segunda-feira, 28 de abril de 2014

Da Mulher

     Tenho um fascínio em especial pelas mulheres, sempre as achei espetaculares quanto a sua desenvoltura ao tratarem comigo, sempre as respeitei como fonte de poder e penso ter apreendido muito na minha convivência com elas, percebendo a facilidade delas em evitar o argumento lógico utilizando armas específicas de sua natureza que permanentemente as deixam com razão, apesar de compreender que não posso aplicar esse conhecimento em meu uso.

     Não quero entrar na linha do politicamente correto, pois este é o fugir da realidade e criar cercas imaginárias para substituir o ser homem, então me manifesto sim sobre experiências reais, de quem nunca conseguiu ter razão, não me surpreende a ignorante reação dos despreparados que manifestam sua derrota pela simples violência.

     Começo por constatar que todas tiverem de mim o que pretenderam, elas sempre souberam exatamente o que fazer para atingir seus objetivos pessoais tanto por uma noite, como por algumas semanas ou por anos inteiros, nunca precisei preocupar-me todas sabiam e muito bem o que fazer, apenas necessitava cumprir o meu papel participar ou sair de cena quando assim a quisessem.

     Tive a felicidade de nunca necessitar terminar uma relação, sempre esse foi um privilégio delas, e no momento adequado quando não mais supria suas necessidades, vejo as pessoas comentando que elas são apenas emoção, no meu viver sempre fui emoção e elas razão, a maturidade delas (contra nossa eterna imaturidade de homens, formados por mulheres) aparece no formato de uma lógica de sobrevivência muito "pés no chão", com sólida base no presente contrapondo o meu lado sonhador de um futuro baseado nos fatos vividos no passado.    

     Na incrível conta corrente do poder, sempre meus erros e acertos foram crédito na coluna designada a elas, quando queriam estabelecer-se profissionalmente pude participar, quando precisavam crescer como pessoa e mulher eu ajudei, quando quiseram realizar o sonho de ser mãe estive presente, quando se desentendiam com seus amigos e guerreavam com seus inimigos sempre estive a apoiar, quando precisaram de asas para ser livres e viver a vida soube incentivar, mas nunca consegui estabelecer uma relação de equilíbrio, mas sim sempre devedora isso por mais que cumprisse meus compromissos, por óbvio tudo isso deve ser creditado a dificuldades muito particulares minhas.

     O que só faz aumentar minha admiração por elas, colocando-me constantemente contra a parede, sem necessidade de argumentos lógicos e sensatos apenas administrando o oportuno chorar, o oportuno rir, o oportuno acarinhar, o oportuno recriminar, o oportuno negar, enfim o oportuno sutil ou explícito mandar. 

     Sexo onde sou tão vulnerável elas trabalham bem este fato, sabem usá-lo para a diversão, sabem usá-lo para ter família, sabem melhor ainda usar o negar, a cada momento da vida o administram no nível correto dos objetivos a serem atingidos, falta de coerência? Não, pelo contrário, tomada de decisão adequada ao presente, e sem custo, sem remorso, sempre bem justificada por uma hipotética alma que não precisa de razões, afinal nós homens somos insensíveis, obcecados e elas donas da verdade.

     A defesa está sempre escrita pronta a ser utilizada, sua força é trabalhar a imagem de fraqueza, que se manifesta quando há interesse em dominar, assim mesmo como arma para a batalha contra a Lucidez, bom disfarce, inimigo bem definido a cada momento, justificativas plausíveis, pois não precisa usar a lógica e sim o incômodo, a tristeza a fragilidade tão bem exposta.

     Sempre que se exige sobrevivência os exemplos vitoriosos da mulher são fantásticos, sempre sabe o caminho, sempre persevera, sim tenho apesar do já apreendido muito a apreender.      

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Da Violência

   Penso na violência como algo inerente ao homem, assim sendo não a contesto, a história tem nos brindado com manifestações desta em grande qualidade e quantidade, sua avaliação e suas consequências são sempre dependentes de quem escreve a história, o vencedor será visualizado por atos de heroísmo e bravura, a brutalidade e crueldade será a vestimenta do perdedor.

   Todos nós nos defrontamos com ela, inúmeras vezes somos os próprios protagonistas da violência, muitas vezes só enxergamos a física, quando consequências muito mais graves de humilhação, fome e pobreza são nos apresentadas no dia a dia pela estrutura legal violenta que é a organização social hoje existente em toda a Terra.

   Por sorte, eu particularmente só convivi com pequenos momentos de violência, aqueles normais na infância regrada por preconceito aos alemães no pós-guerra, depois de adulto algumas quatro ou cinco vezes que apanhei de mulher irritada (por certo culpa minha), ou ver quebrarem um a um os discos que eu insistia em escutar e claro como todos sofri a impiedosa violência profissional que é sempre consequência para quem não aceita esta estrutura dita competitiva que nada mais é que a lei do mais forte disfarçada de civilização, lei essa tão antiga quanto o homem.

   Nunca reagi, não é do meu perfil, violência não é inerente a mim, claro busquei me proteger, claro busquei soluções alternativas para evitar consequências graves, porém sempre me seduziu entender o que se escondia por trás da raiva, o que os fazia perder a cabeça, e busquei sim por aí aumentar minha imunidade a ser violento.

