sábado, 30 de janeiro de 2016

Doido Carrossel de Fakes

     O que todos sabem não deveria ser dito por desnecessário, o que denominamos relações humanas nos dias de hoje nada mais são do que encontros de fakes, eu confesso não ser diferente também exponho o meu ao encontro com o mundo, monitoro o seu comportamento tal qual faz o artista com suas marionetes, domino sua fala como o ventríloquo o faz com seu boneco, cada vez mais de fato a sociedade é uma grande mascarada.

     Fica mais fácil quando construo um muro antifogo entre mim e minha representação, filtro tão somente o que é do meu interesse independente de serem tristezas ou alegrias, quem bate quem é surrado não sou eu e sim o meu eu por mim projetado, o faço nas duas direções sempre ouço o que quero e digo o que preciso, porque não com estilos diferenciados distribuídos em espaços de tempos disjuntos, afinal considere é apenas uma programação, o que por certo deveria me gerar direitos autorais por ser a história das relações sempre propriedade minha.

     Vantagem maior a tenho pelo efeito camaleão, dependendo do lugar e das circunstâncias sou capaz de mostrar-me diferente, óbvio que posso quem produz um fake produz tantos quantos quiser, só necessito ter cuidado com a continuidade evitando misturá-los em cena, um equívoco que resulta gerar um monstro incoerente como muitos que vemos por aí se ressalvando sempre que mesmo assim estando eu em erro quem perde é a imagem.

     Este não é um roteiro de ganhos apresso-me a esclarecer, minha vitória é uma falácia tão somente consegui imprimir a fantasia que desejava no outro, em síntese luto bravamente para inexistir, um eterno retorno suicida, pois mato-me para criar outro ser imaginário que os ludibriados de boa fé acreditam seja eu, sendo apenas um fantasma meu.


     Este doido carrossel de Fakes é a obra-prima da civilização por nós construída, imagens vazias circulando como zumbis nas mentes, um imaginário de mortos-vivos, pessoas que não mais conseguem pontes para ao outro chegar, as relações interpessoais foram substituídas por um complicado jogo de aparências onde lutamos bravamente para sermos super-heróis do nada.                        

domingo, 24 de janeiro de 2016

Anarquista Graças ao Homem

      Ao reencetar meus passos caminhando no contrafluxo do hoje até o passado o tanto que consiga ainda reencontrá-lo, lamento sempre a dificuldade que tenho para me lembrar dos meus sonhos, consciente de que sua análise tornaria mais fácil esta busca, é nela que encontro todos os ingredientes que permitem construir a sobreposição projetada de imagens do ser que hoje sou.

     Se porventura me perguntassem por que o faço explicaria que não acreditando no acaso o conhecimento dos motivos é significante por propiciar redefinições de rumos, colheita é uma dádiva universal, todos a usufruem, agora colher o que plantou tem outro sabor, e nesse caminhar reverso justifico a minha aproximação da ideia anarquista, depois de recorrentes adesões a lutas para substituição do poder por forças de esquerda hoje apenas o quero extinto.

     Não me preocupo com o rótulo de individualista que possam associar-me, acredito sim que é inata à vocação social, nasci para a convivência com outros homens e com a natureza, mas essa dimensão social só ocorre quando livre construo-me por mim mesmo, abrindo caminho para contratos entre iguais, sendo meu único dono posso conviver com relações isentas de domínio onde o poder só exerce cada parte consigo mesmo.      

     Parto da certeza que nenhum governo é capaz de gerar o melhor para o homem logo é desnecessário além de ser uma obstrução ao crescimento do mesmo, desejos comuns a vários indivíduos são facilmente alcançáveis por colaboração espontânea, que funcionará enquanto houver o interesse exclusivamente pessoal dos participantes, tornam-se desnecessários partidos políticos e lideranças intelectuais, só precisamos do propício ambiente igualitário para o crescimento dos seres humanos, sem hierarquia não existe conflito.

     Nada justifica o ato de poupar somos capazes e produzimos a riqueza necessária para toda a população da Terra, tão somente é necessário disponibilizá-la em um armazém comum, o que com advento do mundo totalmente conectado deixou de ser uma ficção, esse organismo deve ser livre de qualquer tipo de gestão, onde todos se sirvam de acordo com sua necessidade, a distribuição igualitária da riqueza produzida tirará do homem qualquer necessidade de fraudar outrem, sem posse não existe roubo.

