domingo, 24 de dezembro de 2023

É Muito Privilégio (Ter Tantos Natais Felizes), Muito Triste (Ver Tantos Sem Natal).

 

               Não consigo me lembrar de um ano sem um lindo Natal na minha vida, nasci e cresci cercado por carinho, o ponto mais alto de todos os que me amaram, todos dando seu melhor por um presépio, arvore de natal, um papai Noel, uma ceia e também presentes.

 

               No início, primeira infância, apenas enfeitiçado por este dia cheio de atividades, cujo ápice era ver aquela bela arvore de natal e o bom velhinho (Papai Noel que ainda não identificava com uma das pessoas que me amavam) tirando dela os mágicos pacotes de presente para distribuir entre os que a cercavam.

 

               Avançando nos tempos, já na infância, tínhamos dois grupos trabalhando para a felicidade de todos, nós a gurizada (meus irmãos e meus primos) construindo uma apresentação com poesias, cantos e representações, enquanto os adultos (avós, pais e tios) preparavam a ceia e os presentes no entono da arvore de Natal.

 

               Bom era tudo muito simples, com guloseimas e comida feitas com próprias mãos dos que nos amavam e presentes dentro dos padrões de famílias construídas com muita luta para ter uma vida digna e buscar a felicidade.

 

               Os anos passam, mas o que aprendemos vivemos, chegou minha vez de gerar esta mesma alegria agora para filhos e sobrinhos, o guri bobo continua dentro de você, olha que muita alegria me deu colocar filhos e sobrinhos dentro do carro e desfilar pela zona sul de Porto Alegre a cantar feliz natal para todos que encontrávamos a medida que contemplávamos as casas enfeitadas no caminho.

 

               Então é muito privilégio poder curtir uma vida tantos momentos felizes, porém em nenhum momento consigo esquecer a quantos essa felicidade é negada, o que me deixa sim aborrecido pela minha incapacidade de resolver.

 

               O momento atual em que se encontra a humanidade aumenta muito esta divisão entre felicidade e tristeza, pois cada vez tiramos mais de quem pouco tem e não satisfeitos com isso hoje estamos matando pessoas por nos julgarmos, sem mais nem menos, do que no direito de fazê-lo.

 

               Todo este privilégio desmorona ao contemplar tanta injustiça, tanta falta de humanidade e agora em especial com esta nova casta, tanta crueldade, urge reencontrarmos nossa humanidade não só para salvar o planeta como e principalmente para salvar a humanidade que hoje é o seu principal predador.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Forma, Forma que deforma.

 

               Caminhante me deparo dia a dia com vultos, encontro-os frente aos meus passos, encontro-os avançando em minha direção, cada qual soma detalhes, sempre tão diferentes, expressando belezas diversas.

 

               Está aí um momento mágico, cada vulto torna-se uma beleza particular, são formas muito diferentes, é a diversidade de cada um de nós, e como são belas no seu conjunto único.

 

               Humano, por certo cada um destes encontros, representa uma paixão de minuto, paixão esta que vive na oportunidade e se despede dentro da gente na imediata busca da outra que nasce com o acaso do próximo encontro.

 

               Tanto insistem em programar formas perfeitas destinadas a enquadrar os outros em padrões pré-programados, que nos distraem da beleza de cada um em busca dos defeitos em relação a forma idealizada.

 

               Estas molduras, ditas perfeitas, nada mais são do que a necessidade de criar desejos, e assim satisfazer as necessidades de uma sociedade dirigida ao consumo, na prática, escravizam quem vê e quem é visto, condenando-os a uma insatisfação permanente.

 

               As obras de arte espalhadas pelo passar dos tempos, com seus artistas maravilhosos a descrever o padrão do seu momento na civilização a qual pertence, nos aponta para esta diversidade da beleza.

 

               Poder estar absorvido desta multiplicidade de formas belas compostas por diferentes idades, raças e gêneros é uma benesse conquistável, sempre que se esteja liberto do colonialismo dos padrões pré-definidos por necessidades do sistema.

 

               Nós almejamos o belo e este nos cercará por todos os lados, sempre que possamos olhar sem os filtros do preconceito, ao nosso alcance há um paraíso ao qual podemos definitivamente aderir por vontade própria.

 

               A desconstrução do pré-conceito é uma tarefa de vida toda, não podemos esquecer que já o carregamos desde o nascer com toda a força que a genética da ancestralidade exerce sobre nós, ampliada na sequência pelo autoritarismo da educação dita civilizatória.       

 

sábado, 9 de dezembro de 2023

Sou Muito Pouco para o Muito que sois.

 

               Sem precipitação adianto que o meu muito pouco não é menor nem maior do que o seu muito, estamos tão somente tratando das intersecções entre teus e meus desejos com o modelo de desejos oferecido.

 

               Como construir uma sociedade de consumo sem modelar um conjunto de desejos e trabalhar freneticamente para que os mesmos sejam parte do modelo mental da maioria dos seres humanos.

 

               Então voltando ao primeiro parágrafo, meu muito pouco é a falta de aderência a este pré-fabricado modelo de desejos e o seu muito é a opção sua pelo mesmo, resulta que na vocação de ambos de lançarem-se um ao outro ficamos em dificuldade para seguir um mesmo caminho lado a lado.

 

               Somos seres vivos com uma incrível condição de adaptabilidade, tanto as condições naturais como nas construídas pela própria humanidade, mas todos nos adaptamos de maneiras diferentes particulares de cada um.

