmos uma humanidade mais igualitária, fraterna e justa.

 

                As dificuldades começam pela palavrinha impertinente, melhor, o que realmente é ser melhor, por certo este é um mistério que nós portadores do livre arbítrio vamos pesquisar eternamente no nosso presente vivido, aí já começa o sonho decidir sempre pelo nosso melhor.

 

                Avançado um pouco nos damos conta que esta decisão pelo melhor sempre envolve o outro que também dentro de suas altas potencialidades e como não de suas dificuldades, assim como o somos nós mesmos, também convive com a dificuldade de entender.

 

                Quando somos competitivos fica fácil falar de desejo, podemos estabelecer metas a serem medidas e que em nosso mundo interior nos diferenciaria do outro, estabelecendo uma hierarquia de poder que conferimos a nós mesmos.

 

                Não consigo me encontrar na competição, sempre que olho em direção ao outro encontro a mim mesmo e retorno a velha questão como posso ser melhor e encontrar prazer e felicidade em mim mesmo e que este encontro em mim se propague aos outros.        

 

                Então reside aí nestas questões a dificuldade para responder a uma pergunta tão simplória, o que desejas? Em verdade não desejo, sonho viver este eterno presente sempre sendo um pouquinho melhor, por mais insignificante que seja esta distância ao meu presente anterior.

 

                Este é um desafio permanente que por si só justifica o ato de viver.    

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Jogo do Poder - Repaginação dos Feitores de Escravos.

 

                Ano após ano, décadas se sobrepõe, séculos substituíram séculos e o quadro que vemos pintado na humanidade é o mesmo, mudou a cosmética, mas em sua essência o que vemos é uma minoria, bem assessorada por feitores, escravizando a maioria.

 

                Por certo hoje os feitores não tem mais aquela imagem de revolver na cintura e relho nas mãos, menos ainda os escravizados estão atados por correntes de ferro e grilhões, mas o funcionamento permanece o mesmo com a utilização de sofisticadas tecnologias.

 

                A sofisticação da autoridade em nada altera o efeito rebanho na grande maioria submissa, para tal os escravizadores contam com os feitores transvestidos de influenciadores na sociedade globalizada e como os de antigamente vivem das migalhas da mesa para fazer o trabalho sujo necessário ao abusivo acumulo de riqueza.

 

                Estamos cheios na rede global de difusores da autoajuda, a ideia básica é manter com um nível mínimo de satisfação pessoal o seu publico trabalhando no que não gosta para traduzir este esforço em consumo dirigido a alimentar a concentração de renda.

 

                Não podemos esquecer nunca o papel triste exercido pelos motivadores do consumo á seduzir o grande público a conquistar prazer e felicidade com a última versão tecnológica de cada item que em sua versão anterior já se mostrou incapaz de fazê-lo.

 

                Criaram-se inúmeros mecanismos de vender necessidades, que por sinal se mostram incapazes de funcionar como tal, e os novos feitores tem como serviço a ser remunerado por este esforço continuo de convencimento.

 

                Por óbvio não poderíamos aceitar que em pleno século XXI as pessoas pudessem responder positivamente ao autoritarismo direto exercido no passado, hoje se exige-se mais sofisticação e por isso mesmo os novos feitores estão transvestidos de comunicadores, líderes religiosos, políticos, influenciadores e aplicativos, aos quais se exige da população uma fé cega de seus postulados a serviço dos acumuladores de riqueza que são seus reais beneficiários.

 

                Quebrar esta cadeia é um imperativo para derrubar o autoritarismo, está na hora de romper este jogo de poder que coloca na mão de poucos toda a riqueza e tem a seu dispor estes serviçais da manipulação da vontade da grande maioria da população.          

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Jogo do Poder - Sobre o Criatório.

                Apesar das diversas mutações são três os principais personagens do jogo do poder, o autoritário obsessivo pelo poder, o submisso e o rebelde. Para formarmos cada um destes modelos de comportamento temos aperfeiçoado no tempo a organização que chamamos família.

 

                Não se iludam pensando que não goste do conceito de família, gosto e gosto muito, apenas como estrutura foi aparelhada para servir ao jogo do poder, funcionando como criatório de seus principais jogadores.