     Oportunidades iguais desde o nascimento geram homens livres destinados a darem o seu melhor para o uso de todos, seus talentos diferenciados com certeza favorecem uma comunidade solidária, um homem livre trabalha movido pela sua própria realização o que se mostra tão somente pelo uso comum do resultado, se a esses conceitos designam a palavra anarquia concluo então que sou anarquista graças ao Homem.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Bom Cinema Sempre Atual

    Quando falo em cinema todo dia para mim é dia de espetáculo, no último fim de semana meus momentos de cinéfilo aconteceram com um primor de qualidade, estou falando de filmes destes ótimos diretores: o britânico David Lean e o iraniano Abbas Kiarostami, falando de películas dirigidas no século recém-terminado, na década de cinquenta (A Ponte do Rio Kwai, 1957, Lean), setenta (A Filha de Ryan, 1970, Lean) e noventa (A vida continua, 1991, Kiarostami), praticamente 8 horas intercaladas entre intervalos destinados de reflexão e pura arte composta por preciosas descrições de seres humanos e seu meticuloso jogo de inteligência na participação do palco social.

     Tudo aconteceu na Cinemateca Capitólio, alegria de sessões sempre com casa cheia, todos os merecidos créditos aos dedicados gestores deste grande espaço cultural e às lideranças do grupo de estudos Aurora para as quais o cinema é paixão e prioridade, o ano de 2016 continua me mostrando como norte o caminho de bons frutos a serem colhidos na cultura e nas relações pessoais, hei de saber saboreá-los, podem apostar.

     O ridículo da guerra desaba sobre nossas cabeças como a construída/destruída ponte do Rio Kwai, na exposição dos protagonistas aos absurdos gerados no entorno do combate, a imagem em movimento contempla uma fotografia selvagem e bela como é a característica da Tailândia, apesar de rodado na verdade no Sri Lanka, com a incorporação das distintas personalidades exibidas pelos atores que nos apresentam uma leitura especial do ser humano e suas verdades individuais expostas a situações adversas geradas pelas estruturas de poder e suas exigências.

     O povo irlandês e sua maneira característica de enfrentar as adversidades é o que nos mostra a filha de Ryan, onde o domínio inglês, a população subjugada e seu movimento de libertação são o pano de fundo para as diversas personalidades desfilarem, encontramos muita paixão correspondendo a corajosas atitudes políticas e individuais, encontramos covardia acompanhada de culpa e traição, encontramos o trauma físico e psicológico da guerra, principalmente encontramos pessoas que erram e acertam enfrentando a difícil tentativa de viver, além das paisagens lindas com seus rochedos e seu encontro com o mar.


     O terremoto sendo seguido em seu rastro de destruição por um diretor de cinema com seu filho é o terceiro do conjunto de filmes, vi-o no fim da manhã do sábado, tem nas imagens da natureza profanada pelo homem, natureza esta que em sua reação transforma quase tudo construído pelo homem em demolição, um carro em movimento abre uma janela para a observação deste Irã e em suas paradas estratégicas encontra a dor da perda vivida por cada um dos sobreviventes como encaram a perda e a necessidade de seguir adiante apesar do tamanho da hecatombe, a simplicidade das relações pessoais e a humildade do povo ao enfrentá-la é a grande marca deste ótimo “A vida continua”.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Carrego a Culpa com Dignidade.

     Pode parecer contraditório entre a responsabilidade por dano e a qualidade moral que infunde respeito não parece haver pontes possíveis, garanto que esse conflito eu transporto no corpo desde sempre e caminham lado a lado sem se desmerecerem a culpa e a dignidade, tem-me sido impossível ser bem-sucedido em todas as atitudes direcionadas a compor com outrem um mecanismo qualquer de vivência, mesmo que gratifique muito todas as partes por longos tempos são fadadas a decomporem-se o que sempre envolve falta.   

     Dediquei-me mais de uma vez a organizar uma família, o saldo foi positivo, mais até do que eu merecia, mesmo que todas as tentativas tenham fracassado, minha responsabilidade nesse insucesso é total, isso é convicção que tenho não necessitando mais do que entender meus mecanismos internos para saber da inviabilidade dessa empreitada, tendo eu como parte integrante, alcançar alguma perenidade.    