 

               Por princípio a infância, a pré-adolescência e está ultima em particular imprimem um modo operante que vamos levar a partir dos tempos como guia comportamental para enfrentarmos os diversos acasos do porvir.

 

               As décadas 50/60/70 foram propícias a desenvolver indivíduos de perfil anárquicos e revoltados, como fruto de grandes mudanças do pós-guerra e este time se adapta ao controle social dos desejos estabelecidos a partir de 80, questionando-os um a um, portanto como consequência rejeitando a maioria.

 

               Esse processo por certo os torna recessivos ao mundo de consumo, conseguem compreender perfeitamente as necessidades do outro, entretanto há não ser sob farsa, não conseguem viver o que não acreditam.

 

               Continuamos insistindo que não há melhor ou pior nestes diferentes comportamentos, são apenas as diferentes faces dos seres humanos no existir e que por certo temos que valorizar com muito respeito.       

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Viver, Sim uma Superposição de Máscaras.

 

               A primeira delas é a que uso para me ver, afinal o que sou? Como sou? Modelo está máscara no dia a dia, enquanto vou me expondo as circunstâncias, lógico que preciso dela senão não poderia viver.

 

               Por certo alguns optam, por medo de se expor, a adotar um daqueles padrões de máscara que lhe vendem o que lhes permite evitar existir, cumprem um mandato de fé.

 

               À medida que vamos, vocação do ser humano, participando do encontro em direção ao outro, novas máscaras são necessárias em acordo com os diferentes grupos sociais dos quais participamos.

 

               Não vamos pensar que aí há um erro, é apenas uma exigência do sobreviver, precisamos sim definir uma imagem perante aos outros, mesmo porque admitir que não sabemos quem somos tornaria nós frágeis demais para o viver.

 

               Importante é sabermos que cada uma destas máscaras é em verdade uma análise importante de como reagimos as diferentes circunstâncias, em síntese um ato de autoconhecimento.

 

               Na pós-modernidade, no que chamamos me mundo globalizado, defende-se a tese que as pessoas estão super expostas, vejo muito mais um grande baile de máscaras ou desfilam cada qual com a sua preferida conforme suas necessidades particulares.

 

               Somos compostos de três ingredientes importante, dentre tantos outros, o afeto, o medo e o desejo, para equalizar estas necessidades expomos a máscara adequada.

 

               Lá no início já sinalizei quanto a inexistência de qualquer problema em relação a estes procedimentos, defendi que é o que propicia a pessoa que somos em essência a cumprir os rituais do viver.

 

               Por certo em nada me agrada quem não construiu sua própria máscara, optando por adotar uma terceirizada, quanto aos outros é o que chamamos processo de conhecimento próprio que é vital.        

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

A Nuvem Rosa a Eterna Luta entre Resiliência e Submissão.

 

               Atrasado pois A Nuvem Rosa é um filme de 2019, assisti ontem e gostei! Parabéns Iuri Gerbase pelo Filme! Parabéns Renata pela atuação! Estamos cercados por nuvens rosas sendo constantemente testados em nossa resiliência, triste por encontrarmos tantos submissos nestes nossos tempos atuais.

 

               Os caminhos internos do meu pensar, de imediato me levaram a fazer um paralelo com a luta de Julian Assange, por coincidência também já dura dez anos, e também dos palestinos bem mais longa nos seus setenta e cinco anos.

 

               A diferença entre os dois personagens principais é gigantesca, enquanto a heroína busca por todos os lados caminhos, vivendo sim as circunstâncias, mas nunca se sujeitando as mesmas, seu parceiro submete-se quase ao ponto de transformar a nuvem rosa em uma divindade.

 

               Este caminho da sujeição tem um efeito colateral, um pensamento totalitário, exige de quem por circunstância convive com ele que também curve a espinha dorsal, exige obediência ao mesmo papel de escravo de sua fé nas circunstâncias do momento.

 

               Por todos os lados, cada vez em maior número, estamos cercados por nuvens rosas, criam-se múltiplas circunstâncias para traçar um caminho único para cada um de nós, sempre á serviço de uma elite minoritária, que por sinal hoje se tornou impessoal.

 

               Um conjunto de ideias, tão abstrato como a nuvem rosa, estabeleceu-se através de uma hierarquia de submissos cujo principal objetivo é combater a resiliência e destruir qualquer resistência.

 

               A recompensa dos submissos é similar ao dos animais confinados ao abate, são bem alimentados para engordarem e cercados para evitar movimentos desnecessários, em síntese que se resignem para a inutilidade se sua vida para si mesmos.

 

               Assim como a heroína do filme, também faremos movimentos que a princípio não desejaríamos por força das circunstâncias, mas sempre questionando-os e buscando soluções com o intuito de harmonizar nosso eu interior com as adversidades propostas.

 

               A vida é para nós uma história com final aberto, como o final do filme, estaremos sempre no encontro da liberdade e seu desafio a morte.          

terça-feira, 7 de novembro de 2023

Narrativa de pureza e liberdade - Os Homens que Eu Tive.

               Tereza Trautman, como um filme desta beleza não seria escrito e dirigido por uma mulher, retrato de uma alma pura, honesta e livre, uma dádiva assisti-lo.

 

               Na época 1973 a diretora tinha 22 anos, sua protagonista era para ser a magnifica Leila Diniz, infelizmente faleceu antes da filmagem, mas a vejo como fonte inspiradora desta magnifica ficção da diretora, por certo havia uma aproximação de almas entre as duas.