   Penso que hoje no Brasil a violência é mais manifestação de despreparo, da falta de investimento em educação, nos dois lados da pirâmide social, o pessoal do topo e da base, pois os diplomas na verdade nada representam num país onde são comprados pelo poder seletivo de participar sendo vedados à maioria na raiz, na oportunidade de obtê-los, se não atacarmos o problema da educação de frente nunca resolveremos o problema da violência, não podemos continuar a ser um povo sem capacidade de raciocínio lógico em sua grande maioria.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Da Solidão

   Busco sempre a solidão isso faz parte do meu ser, e persigo buscando-a nas multidões, nesta busca já construí e não soube manter duas famílias com o saldo maravilhoso de quatros filhos, sem falar nas outras tantas pequenas histórias..., o que não me é novo, já na infância enquanto me preparava para o mundo, durante o dia agitado, envolvido em muitas atividades, convivendo com muita gente, porém de fato, na cama entre o acordando e o dormindo a construir sociedades fantásticas com seus impérios e seus personagens, contando-me essas histórias que vivia meu grande momento.
  
   Em nada isso significa abrir mão da convivência, pois sempre esta por suas diferenças apontava a direção de que comigo mesmo estava o caminho, gosto de contrapor-me aos outros, ver sua força e beleza e com isso, bom observador de seus espíritos, descobrir minhas fraquezas, encontrar meus limites (que são infinitos) e ter o prazer de entender que vivo estou Morrendo.  
   
   Se tiver pontos fracos, esses não me atraem, de nada me servem neles não preciso me apoiar, sempre soube que a vida é só o presente, o passado não te ensina (como a história o passado só se repete por farsa) e o futuro não existe, todos os chavões sobre esse tema, que tanto ouvimos, são feitos apenas para quem não tem coragem de enfrentar que só o presente existe e o melhor deste é o eterno diálogo contigo mesmo.

  A solidão tem esta força, de permitir a construção do teu presente gastar as tuas melhores energias, teus pensamentos, contigo mesmo, aquele grande filósofo alemão Schopenhauer já dizia quem muito lê não pensa e sim pensa o que outros pensaram, assim também quem busca  estar sempre acompanhado em verdade pensa que vive, vivendo a vida que outros viveram.

   Alguém inventou que a fraqueza era o bem, estimulando as pessoas a se abraçarem em mútuos apoios, conceitos morais onde em grupo fogem de si mesmas para buscar a felicidade, não posso de sã consciência acreditar que pessoas que não sabem viver sozinhas possam compartilhar qualquer coisa com alguém, na verdade estão a distrair-se da infelicidade.   


   Claro isso é uma espécie de loucura, pois louco é quem enquadra o mundo com olhos diferentes, mas que fazer é só como sei viver.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Sarau

    Sim, Sarau, por que não Sarau, conduzido pelas mãos decididas, sensíveis e honestas do meu filho, Pedro, encontro espaço neste caminhar, espaço de ver, espaço de ouvir, espaço de compartilhar.

    Escuto as leituras de prosa e poesia, resultado de seu pensar ou da reflexão do pensar de terceiros, vejo coragem de partilhar um pouco de si mesmo, sim mostrar-se, de cada um dos participantes destas duas horas de lazer e companheirismo.

    Vejo o coração de gente a se expor, sabemos o quão difícil é enfrentar a crítica presença do outro sempre pronto a julgar nossos esforços por um ângulo particular de suas experiências, mas à medida que as almas aparecem vencem essas resistências e impõe a alegria de crescerem juntas.

    Não pude deixar de participar, mostrar um pouco das minhas leituras, e inclusive começo mudando o rumo do meu blog, voltando para o geral, desentocando reflexões que sempre gostei de deixar marcadas em linhas escritas do compromisso com a minha verdade.

    Por óbvio, não acredito em verdades absolutas, mal consigo acreditar nas minhas, pois apesar de todos os anos de vida, sei que muitas ainda devem passar pela autocrítica permanente contra a influência gigantesca desta máquina de destruir pessoas que é a sociedade em que vivemos.

    Conjunto de pessoas que se encontram para refletir, não consigo visualizar um sarau de outra maneira, ainda são nortes a indicar caminhos de vida e contra tantos outros que apontam morte.
  
    Duas horas a cada quinze dias, pouco parece, mas não me iludo sei que acrescemos o antes e adicionamos o depois, e na prática vemos que o encontro sempre mexe com muito da gente e por muito tempo.

    Importante saber que não tem contraindicação, não existe hierarquia no saber, existe capacidade de autocrítica, analise lógica, a busca do encontro mais importante que é o conosco mesmo.


    Sim, Pedro, continue me guiando ao sarau, sim sarau, por que não sarau.  

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Me engano, porque eu gosto "III"

        "Não há necessidade de grelhas, o inferno são os outros", já dizia Sartre, e assim dizemos nós acobertando nossas deficiências, trabalhamos permanentemente fazendo papel de vilão (sob a ótica dos outros) e herói (sob nossa ótica).

        Esse comportamento tem seu correspondente na TI, onde o único problema de nossos sistemas são os usuários, claro que os usuários são desqualificados, claro que os projetos são incompreendidos, claro que as definições são incompletas, claro que as previsões são equivocadas.

        Não tenho nenhuma dúvida que trabalho com as melhores ideias, sou melhor em quase tudo principalmente nas melhores desculpas, tenho desde já todos os culpados identificados e certamente não sendo eu os são aqueles que comigo envolvem-se.
       
        Insisto no foco de que o problema não é resultado do que fazem e dizem para o que estamos sempre atentos, mas sim como vejo e escuto quase sempre mascarado pelo filtro da soma das minhas experiências e do fraco autoconhecimento.      

        Ser um time, que infelizmente confundimos com abrir mão em prol de outrem, o certo nunca passou por aí, quanto mais trabalho minha autoestima mais acrescento ao time, o conjunto de individualidades soberanas é condição de sucesso.

        Defendo partilhar definições e problemas, organizados em grupos pequenos, nos quais os diferentes talentos individuais são conhecidos e em cada atividade requerida todos executam todos os papéis, aprimorando-se como indivíduo e crescendo como equipe que assume e executa responsabilidades.