     Das pedras que não me jogo, falta de compreensão e atenção à parceira é uma delas, bem como o permanente incentivo ao desenvolvimento individual dela com, se possível, nenhuma interferência minha além de apoiar, já a teimosia de viver tão somente por minhas pernas e ideias é uma carapuça que visto e assumo como necessária, mesmo sabendo que deságua na insustentabilidade da instituição com a mesma inevitabilidade que o rio corre ao mar, que fazer senão tentar ser uno na construção do partilhado.

    Ao redor da cerveja ou do café, sim mesa partilhada ora por um filho, o mais novo, pouco mais de quarenta anos diferença, ora por outro, o mais velho, com vinte cinco a menos, a conversa por igual, ideias arejadas de ambos os lados debate conceitual sobre a existência e os rituais que nos são exigidos no dia a dia, sempre com a delicadeza do respeito ao ato do outro pensar, ganham todos, e em mim pelo menos a culpa torna-se aceitável pelos resultados prazerosos que essa convivência me traz.

     Do mesmo modo ao partilhar minha prosa nos saraus de um dos filhos, o do meio, ou frequentar as oportunidades de exercer a paixão pelo cinema com a minha filha, a única mulher, encontramos sempre caminhos comuns que vivem seu auge quando juntos agregados de especiais amigos de cada um curtimos um churrasco regado do bom debate.        


     As estruturas não se mantiveram possíveis de serem mantidas, é uma culpa que posso bem carregar comigo, mas só o posso por um imensurável valor de pessoas que sobreviveram a esse desabamento, que se danem as instituições que sejam louvadas as pessoas e suas dignidades. 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Aproximações de um mesmo olhar

     No mínimo subentendido está nos meus textos anteriores, nunca lhes ocultei, que estou trabalhando a questão de consciência plena dos sentidos, sinto a obrigação de evitar a atuação automática do big data interno, quero assim fugir um pouco do habitual prejulgamento ao qual normalmente me entrego como se fosse algo meu natural e bem o sei é composto de um emaranhado de influências das quais não tenho consciência e normalmente abdico o controle.

     A beleza como conceito pode ser nosso exemplo, uma revisão histórica nos mostra cada tempo com seu modelo específico de beleza o que podemos visualizar na literatura, na pintura, nas mídias de cada época, assim o sendo me parece evidente que existe certo superego sociocultural que a define, por certo somos também formadores deste mecanismo não é possível negar que esta intervenção colocada em uma balança sempre o é contra nós, mais nos influenciam do que construímos este superego.

     Aos poucos venho me aventurando a interpretar meus insignes, sim porque o belo é resultado de uma comparação que fazemos com modelos internos, modelos esses que vamos construindo na medida em que ampliamos nossa experiência do viver somado à influência conceitual de terceiros e me proponho a catalogar o belo tão somente pelo conjunto dos sentidos detectados e sua análise sensorial.

     Um filme sou o espectador, primeiro passo é permitir envolver-me por ele, deixar as coisas acontecerem sem cobrar conceitos, vai mexer comigo pela fotografia, por suas sequências a me surpreenderem, por detalhes dos seus quadros, por seu som acompanhando e sugerindo movimento, quando me dou conta terminou a projeção neste momento sim estou preparado para interpretar as intenções da diretora, a atuação dos atores na construção de cada um dos personagens, a qualidade da fotografia enfim a obra como um todo.

     Um livro sou o leitor, percorro página a página com o entusiasmo de absorvê-las, sem nenhum filtro de validade com meu referencial teórico, não nego que vou coletar impressões é para isso que leio e sempre busco não julgá-las, melhor consigo fazê-lo sempre me colocando alinhado com a lógica do autor, isso sob o ponto de vista de leitor, no final sim confronto com meu alinhamento psicológico, sociológico e político com a obra e seu mentor.

     Também na participação em sociedade procuro este norte, os detalhes me chamam de imediato a atenção como a qualquer outro, guardo em mim a preocupação de somar o que não tinha visto o que não tinha sentido, o que está por trás de cada gesto, cada fala, cada atitude e aos poucos vou curtindo o prazer da sua presença, e não raras vezes me sinto feliz por nas aproximações de um mesmo olhar encontrar tantos talentos que em seu conjunto engrandecem o outro dentro de mim, assim vivo o empoderamento das pessoas como um todo ou no mínimo imagino fazê-lo.  