 

               Obvio que o filme foi perseguido pelo patriarcado e seus principais representantes na época a ditadura militar, o que foi uma história linda na cabeça deles virou pornografia, e infelizmente privaram a população por dez anos de refletir sobre este tema.

 

               Brilhante iniciar o filme com a mesma sequência do final, onde como ponto de partida se propunham todos os questionamentos e na finalização a mesma cena explica todo filme, ela ia ser mãe de seu filho e seus parceiros estariam ao seu lado.

 

               A honestidade da protagonista é algo fora de série, sempre interpretando suas necessidades interiores, assumindo-as sem nunca deixar de preocupar-se com os homens com quem esteve envolvida, talvez isso seja no filme a imagem perfeita da liberdade e todas as responsabilidades que ela acarreta.

 

               Vejo na sequência onde ela se retira da vida do homem a quem ama naquele momento, partindo para o isolamento na casa da amiga com os filhos desta, aguardando a reconciliação entre o antigo e o atual como único caminho possível para se dar o direito a felicidade um dos pontos altos do filme.

 

               Toda a narrativa idealiza a relação entre as pessoas, esta honestidade consigo mesmo e partilhada com todos os parceiros da sua vida é a marca maior do filme é um verdadeiro ensinamento do que é uma pessoa livre.

 

               São cenas lindas a solidariedade com a amiga, seu envolvimento com as crianças filhas desta, sua honestidade quanto a dificuldade de ter uma vida com um foco em uma só pessoa exposta honestamente com seus parceiros.

 

               Em síntese vivia o amor profundamente sem abrir mão de gostar e se preocupar com todos os outros com quem partilhava sua vida e não escondia isso de ninguém, uma mulher livre e poderosa assim só podia assustar nosso conservador patriarcado. 

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

O Filme, um só Plano Sequência.

               O diretor põe as cartas na mesa, são só três, primeira o plano sequência termina na morte do protagonista, segunda não há roteiro é decidir e assumir, terceira o protagonista é o próprio diretor.

 

               Pode parecer insano, mas é lucido por demais, não é um documentário, mas é a ficção mais espetacular, o ato de viver, uma verdadeira experiência libertária com todas as suas consequências.

 

               O cenário o planeta terra que acompanhado de todos os figurantes, a sociedade humana, vão gerar as circunstâncias frente as quais o protagonista vai continuamente, a lá Descartes, decidir e assumir seu rumo.

 

               A vantagem do plano sequência único e a imersão completa de todos que compõe o público no seu próprio drama/paixão que é o existir, usufruindo assim sua potência de super homem.

 

               A não existência do roteiro só se justifica por uma pré-condição imposta ao protagonista, despir-se das injunções que desde antes de seu nascimento a civilização tenta impor ao seu pensar, ao seu existir, como movimento de busca permanente.

 

               A ideia é simples, uma experiência de solidão que não esteja descomprometida do afeto exigido pelas suas decisões em relação ao outro como realização de si mesmo.

 

               Obviamente não teremos fracassos e sucessos, pois ambos são um mesmo fator de prazer do viver, cada passo é tão somente um passo, sem rótulos pois estes nada mais são do que pré-julgamentos de quem não é livre e não aceita a liberdade do outro.

 

               A vida é por si só prazerosa e feliz, sempre estamos a ganhar em espaço/tempo quando decidimos e assumimos por nós mesmos, neste processo estaremos sempre a descobrir e com isso realizando nossa vocação.

 

               Este sonho de realizar seu próprio filme está ao alcance de todos, mãos a obra, vamos buscar nossa paz e com ela agregar paz e felicidade a humanidade.   

  

sábado, 14 de outubro de 2023

Guerra, momento lúdico do poder.

 

               Alguém imagina que estas guerras já não iniciaram com ganhadores definidos, tanto Rússia quanto Israel já as ganharam antes de inicia-las, mas como todos sabemos o grande ganhador é a indústria armamentista que precisa expor seus brinquedos em ambiente mais próximo do real possível.

 

               Só não temos uma outra na fronteira da China porque esta tem tido uma cautela impressionante em fugir destes jogos belicosos para manter foco no seu desenvolvimento interno e nas suas relações internacionais.

 

               O mais impressionante é que os raciocínios desenvolvidos para apoiar um dos lados em uma das guerras servem para ser exatamente o oposto na outra, como é um brinquedo entre os poderosos a contradição é defendida sem nenhuma preocupação com a coerência.

 

               Envolve-se a opinião publica á tomar partido em algo que por natureza é doentio, usando o fabuloso mecanismo de construção de verdades com seus influenciadores na mídia e nas redes sociais pagos em boa moeda.

 

               Os sacrifícios que todos fazemos para manter a indústria da guerra, com seus altíssimos orçamentos militares e a quantidade de vida humana desperdiçada são considerados louváveis em nome de doutrinas que nunca se justificaram.

 

               Desde que o homem inventou a cerca, assumiu como seu o direito de estendê-la sobre as terras do vizinho, e assim construiu o direito a matar em nome da propriedade, da pátria e da família.

 

               Tanta gente de boa vontade, amantes da paz, já defenderam o fim das cercas, mas como exercer o poder sem mantê-las, o poder necessita delas para exercer seu despotismo e explorar o seu próximo.

 

               Na década de sessenta do século passado avançamos muito no questionamento destas tendências belicosas, porém os mecanismos de poder foram rápidos em absorver esta rebeldia e criaram mecanismos de sujeição da maioria potentes que hoje nos acorrentam e os mantém.