 

                Todos os experimentos do autoritarismo paternalista são em tal espaço executados, formando o perfil de cada um dos seus membros e influenciando definitivamente no comportamento que os mesmos terão na sociedade em suas diversas atividades desde o lazer até o labor.

 

                Se toco neste tema é pela necessidade de revermos imediatamente o funcionamento do núcleo familiar criando uma estrutura que funcione de maneira colaborativa e com isso desenhando novos perfis mais construtivos capazes de atuar em uma sociedade mais justa e igualitária.

 

                Não temos ilusão de que esta reengenharia não se faz por decreto e por certo tem um bom tempo para realizar-se, mas urge discuti-la, e enfrentar as várias organizações que continuam influenciando às famílias á manterem este modelo autoritário de convivência.

 

                Este é um debate que a sociedade tem evitado de realizar, tem tratado tão somente por leis repressivas moderar o jogo interno de poder, e o que deveríamos mesmo é discutir na base os comportamentos familiares com intuito de ajudar no nascimento de uma nova estrutura familiar mais adequada aos individuas e a sociedade.

 

                Está aí um bom desafio que o mundo poderia enfrentar, reconstruir a sociedade á partir de um novo individuo criado em uma nova família, inevitavelmente se insistirmos em propagar autoritarismo em nossas famílias o estaremos reproduzindo nos governos e em todas as instituições sociais.

 

                Não existe receitas pré-concebidas para esta operação, é um ato de criação, algo que o homem tem vocação e pode exercer desde que haja manifesta vontade de fazê-lo, então nos resta dar o passo inicial e pormo-nos a enfrentar de público o problema.            


quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Não Sou o Que Você Acredita Que Precise.

                Não sou o amigo menos ainda o inimigo que acreditas que precises, não sou o amor nem o ódio que pensas que necessites, não sou o pai tampouco o filho que imagines lhe faltar, não sou o bem ou o mal que lhe possa afetar, e a pior noticia é que ninguém o é.

 

                Sou, você é, todos somos simplesmente uma porção de vida, muito própria, muito particular e como tal movimento constante no dia a dia á nos afetar e influenciar, todos invadem nosso espaço particular enquanto como contrapartida penetramos no íntimo deles também.

 

                Não há como evitar esta indesejada interferência de nós na humanidade e desta em nós, até porque sem ela como espelho nosso, de cada um de nós, deixaríamos de ter a noção de espaço e tempo e nos reduziríamos ao nosso principal enigma “o que realmente somos”.  

 

                Toda a ilusão definidora de valores que me atribuo, nada mais são que sombras do que realmente sou construído sob a luz que transpassando a mim vejo no outro, ou seja, tem valor apenas para mim sem nenhum significado para o outro.

 

                Andamos neste vai e vem a colidirmos entre nós em metamorfose constante, nada que nos assuste pois isso é viver, a ponto de não nos reconhecermos no que fomos instantes atrás e nem o poderíamos, pois, este ser “dos instantes atrás” já morreu para sermos o presente, vivemos esta morte e ressureição permanente.

 

                Sendo assim como o é, misterioso, inexplicado e indefinido, cada um de nós viventes só pode ancorar a vida em outro igual a nós, como farsa, como ficção, somos uma grande diáspora, uma grande torre de babel, tudo o que podemos entre nós é ser solidários no grande desconhecimento que temos a nosso respeito e do outro.   

 

                Cabe a cada um encontrar sua própria receita de existir, sempre respeitado essa necessidade do outro de também encontrá-la, sem a prepotência de indicarmos caminhos, sem a insensatez de definirmos leis e verdades universais, estar juntos significa acima de tudo um profundo auscultar-se a si mesmo reservando a nós e só a nós mesmos qualquer julgamento.

 

                Por certo não podemos optar por abdicar da vida social, por esta ser uma vocação inata do ser humano, mas nela devemos viver e respeitar completamente a individualidade de cada um para que a possamos chamar de um estarmos juntos.                

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Réus de nosso próprio Julgamento.

 

                Não temos escolha, o passar dos dias nos expõe continuadamente ao nosso próprio julgamento, mesmo quando creditamos a outrem atos inadequados a humanidade e a natureza, o estamos fazendo em relação a nós mesmos.

