sábado, 26 de agosto de 2023

Frente a Frente com Quatro Faces da Violência.

               Tão somente a tela branca pode nos oferecer esta alternativa, seis dias quatro filmes e sim quatro faces completamente diferentes da violência são vividas por este seu amigo aqui, todas comoventes e dignas de emoções importantes há crescerem dentro de nós, por certo a violência tem uma amplitude maior, mas é esse momento vivido nesta semana.

 

               Na sala Capitólio no sábado passado “parceiros na noite”, a violência de um mundo sadomasoquista na comunidade gay, por certo nos parece que é impossível existir este ambiente que vivenciamos ao curtir o filme, mas bem o sabemos se tivermos o cuidado de averiguar as fantasias que invadem as pessoas que a realidade se impõe, a ponto de o protagonista, Al Pacino, se envolver completamente pelo ambiente que investigava a ponto de duvidar de sua própria personalidade.

 

               Esta violência é exposta pelo próprio serial killer aparentemente externo deste ambiente onde cometia seus crimes, o invadia para perpetuá-los sob a sombra da não aceitação da morte, ocorrida a dez anos de seu pai.

 

               Já na terça estava frente a frente com a direção de um alemão e seu parceiro romeno a descrever a queda do regime de Ceausescu na Romênia, impressionante montagem de uma narrativa feita pelas câmeras da televisão oficial romena e de câmeras amadoras sobre o levante popular que determinou o fim a deste governo, uma violência em busca de uma justiça social, foi um discurso muito bem organizado de várias câmeras a testemunhar a tomada do poder.

 

               Óbvio, fui tudo muito rápido, desde a tomada do poder até o julgamento e execução do tirano, muita emoção na massa, muitas bobagens individuais e um impressionante não acreditar no que estava a acontecer pelo casal autoritário, a beleza da manifestação popular não esconde sob a inspeção das câmeras as fraquezas individuais a se aproveitarem da comoção geral.

 

               Bom chegou quinta e de novo na sala redenção, estamos falando do documentário sobre a luta do pai de Assange para a libertação do filho “Ithaka – a luta de Assange” é um documentário que mostra o inevitável envolvimento de um pai (também da mulher e mãe dos filhos de Assange) para libertar um ser humano do odioso e violento jogo de poder que o sistema exerce sobre quem ameaça seus segredos de abuso de poder.

 

               Fica bem claro que o martírio de um membro da raça humana, Assange debilitado psicologicamente e fisicamente, é considerado pelos donos do sistema como uma violência aceitável e necessária não só contra ele, como contra todos que puderem ousar enfrentar os constantes erros mal intencionados do mesmo.

 

               Bom fechamos os seis dias no Capitólio, dramalhão mexicano da década de 50, história maravilhosa de uma mulher, libertária e não modelo de bom comportamento social, consegue desafiar todas as violências do destino e terminar vitoriosa e em paz com si mesma, a despeito das violências a que foi submetida.

 

               Desejando muitos e muitos mais seis dias de tela branca como esses.                     

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Nunca há Espaço Suficiente para a Felicidade

 

               Independente do perfil individual, necessidade profunda de receber ou de fornecer, o espaço é suficiente para conter a felicidade, cada momento de ganho é uma insaciável vontade de mais querer, vontade de gratificar mais ou vontade de mais ser recompensado.

 

               Nos deveria ser muito fácil isto entender, pois como o passado é uma inexistência cada passo dado é mais e mais um novo querer, se passa em nosso espirito, assim como no corpo, cada necessidade satisfeita é o estopim de inúmeros novos desejos.

 

               Aquele momento de explosiva felicidade, vive e morre no momento presente, e dele escapam em círculos inúmeras faíscas de necessários novos momentos felizes, quanto maior o grau de felicidade maior a frustração com o fato do mesmo não ser eterno, acrescido da terrível constatação que sua simples repetição seria apenas uma farsa.

 

               Assim nos parece claro que estamos a definir mal o que é a tal felicidade, deixamos em verdade que nos envolva a busca do novo como meta de felicidade e não a continua vivencia do presente, o simples fato de envolver-se por inteiro é o que contém a essência de tudo, a vida.

 

               Por mais curioso que pareça condenados que somos á felicidade, nos rebelamos constantemente contra essa sentença, ora olhando para trás em vidas já vividas ora buscando num imaginado futuro vidas a viver, quando toda nossa realização está no eterno hoje.

 

               Não somos uma super produção que tem que a cada frame ter milhares de efeitos especiais, mas somos sim o todo do universo em cada pedaço do inexistente tempo, mais que tudo não há roteiro no nosso viver, não há texto a decorar, não há cena a representar.

 

               Tal qual o bico da águia no fígado do Prometeu, morremos e renascemos em cada instante o que permite sermos únicos sempre e assim o seremos até que a morte nos separe e nos transforme na vida que é o universo.

 

               Somos sim sempre tudo em nós mesmos e inseparável parte do todo universal, a contraditória identidade única, mas parte de algo muito maior,  é sim nossa continuada opção de viver o presente o que realmente constitui o todo e o faz caminhar.