 

               Mais do que nunca está na hora de estabelecermos um forte questionamento de tudo que está aí exposto como civilização, precisamos acabar com a indústria do direito a escravizar o homem pelo próprio homem.            

sábado, 7 de outubro de 2023

Pensamos Vida com Prepotência

 

               Onde estamos, neste canto de universo que conhecemos tão pouco, pretendemos que a vida seja o marco a ser buscado por todos os cantos, isso é prepotência, somos fascinados por imagens a nossa semelhança.

 

               Na própria interpretação dos seres que compõe nosso modesto planeta nos falta ainda tanto a descobrir, pensando no universo como um todo há uma inimaginável quantidade de descobertas a serem realizadas.

 

               De fato, permanecemos fiéis aos tempos em que afirmávamos que tudo dependia da terra, centro do universo, assim como nós centro da criação, constantemente desmentidos, apenas atualizamos a nossa prepotência.

 

               Mesmo dentro de cada um de nós seguimos analfabetos ao desvendar o que são nossos sonhos, como funcionam os mecanismos de nossos desejos, e principalmente que forças podemos ativar em nós mesmos.

 

               Uma bagagem cultural genética tem nos sido transferida de geração em geração, nos impedindo de abandonarmos a servidão a postulados que nos impossibilitam atingir a liberdade, nos ensinam a depender como razão de viver.

 

               Quanto mais acorrentados a verdades menos lucidez teremos, como perceber forças poderosas que por certo existirão, se não nos libertarmos dos dogmas que nos fazem parecer superiores.

 

               Por certo somos importantes, como todo o universo é, estar disponível para experimentar outros movimentos importantes é um primeiro passo para desvendarmos estes múltiplos mistérios que nos cercam.

 

               Todo o conhecimento como processo exige questionar premissas pré-existentes, pois são apenas imagens de momentos, serão substituídas por novas fotos em outro instante, quanto maior o espectro de premissas questionadas, maior inovação obteremos.

 

               Nos especializamos em criar dificuldades para o exercício da liberdade, somada a carga genética cultural, somos educados em famílias e escolas autoritárias e castradoras, criamos milhares de estruturas organizacionais que cultuam a servidão e obediência.

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

As Histórias que Queria Contar, São Proibidas para Maiores...

               Sou do tempo que era proibido proibir, evitar a influência do meio era nosso existir, como adaptar-se a esses tempos de hoje que são de aderir. Éramos unos no divergir.

 

               Caso fosse possível ler nossos passos estaríamos sim a contar histórias que maiores não podem hoje ouvir, só seus ruídos já fogem da reta, a régua traçada, que os novos tempos estão a exigir.

              

               Todo desvio de rota atrai tempestades em tempos de normalidade, quando nascemos sob o signo da rebeldia, isentos somos de nos enquadrar, conhecemos os cordões que estão sempre tentando nos manobrar.

 

               No novo espaço/tempo, onde o controle é menos físico mais mental, as correntes são mais fortes, presentes na mente de cada um, vivemos uma sociedade onde cada um se policia com medo de ser reprovado pela maioria.

 

               Não é que muito acertávamos, simplesmente muito vivíamos, não se tinha caminhos pré-definidos, mas sim experimentos a realizar, sem eles nunca nada poderíamos afirmar, e assim construir as leis a nos guiar.

 

               O que hoje pareceria transgressão noutros tempos era o descobrir, como abrir a alma a mostrar-se em um tempo onde se pensa que todas as verdades já foram encontradas, bem o sabemos que o homem ainda está por inteiro a decifrar o que é mesmo a natureza e a humanidade.

 

               Não tem como nos acomodarmos ante tanta verdade pronta, a história nos demonstra que as certezas do hoje sempre são desmentidas no amanhã, e este é um processo que não podemos abrir mão de participar, fazer a história é nossa vocação.

 

               São estas histórias de desafio permanente as estruturas de poder que não podemos contar, sob risco de ofender o tal do senso comum que retira a liberdade do existir e nos reduz a massa de manobra de escusos interesses.

 

               Mas que todos saibam que elas são reais, se contam sozinhas, para quem tem os sentidos atentos ao outro e não funcione como um morto/vivo um simples zumbi. 

domingo, 1 de outubro de 2023

Exposto há Inúmeros Recortes Inúteis.

               Desvio de um, tropeço em um segundo para cair em um terceiro, nossa maratona diária ante a avalanche de recortes inúteis ao qual estamos expostos nas redes sociais.

 

Seu conteúdo é inferido tão somente por passarmos por estes recortes, de maneira meio que subliminar, não paramos para lê-los, nosso cérebro, porém adivinha-o palavra por palavra.

 

               Pecam pela insuficiência, afinal não refletem um pensamento quando não vistos no conjunto da obra, pecam por ineficiência, gerando emoções pobres desperdiçadas no próprio momento de seu aparecimento.

 

               Uma obra pode nós ajudar a encontrar um nosso caminho, já o recorte desta em quatro ou cinco palavras encadeadas em uma frase, é apenas uma falsa verdade pois não faz jus há quem a lê, nem a quem a publica e muito menos ao autor da obra.

 

               Altivos, disfarçados em grandes verdades, impositivos se julgam inegáveis, para estes o fim justifica os meios pois dispensam argumentação, são razão em si mesmos e assim neste embuste se apresentam ante nós a cada momento.