 

                Sempre divididos entre nossa vocação de lançarmo-nos ao outro e a liberdade da solidão creditamos-lhes culpas que são nossas, apesar de sistematicamente negarmos, bem sabemos que não há nenhuma possibilidade de nosso equilíbrio pessoal ser afetado por quem quer que seja.

 

                Os próprios acasos da natureza nada mais são do que expressões naturais que nos obrigam a reagir, a expressarmos plenamente a vida que em nós existe, se pretendermos cataloga-los como culpados apenas estamos fugindo de nossa responsabilidade.

 

                O duro trabalho de desvendarmos o que realmente somos é facilmente desviado pela observação do outro, quando bem sabemos que este é o espelho onde melhor nos vemos, inventamos-lhes perfis, implacáveis ao carimbar lhes rótulos, esquecemos de olharmo-nos.

 

                Neste descompasso entre o outro distrair-nos de nós mesmos e o entendermo-nos melhor, na analise das consequências em nós acontecidas por ocasião do encontro com o outro está a decisão entre sermos sujeitados ou sujeitos.

 

                Só homens livres podem andar juntos, quem não o for é um simples ator destinado aos dois únicos papeis ora dominador, ora dominado, nas diversas relações que estabelece, e para sermos livres obrigatoriamente devemos nos desapegar desta indesejável herança de milhares de anos da nossa espécie.

 

                Se fosse fácil não estaríamos em grande quantidade funcionando pela vida como rebanho, repetindo slogans que não validamos conosco mesmo, esta imersão em um ativismo que busca o movimento constante como forma de abdicarmos do pensar nos leva a uma vida vegetativa, onde o universo acontece na gente e não nós no universo.

 

                Olharmo-nos mais quando sozinhos ou acompanhados pode ser o único espaço para desbravarmos esta quantidade de mistérios que este universo desconhecido representa, há vida por toda a parte e como tal se manifesta, é um enorme sistema de trocas e tão somente entendermos como elas funcionam conosco pode iluminar nossos caminhos.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Vida e Morte, duas Faces da mesma Moeda.

 

                Vocação impressionante para prepotência é o que temos como humanos, apesar de sermos um eterno tombar da moeda cujo acaso elege a morte ou a vida, nos aprumamos em orgulhos de beleza, inteligência e poder entre tantos outros fascínios que construímos para nós mesmos como se donos fossemos da humanidade e da natureza.

 

                Nem perto estamos ainda em desvendar o que é viver e já nos alçamos em direitos de propor, recomendar e autoritariamente conduzir outrem as nossas frágeis receitas de bem viver, claro que são apenas distrações da nossa incapacidade de compreendermo-nos, assim renunciando a própria vida.

 

                Estamos construindo estas relações viciadas em influenciar os outros vendendo como verdades, mentiras nas quais fingimos acreditar, tudo em busca de pequenas vantagens que nunca nos irão satisfazer, pois pecam pela raiz que é o competir, na versão brasileira tirar vantagem de tudo, quando deveriam ter como base o colaborar.

 

                Encontrar juntos caminhos, este ato poderoso de descobrir, é talvez a principal vocação a ser despertada em cada um de nós, como desnudarmo-nos desta veste competitiva e consumista e vestirmo-nos do poder criador, parece ser o grande desafio do momento para trocarmos esta humanidade doente por uma sadia.

 

                Não existimos para tão pouco que nos servem estas pequenas vaidades, virar tudo do avesso, rescrever nossa história, a transvaloração dos valores é a pauta do dia e tal esforço exige que nos agrupemos como seres livres dispostos a caminhar juntos.

 

                Dobrar o tempo, construir nosso presente é obra que urge ser consumada e depende do esforço de toda a comunidade humana, chega de nos destruirmos, chega de nos humilharmos, vamos juntos construir o momento da humanidade universal, sem falsos orgulhos e com a humildade de quem sabe que tem tudo a descobrir e muitíssimo a criar no universo.  

 

                Não necessitamos de exércitos, não dependemos de deuses, não nos subjugamos a verdades criadas em ficção, a liberdade e a justiça são os grandes marcos dos possíveis novos tempos, não a utopia dos pós morte, não aos arautos de verdades nunca comprovadas, não ao acreditar por acreditar, e sim há criação do novo homem.