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Iluminado Olhar Feminino

     Surpreendi-me neste sábado de manhã com um grupo de estudos com mais de trinta participantes reunidos para debater direção feminina de cinema, admito que por conhecer o idealismo das gurias que organizaram a “Academia das Musas” não teria qualquer motivo para duvidar do mesmo devia simplesmente preparar-me para os cumprimentos pelo sucesso inevitável, foi isso que realmente aconteceu início de janeiro em plenas férias de verão e eu as parabenizando pelo grande evento que deve espraiar por todo o ano 2016.

     O debate foi excelente, bom posicionamento sobre cinema, boa leitura do filme, clareza quanto às qualidades de sua diretora e do momento sócio econômico cultural vivido hoje no mundo, o filme escolhido foi “Garotas” de 2014 da diretora francesa Céline Sciamma, não foi difícil constatar que com ela estávamos falando de cultura, de psicologia social, de cinema e porque não de feminismo, fazia algum tempo que não postava algo sobre cinema, agora não consegui fugir a expor minha opinião.  

     Vendo esse ultimo filme de Céline Sciamma, começo a formar um conceito forte sobre o seu trabalho, a mim particularmente a diretora que já havia chamado atenção no filme “Tomboy” de 2011 por sua qualidade em mostrar mais do que julgar, impressiona pelo seu posicionamento justo no sentido de não agregar nem culpa nem mérito tão somente fatos como o são a partir de suas motivações psicológicas, sociais e políticas, seus filmes trabalham o ser humano como multifacetado. Gosto disso e me sinto na obrigação de estudar muito mais sua obra.

     A protagonista vive no filme esta fase complicada da adolescência, acrescente-se a isso o local onde habita a periferia de Paris, estamos somando indicadores negativos, desconforto financeiro que o contraste com os bairros vizinhos demonstra bem, com o fato de ser negra onde é minoria dentro da sociedade de excluídos aí estabelecida, com o agravante de ser mulher em local de forte predominância masculina em uma estrutura de poder baseada na violência.

     O que tem me chamado atenção na direção da Céline é a abertura com que ela trabalha os conflitos, estes nunca são uma disputa entre o bem e mal, não estamos falando de bandidos e mocinhos, estamos sim trabalhando situações de poder e a capacidade de resistência de cada um frente a estas, começando pela família, passando pela escola e chegando às relações socioeconômicas como um todo.


     O bônus foi todo meu ao ser contemplado com este iluminado olhar feminino, tanto por parte da diretora como dos participantes do grupo de estudos “Academia das Musas”, bom início de ano. Esses encontros quinzenais prometem muito, só tenho motivos de estar com alto nível de alegria, com certeza estarei presente em todas as reuniões.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Vazio em Ocupação

     No mínimo subentendido está nos meus textos anteriores, nunca lhes ocultei, que estou trabalhando a questão de consciência plena dos sentidos, sinto a obrigação de evitar a atuação automática do big data interno, quero assim fugir um pouco do habitual prejulgamento ao qual normalmente me entrego como se fosse algo meu natural e bem o sei é composto de um emaranhado de influências das quais não tenho consciência e normalmente abdico o controle.

     A beleza como conceito pode ser nosso exemplo, uma revisão histórica nos mostra cada tempo com seu modelo específico de beleza o que podemos visualizar na literatura, na pintura, nas mídias de cada época, assim o sendo me parece evidente que existe certo superego sociocultural que a define, por certo somos também formadores deste mecanismo não é possível negar que esta intervenção colocada em uma balança sempre o é contra nós, mais nos influenciam do que construímos este superego.

     Aos poucos venho me aventurando a interpretar meus insignes, sim porque o belo é resultado de uma comparação que fazemos com modelos internos, modelos esses que vamos construindo na medida em que ampliamos nossa experiência do viver somado à influência conceitual de terceiros e me proponho a catalogar o belo tão somente pelo conjunto dos sentidos detectados e sua análise sensorial.

     Um filme sou o espectador, primeiro passo é permitir envolver-me por ele, deixar as coisas acontecerem sem cobrar conceitos, vai mexer comigo pela fotografia, por suas sequências a me surpreenderem, por detalhes dos seus quadros, por seu som acompanhando e sugerindo movimento, quando me dou conta terminou a projeção neste momento sim estou preparado para interpretar as intenções da diretora, a atuação dos atores na construção de cada um dos personagens, a qualidade da fotografia enfim a obra como um todo.

     Um livro sou o leitor, percorro página a página com o entusiasmo de absorvê-las, sem nenhum filtro de validade com meu referencial teórico, não nego que vou coletar impressões é para isso que leio e sempre busco não julgá-las, melhor consigo fazê-lo sempre me colocando alinhado com a lógica do autor, isso sob o ponto de vista de leitor, no final sim confronto com meu alinhamento psicológico, sociológico e político com a obra e seu mentor.