 

               Ainda os prefiro não assinados com crédito ao autor, porque a simples referência a um nome ilustre, pinçados ou não de parte da obra deste, é o exercício de um autoritarismo para gerar credibilidade há quem o cita.

 

               O poder de síntese é um mérito maravilhoso, sempre que complemente uma ideia, mostrando-se como um grande final de seus raciocínios abrilhanta o autor ampliando o poder de sedução deste.

 

               Alguma razão deve haver para que assim nos exponham a estes inúmeros recortes, confesso que não a conheço, talvez seja apenas a necessidade de expressar um instante de emoção e sentir-se irmanado neste por outrem.

 

               Um pouco somos assim mesmo, nossa inegável vocação de lançarmo-nos ao outro somada a complexidade de cada um de nós, nos encaminha a buscarmos identidade no conjunto de chavões disponibilizados.

  

sábado, 30 de setembro de 2023

Êxtase - Vida e Morte.

               Coabitam sim vida e morte neste acontecimento, a imersão em êxtase, deveríamos poder vive-lo incontáveis vezes, pois representam toda a nossa potência e também nossa insignificância, um caminho do ser tudo e nada em um mesmo momento.

 

               Saindo depois de quase duas horas, tela branca envolvimento total, de uma sala de cinema, os pés parecendo não tocar no chão, sim maravilhado com esta sensação interior que continua prorrogando a magia explicita do filme vivido.

 

               Aquele momento de entrega/posse onde a vivência física do amor, lhe distensiona toda musculatura de seus membros, teu espirito te abandona e te entregas a um instante de inexistência onde és muito tu mesmo.

 

               Assim são nossos momentos de êxtase, saímos de nós mesmos física e espiritualmente para vivenciarmos a essência de nós mesmos, não somos mais corpo e espirito e sim uma unidade em nós mesmo.

 

               Por certo nunca o conseguiremos os provocar artificialmente, não é algo que se planeja racionalmente e menos ainda pode encaixar-se em um roteiro a ser treinado, precisamos da magia de completar nosso momento com a ação exercida.

 

               Somos certamente merecedores de o experimentarmos em quantidade muito maiores do que a maioria de nós o consegue, o fato de sua existência quase instantânea não extingue as marcas profundas de prazer que ele nos deixa.

 

               Sabemos ao certo que os caminhos para encontra-lo são inúmeros e com certeza se trabalharmos com sabedoria podemos oportunizar em várias atividades que ele aconteça, para tal obrigatoriamente temos que sair da defensiva e arriscar jogarmo-nos por inteiro no ato de viver.

 

               Repetir procedimentos nunca será o caminho adequado, é importante experimentar novos rumos, tal qual a história a repetição só resulta em farsa e como tal em frustração, ao percorrê-la não encontraremos o brinde tão sonhado.

 

               Como momento a momento estamos diferentes, a repetição do mesmo script só pode nos decepcionar, sempre seremos capazes de encontrar caminhos diferentes, e quanto mais o tentarmos, mas poderemos casa-los com nosso momento e encontrarmo-nos novamente em êxtase.         

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Vinho, cerveja puro malte, não milhares de frases perdidas

 

               Podem imaginar que estou estupefato, por uns cálices de vinho a mais, ou talvez por copos exagerados de cerveja puro malte, não que não faça isso, mas posso garantir-lhes que o que me tonteia é a invasão de tantas frases perdidas sem sentido que consumo dia a dia nas redes sociais.

 

               Nada contra as frases, são todas bonitinhas, algumas até espirituosas, sempre receitas de bolo de que quem as emite não consome, isto é tão obvio que quando as lemos sabemos que as mesmas não tem nada a ver com quem as posta e sim com os objetivos de seu escrever.

 

               As frases em si são vazias, os objetivos não e está bem que assim o seja, mas como consumir tanta bobagem por tanto tempo, tenho passado pela maioria sem lê-las e quando distraidamente leio alguma só percebo futilidade.

 

               Claro a frase está aí exposta não para ser lida, mas sim para chamar atenção de quem a postou, ora para isso, chamar atenção, não existem regras, logo os objetivos da sua postagem estão sempre encobertos a tentar nos pegar de surpresa.

 

               Cada dia passo mais rapidamente sobre intermináveis posts, sem lê-los a procura de algo que possa despertar minha atenção, infelizmente virei um passador de post, ou seja tap seguido de tap, em busca de algo que não vou encontrar.

 

               Nada a ver com a beleza das frases, apenas o entendimento de que estão fora do contexto, não ajudam na minha vida e muito menos na vida de quem as postou, estão fora do momento a viver de cada um de nós e por obvio são partes do viver de outros em outros tempos.

 

               È fácil entender que os movimentos do mundo hoje não podem ser diferentes do que se apresentam no dia a dia, e que sejam todos felizes nos seus objetivos, apesar de não entender como estes possam trazer felicidade.

 

               Isto não deve mudar em curto espaço de tempo, pois vivemos em plenitude hoje o momento de consumir clicks ou dinheiro e para isso enfeitamos em público uma vida medíocre no privado.

 

               O que em absoluto nos deve trazer desesperança, pois viver sempre é um período de transição entre o nascer e o morrer, e estas pessoas da sala de jantar... Sim se imaginam vivendo.

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Estórias versus Histórias

 

               Estórias há tantas quanto contadores e ouvintes feito produto cartesiano, já história temos somente uma apesar de estar sempre em processo de reescrita, isto é, estamos sempre nos debruçando sobre a mesma para depurá-la da contaminação de quem a conta.

 

               Em nenhum momento a estória se compromete com a informação ou com a verdade, até porque é entretenimento, o que busca é mexer com os sentidos e alcançar laços e entre contador e ouvinte, e este é o que define nossas redes sociais, seu conjunto de estórias.

 

               Não vemos á priori nenhum problema com relação a isso, desde que os integrantes da comunidade tenham consciência de que são estórias e são contadas para obter efeitos planejados e nunca instrumentos de obtenção de uma pseudoverdade universal.

 

               Infelizmente trocamos o polo, hoje como comunidade construímos verdades (fantasiosas verdades) com simples histórias, em sua maioria sem objetivos comunitários e servindo tão somente a egoístas interesses particulares.

 

               Já a história, tem sido deixada de lado pelo simples motivo de não servir a ninguém, sua independência dos objetivos particulares á faz invisível aos olhos da maioria, por uma simples razão é capaz de abrir os olhos e libertar, o que de fato a maioria tem ojeriza.

 

               Apesar do incansável esforço dos historiadores para explicitá-la com alto nível de pureza, ou seja, em cada fato livre da influência de vencedores e de vencidos, é diariamente transformada na voz de todos em estória e como tal na maioria das vezes á serviço de objetivos inescrupulosos.

 

               Contar e ouvir estórias é uma arte, como tal tem alto grau de excelência, há encontramos em todo seu esplendor, nas páginas dos livros, frente as câmeras de cinema, nas vozes afinadas de cantores e brilhantes compositores, no palco de um teatro e em tantas outras manifestações artísticas.

 

               Já história é uma ciência, e deve ser vista como a descoberta possível em um determinado momento no tempo, como toda a ciência está em permanente evolução e sua grande missão é aprimorar a vivência da humanidade.

 

               Porque estamos tocando neste tema, pelo simples fato de lembrarmos que para o aprimoramento da sociedade humana devemos estar constantemente olhando com carinho para a história e para nos divertirmos curtir as estórias em suas diferentes manifestações artísticas.           

   

sábado, 26 de agosto de 2023

Frente a Frente com Quatro Faces da Violência.

               Tão somente a tela branca pode nos oferecer esta alternativa, seis dias quatro filmes e sim quatro faces completamente diferentes da violência são vividas por este seu amigo aqui, todas comoventes e dignas de emoções importantes há crescerem dentro de nós, por certo a violência tem uma amplitude maior, mas é esse momento vivido nesta semana.

 

               Na sala Capitólio no sábado passado “parceiros na noite”, a violência de um mundo sadomasoquista na comunidade gay, por certo nos parece que é impossível existir este ambiente que vivenciamos ao curtir o filme, mas bem o sabemos se tivermos o cuidado de averiguar as fantasias que invadem as pessoas que a realidade se impõe, a ponto de o protagonista, Al Pacino, se envolver completamente pelo ambiente que investigava a ponto de duvidar de sua própria personalidade.

 

               Esta violência é exposta pelo próprio serial killer aparentemente externo deste ambiente onde cometia seus crimes, o invadia para perpetuá-los sob a sombra da não aceitação da morte, ocorrida a dez anos de seu pai.

 

               Já na terça estava frente a frente com a direção de um alemão e seu parceiro romeno a descrever a queda do regime de Ceausescu na Romênia, impressionante montagem de uma narrativa feita pelas câmeras da televisão oficial romena e de câmeras amadoras sobre o levante popular que determinou o fim a deste governo, uma violência em busca de uma justiça social, foi um discurso muito bem organizado de várias câmeras a testemunhar a tomada do poder.

 

               Óbvio, fui tudo muito rápido, desde a tomada do poder até o julgamento e execução do tirano, muita emoção na massa, muitas bobagens individuais e um impressionante não acreditar no que estava a acontecer pelo casal autoritário, a beleza da manifestação popular não esconde sob a inspeção das câmeras as fraquezas individuais a se aproveitarem da comoção geral.

 

               Bom chegou quinta e de novo na sala redenção, estamos falando do documentário sobre a luta do pai de Assange para a libertação do filho “Ithaka – a luta de Assange” é um documentário que mostra o inevitável envolvimento de um pai (também da mulher e mãe dos filhos de Assange) para libertar um ser humano do odioso e violento jogo de poder que o sistema exerce sobre quem ameaça seus segredos de abuso de poder.

 

               Fica bem claro que o martírio de um membro da raça humana, Assange debilitado psicologicamente e fisicamente, é considerado pelos donos do sistema como uma violência aceitável e necessária não só contra ele, como contra todos que puderem ousar enfrentar os constantes erros mal intencionados do mesmo.

 

               Bom fechamos os seis dias no Capitólio, dramalhão mexicano da década de 50, história maravilhosa de uma mulher, libertária e não modelo de bom comportamento social, consegue desafiar todas as violências do destino e terminar vitoriosa e em paz com si mesma, a despeito das violências a que foi submetida.

 

               Desejando muitos e muitos mais seis dias de tela branca como esses.                     

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Nunca há Espaço Suficiente para a Felicidade

 

               Independente do perfil individual, necessidade profunda de receber ou de fornecer, o espaço é suficiente para conter a felicidade, cada momento de ganho é uma insaciável vontade de mais querer, vontade de gratificar mais ou vontade de mais ser recompensado.

 

               Nos deveria ser muito fácil isto entender, pois como o passado é uma inexistência cada passo dado é mais e mais um novo querer, se passa em nosso espirito, assim como no corpo, cada necessidade satisfeita é o estopim de inúmeros novos desejos.