     Também na participação em sociedade procuro este norte, os detalhes me chamam de imediato a atenção como a qualquer outro, guardo em mim a preocupação de somar o que não tinha visto o que não tinha sentido, o que está por trás de cada gesto, cada fala, cada atitude e aos poucos vou curtindo o prazer da sua presença, e não raras vezes me sinto feliz por nas aproximações de um mesmo olhar encontrar tantos talentos que em seu conjunto engrandecem o outro dentro de mim, assim vivo o empoderamento das pessoas como um todo ou no mínimo imagino fazê-lo.  

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

O Encontro Unilateral

     Vocês estão me questionando sobre o cenário, mesmo que possa não parecer importante explico-o não era bem um lugar apesar de fisicamente existir não havia referências que de fato o certificasse, espaço semipúblico acesso legitimo isso o garanto com minha palavra desde que vocês a considere suficiente para afiançar-lhes, o grupo de participantes apresentava oscilações, os presentes nem sempre eram os mesmos, real o era não duvidem por nenhum momento, um núcleo garantia a sinergia de cada momento com temas comuns e interesses complementares.

     Adianto em resposta a um hipotético interesse de vocês que havia um método quanto à periodicidade do evento, estava na regra acordada pelo grupo os momentos do acontecer, tinha dia e hora na semana sendo distribuído durante todo o ano, saliento que tinha certo dom de perpetuidade pela importância que lhe creditavam todos os participantes cada vez mais imbuídos em manter essa chama acessa nos corações.

     Já percebo que não lhes resta dúvidas que era tempo ganho a inclusão do mesmo como item obrigatório em minha agenda pessoal, não sendo do núcleo principal participava sempre e assim todas as oportunidades estavam criadas, aos poucos nossa atenção soma detalhes, vamos enfileirando tal qual um rosário as particularidades de cada um, por certo a simpatia por todos o era em grau diferenciada dentro de mim, nada a ver com as magníficas personalidades que ali estavam apenas os parafusos soltos dentro de mim é que assim os diferenciava.

     Comecei a construir intenções assim como o fizemos sempre, um olhar distraído era por mim visto como sendo uma atenção especial, um movimento de rosto mostrava-se lindo especialmente dirigido a mim, um despretensioso cruzar de pernas parecia uma chamada de atenção proposital, por certo tudo acontecendo dentro daquela nossa habilidade de múltiplas ações paralelas sem desviar-me do foco principal completamente ligado e interessado nas movimentações paralelas.

     Era um encontro que eu estava vivenciando, talvez até possa defini-lo como uma novela, em seu neologismo uma série, acontecendo em vários capítulos, os fatos são por mim serializados agregando valor sentimental e interpretativo, começo a somar quatro ou cinco atitudes começo a definir um perfil de relação efetiva, cresço na parada me sentindo realizado com o todo feito e acontecido.

     Assim o foi, uma parte traída por nada saber, a outra tinha tudo sob seu controle e o fazia de modo absolutista sem permitir nenhuma defesa ao escravizado réu de sua paixão, encontro unilateral, se assim o podemos chamar, consensual para um dos dois, pura ficção para os dois espíritos, solida realidade de uma alma só, deixo para vocês o julgamento da verdade de minha parte apenas posso mostrar a versão que a mim compete.
     Vocês estão me questionando sobre o cenário, mesmo que possa não parecer importante explico-o não era bem um lugar apesar de fisicamente existir não havia referências que de fato certificasse-o, espaço semipúblico acesso legítimo isso o garanto com minha palavra desde que vocês a considere suficiente para afiançar-lhes, o grupo de participantes apresentava oscilações, os presentes nem sempre eram os mesmos, real o era não duvidem por nenhum momento, um núcleo garantia a sinergia de cada momento com temas comuns e interesses complementares.

     Adianto em resposta a um hipotético interesse de vocês que havia um método quanto à periodicidade do evento, estava na regra acordada pelo grupo os momentos do acontecer, tinha dia e hora na semana sendo distribuído durante todo o ano, saliento que tinha certo dom de perpetuidade pela importância que lhe creditavam todos os participantes cada vez mais imbuídos em manter essa chama acessa nos corações.