 

               Aquele momento de explosiva felicidade, vive e morre no momento presente, e dele escapam em círculos inúmeras faíscas de necessários novos momentos felizes, quanto maior o grau de felicidade maior a frustração com o fato do mesmo não ser eterno, acrescido da terrível constatação que sua simples repetição seria apenas uma farsa.

 

               Assim nos parece claro que estamos a definir mal o que é a tal felicidade, deixamos em verdade que nos envolva a busca do novo como meta de felicidade e não a continua vivencia do presente, o simples fato de envolver-se por inteiro é o que contém a essência de tudo, a vida.

 

               Por mais curioso que pareça condenados que somos á felicidade, nos rebelamos constantemente contra essa sentença, ora olhando para trás em vidas já vividas ora buscando num imaginado futuro vidas a viver, quando toda nossa realização está no eterno hoje.

 

               Não somos uma super produção que tem que a cada frame ter milhares de efeitos especiais, mas somos sim o todo do universo em cada pedaço do inexistente tempo, mais que tudo não há roteiro no nosso viver, não há texto a decorar, não há cena a representar.

 

               Tal qual o bico da águia no fígado do Prometeu, morremos e renascemos em cada instante o que permite sermos únicos sempre e assim o seremos até que a morte nos separe e nos transforme na vida que é o universo.

 

               Somos sim sempre tudo em nós mesmos e inseparável parte do todo universal, a contraditória identidade única, mas parte de algo muito maior,  é sim nossa continuada opção de viver o presente o que realmente constitui o todo e o faz caminhar.

domingo, 11 de junho de 2023

Fantasiosa Inteligência Artificial.

 

               Não sabemos viver fora da bolha de ilusão, fantasiamos a vida tratando como novo algo que sempre esteve presente no nosso dia a dia, nada mais fazemos do que retemperar o prato de ontem para vende-lo por um preço melhor, então o xodó hoje é inteligência artificial, a mover a roda do consumo.

 

               Desde que me conheço no mundo de TI, tratamos de uma mesma coisa processar muita informação rapidamente usando apenas dois segredos, o loop (laço) e o IF (escolha), o que agregamos é muita tecnologia o que aumenta em muito a velocidade de processamento e a quantidade de informações que podemos armazenar.

 

               Certamente estamos muito longe dos complexos circuitos do celebro humano, sua capacidade de processar os sentidos com herança genética e memórias constantemente reescritas em novas versões com uma velocidade de processamento incrível é ainda um mistério a ser decifrado.

 

               Fica muito fácil exemplificar, só precisamos movermos nosso olhar para os famosos jogadores de xadrez eletrônicos, cujo segredo é tão simples, guarda milhares partidas das quais conhece cada situação do tabuleiro, e principalmente conhece os resultados, logo com velocidade de processamento pode pesquisá-las e ver quais são os movimentos já feitos das peças com maior possibilidade de vitória.

 

               Mas vender o velho maquiado por novo é a própria definição do estado atual da humanidade, precisa enxergar diferente para satisfazer o desejo de consumo, vírus pacientemente injetado em cada um de nós durante o viver percorrido desde o nosso nascimento até a morte.

 

               Sempre que colocamos a criação de novidades como resposta ao desejo artificialmente administrado, estamos apenas servindo ao tirano do consumo e muito pouco agregando ao prazer e a felicidade humana.

 

               O defeito não está na obra, mas sim na concepção da mesma, enquanto não orientarmos nossas descobertas para encontrar uma sociedade mais integrada, solidaria e feliz, continuaremos a viver o mundo da fantasia e da ilusão.

 

               Como quebrar esta cadeia que nos aprisiona e escraviza é o desafio do presente, não somos uma sociedade sadia e urge buscar sua cura para mudarmos nosso status para saudáveis humanos felizes.                  

domingo, 2 de abril de 2023

Talvez

               Não são nem os deuses, nem os homens que determinam nossos planos, simplesmente o acaso é que os administra, tanto faz se é na primeira ou na quarta, ou ainda na sétima dezena de nossa vida.

 

               O que não nos impede de planejar, mesmo no dia anterior de nossa morte estamos cheios de ótimas ideias sobre a nossa vida, o que não implica em sua possibilidade de executa-las, não que isto faça alguma diferença, pois ideias são apenas isto ideias.

 

               Do que estamos falando? Da certeza de existir pelo menos dois mundos paralelos, o da nossa existência e o das milhões de histórias que construímos no mudo da nossa imaginação, casar estes dois mundos é uma completa impossibilidade.

 

               Sim a vida sempre nos abraça pelo acaso, enquanto as ideias navegam no espaço das irrealidades, ou seja, para estas últimas tudo é a soma de todas as potencialidades, mesmo que em nós e em ninguém elas existam.

 

               A questão entre optar pelo acaso, que é a vida, e o infinito eterno, que é o mundo das ideias, é uma falsa alterativa, pois está complemente afastada das nossas possibilidades, então o que nos resta?

 

               Tão somente assumir nossa maiúscula possibilidade de rendidos á inevitabilidade da morte e dos ainda piores incidentes que nos incapacitam para vida plena, a desafiarmos constantemente com o irreal mundo de nossas ideias.

 

               Óbvio que quando o chamamos de irreal, estamos abrindo mão da nossa múltipla existência, mais do que isso estamos renegando nossa humanidade, nossa questão básica que é sermos muitos em um só.

 

               Talvez você esteja se perguntando onde quero chegar? Não quero chegar a lugar nenhum, quero deixar claro que nossa importância se resume ao momento de nosso pensamento, o resto é tão somente acaso.

 

               Todas as nossas vaidades estão submetidas a esta simples constatação não temos nenhum controle sobre nossa existência, o que não permite a nós abrirmos mão de tudo o que somos naquele ínfimo espaço de tempo onde temos certeza do nosso acontece.

 

               

               Em síntese, mesmo sendo um talvez é por certo a cada vez que o vivemos nosso melhor momento e isso é o próprio viver, em nada nos interessa como os catalogam, porque ninguém mais o viveu, e esta é nossa alegria e nossa gloria, não julgamento que o possa aprovar ou reprovar, é nosso e perfeito.                         

domingo, 22 de janeiro de 2023

Descomplicando 2023

 

                Dentro do previsto, segue 2023 o ano corrente, uma verdadeira corrida de obstáculos, por sinal não são poucos, mas sempre soubemos são assim as transições, a cada passo em direção a correção de rumo as dificuldades vão aparecer e por certo saberemos enfrentá-las.              

 

                Só em visualizarmos o tamanho da oposição das ideias do antigo governo para o novo podemos perceber o quanto de paciência teremos que ter para a reconstrução de direitos e justiça sistematicamente destruídos por seis anos e em velocidade agravada nos últimos quatro.

 

                Um salario mínimo, referencia para uma grande maioria da população, aviltado por insuficientes recomposições anuais construídas com uma medida de inflação que não reflete as necessidades de consumo de quem o recebe, é obvio que a cesta básica é o que mais lhe pesa no bolso e seus aumentos são muito superiores ao índice de inflação.

 

                O importante é buscarmos o norte de um salário mínimo mais justo avançando dia a dia nesta direção, quando vemos uma renda per capita em torno de 4500 reais e um mínimo de 1300 podemos avaliar o tamanho desta lacuna e o esforço que terá que ser realizado.

 

                Na área da saúde perdemos muito, hoje temos um SUS fragilizado um enorme investimento deve ser feito na saúde preventiva reforçando seus quadros e qualificando-os, pois, depois da alimentação a saúde é o principal direito da população brasileira.

 

                O terceiro grande pilar é o da educação, ao qual nos cabe no ensino superior retomar a qualidade que já tivemos e infelizmente foi ferozmente atacada, mas acima de tudo no ensino fundamental tem tudo a ser feito, no curto prazo acho difícil, mas deveríamos pensar novamente o tema da educação integral, por certo a questão de rever o modelo de aprendizado não pode ser esquecida.

 

                A maioria da população deve ser convocada para participar efetivamente do processo de reconstrução do Brasil, sua participação ativa será aval para o bom caminho e permitirá a compreensão das dificuldades para chegarmos onde queremos, a transparência é o esteio do diálogo e uma reconstrução de tal magnitude só pode ser feita com base nela.

 

                Não gostaria de terminar este texto sem tocar no tema que para mim é por demais importante, em todos os níveis deveríamos discutir o tema da renda universal, pois esta traria uma grande simplificação das estruturas do estado e uma enorme melhoria nas relações entre o trabalho e o capital.

Atropelado por seu Próprio Texto.

                Ele tinha clara noção, percebia que os vários textos se digladiavam em seus pensamentos, estavam constantemente escrevendo-se e rescrevendo-se e tentando impor-se a sua atenção, lhe era difícil manter o foco, ora um ora outro se impunha, apesar de completos sempre estavam por reescrever-se.

 

                Não é que em um repente ele se sentiu jogado contra o teclado, sim atropelado por um de seus textos, estava já logado pronto para seus dedos dançarem nas teclas, o tal do texto queria impor-se no papel digital, sentindo-se vitorioso, o tal texto, já se via transcrito para o meio digital.

 

                Envolvido nesta obrigação lhe venho a lembrança umas três ou quatro noites que dias atrás tinha vivido repetidamente  uma experiência singular, em sonhos em um dormitar leve, nem bem dormindo nem acordado, via-se lendo palavra após palavra, linha após linha de um livro já escrito, mas tinha consciência no próprio sonho que o mesmo nunca tinha sido escrito e que portanto era obra sua, estava perplexo com esta experiência de simultaneamente escrever e ler seu próprio livro.

 

                Já pelo paragrafo anterior percebemos que a tal vitória do texto, era uma vitória de Pirro, pois depois que nosso personagem está brincando com os teclados nem o titulo do texto está garantido, quando ele passa a por no papel as palavras sempre um novo texto é escrito e reescrito.

 

                Não que os textos anteriores e suas várias versões morram, eles coexistem eternamente no paraíso do pensamento humano, um texto tem tantos eu quanto o seu autor, que por sinal usa esta designação ‘autor’ equivocadamente pois na verdade sua tarefa é de descobridor, os textos em suas milhares de combinações já existem desde sempre.

 

                Como já disseram por aí, todos escrevemos sempre o mesmo livro, por mais que haja diversidade de conteúdos, de palavras, de frases, são sempre a projeção do nosso viver, vivemos esta multiplicidade de espirito que mostra-se em suas várias facetas definindo um mesmo ser.

 

                Não pense que isso aconteça só com o escritor, o mesmo ocorre com leitor, cada releitura de um livro é na verdade outro livro pois o lemos com os filtros todos do atual momento interior e como sabemos não são os mesmos.

 

                Bom está feito, paro por aqui para fixar um momento, pois se assim não o faço será outro o texto que vereis.