     Já percebo que não lhes resta dúvidas que era tempo ganho a inclusão do mesmo como item obrigatório em minha agenda pessoal, não sendo do núcleo principal participava sempre e assim todas as oportunidades estavam criadas, aos poucos nossa atenção soma detalhes, vamos enfileirando tal qual um rosário as particularidades de cada um, por certo a simpatia por todos o era em grau diferenciada dentro de mim, nada a ver com as magníficas personalidades que ali estavam apenas os parafusos soltos dentro de mim é que assim os diferenciava.

     Comecei a construir intenções assim como o fizemos sempre, um olhar distraído era por mim visto como sendo uma atenção especial, um movimento de rosto mostrava-se lindo especialmente dirigido a mim, um despretensioso cruzar de pernas parecia uma chamada de atenção proposital, por certo tudo acontecendo dentro daquela nossa habilidade de múltiplas ações paralelas sem desviar-me do foco principal completamente ligado e interessado nas movimentações paralelas.

     Era um encontro que eu estava vivenciando, talvez até possa defini-lo como uma novela, em seu neologismo uma série, acontecendo em vários capítulos, os fatos são por mim serializados agregando valor sentimental e interpretativo, começo a somar quatro ou cinco atitudes começo a definir um perfil de relação efetiva, cresço na parada me sentindo realizado com o todo feito e acontecido.

     Assim o foi, uma parte traída por nada saber, a outra tinha tudo sob seu controle e o fazia de modo absolutista sem permitir nenhuma defesa ao escravizado réu de sua paixão, encontro unilateral, se assim o podemos chamar, consensual para um dos dois, pura ficção para os dois espíritos, sólida realidade de uma alma só, deixo para vocês o julgamento da verdade de minha parte apenas posso mostrar a versão que a mim compete.



segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Sonho Leve, livre e Solto.

     Nosso lúcido Sigmund Freud ao destacar a busca do prazer e da felicidade como vocação inata do ser humano nos fala nos seus três principais inimigos, o nosso decadente corpo condenado desde sempre à morte e consequente extinção, o mundo externo com sua beleza embebida de armadilhas e talvez o mais impactante o relacionamento com os outros homens, se precisamos de contratempos para reflexão me parece que estamos frente a frente a três temas interessantes para 2016.

     Como é muito difícil definir prazer e felicidade o que leva a lembrar de Goethe nosso poeta quando ele afirma “nada é mais difícil de suportar que uma sucessão de belos dias”, o bom combate me direciona aos empecilhos para os mesmos com a absurda esperança de que ao destravá-los guerreando com seus inimigos por si só os alcançarei apesar de continuar não os decifrando e menos ainda os entendendo.

     Quando ao corpo posso por certo virar o jogo, sua principal característica e destino é ser fonte de prazer e para tal exige apenas maior compreensão, estou mentalmente sempre respondendo as suas exigências e manifestações infelizmente o faço de maneira condicionada por experiências anteriores sem lhe dar a devida atenção, esqueço que tenho que parar sobre cada uma das suas queixas minorando-as, bem como sobre suas satisfações expandindo-as, com a consciência plena de seus movimentos e motivações, por certo a receita ideal de seu melhor funcionamento só cada qual pode aviá-la a si mesmo, o que está muito longe da multidão de treinamentos genéricos espalhados por falsos profetas da saúde.

     O mundo externo hoje completamente dominado pelo homem é o próprio exemplo da nossa incapacidade de querer bem, se era historicamente hostil no princípio quando as duas partes não se conheciam harmonizávamos nossas potências tirando deste a força do nosso crescimento, dominado sublevado em sua característica ele esperneia como um moribundo angustiado em todas as direções, atingindo quem quer esteja no seu entorno de maneira descontrolada e imprevisível convertendo-se então por isso mesmo em um perigoso inimigo capaz de ameaçar nossa futura sobrevivência, também por este viés me parece confortável trilhar o caminho da sustentabilidade o que permitirá que caminhe lado a lado deste em condições de igualdade.        

     No relacionamento com os outros homens, compartilho a opinião da maioria dos filósofos encontra-se a maior dificuldade a realizar, acaricio o sonho de que o seja leve, livre e solto, tenho clareza da complexidade funcional da psique humana com os carregados superegos que cultivamos em nossa curta história sobre a Terra, não acredito que no curto prazo possamos abrir mão da intensidade e agressividade com as quais jogamos as múltiplas partidas que representam cada pequeno encontro, mas como já diziam nossos filósofos, sonhar é preciso.