sexta-feira, 29 de abril de 2022

A Sombra da Morte da Poesia Soterrou o Primeiro de Maio.

                Na mesma cova rasa onde jaz a paz universal representada pelo primeiro de janeiro, enterramos o dia do trabalhador simbolizado pelo primeiro de maio, por nossa falência em poesia, por perdermos a capacidade de sonhar.  

 

                Quem pode aventurar-se nos caminhos dos devaneios, assim embebido nesta máquina de forçar movimentos, aparelhados por regras pré-definidas de poder, onde se faz por fazer, sem entender os benefícios a obter para a humanidade.

 

                Se em cada momento do nosso esforço não percebemos o novo que ao final da cadeia construímos para os seres humanos e para a natureza, condenamos a ser indecoroso o ato de trabalhar.   

 

                Destruída a dignidade do trabalho, transformamos em morto-vivo o trabalhador, vira peça de engrenagem substituível e sem valor, simples escravo das premências da sobrevivência.

 

                O trabalhador justifica-se prazeroso sempre que irmanado faz parte da construção de um mundo novo e melhor, para tal é vocacionado, em tal situação não necessita ser motivado ou incentivado, realiza-se pela poesia da própria obra.

 

                Não há dúvidas que o modelo atual fracassou, hierarquizado é fonte inesgotável de desperdício do esforço humano, gerando mais lixo do que utilidade, criando homens doentes em lugar de saudáveis, destruindo a natureza em vez de vivencia-la.

 

                Trans valorar todos os procedimentos associados a produção de riquezas á partir de criativas construções disruptivas com participação protagonista do trabalhador é o desejado caminho.

 

                O Trabalho é um ato voluntário, nunca obrigação de subsistência, o trabalho é engajamento na ficção do viver, nunca cadeia de consumo, o trabalho é celebração de irmandade no altar comunitário.  

 

                Urge ressuscitar o primeiro de maio, reconstruir o orgulho do trabalhador, permitir-lhe a consciente autoria da construção da utopia, para como humanidade festejarmos a grande magia que é a vida. 

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Revivendo Sartre versus Camus. os 50 Tons da Esquerda.

 

                Uma ideia sobre a sociedade humana depende em tudo das contingências vividas por quem as manifesta, nesta complexidade que vivemos hoje, ponho meus olhos sobre os vários posicionamentos da esquerda e de imediato lembro do relacionamento no tempo entre Sartre e Camus.

 

                Por privilégio tive o prazer de ler a obra de ambos bem como a de Simone Beauvoir terceira parte ideológica na vida de ambos, uma amizade estabeleceu-se por inteiro de imediato entre os três por seu pensamento filosófico posicionado e engajado á esquerda mundial.

 

                Enquanto o mundo se batia na questão do colonialismo francês na Argélia e da questão russa referente ao comportamento de Stalin, mesmo permanecendo ambos a esquerda, suas ideias defendidas com intransigência os levaram da camaradagem a inimizade.    

 

                Não me parece tão difícil entender seus posicionamentos em diferentes tons de esquerda se considerarmos antes da ideia as contingências de cada um, Camus argelino emergindo da pobreza e Sartre oriundo da classe média francesa, por certo de ambos os lados houve esquecimento de entender a história.

 

                Quando olho hoje para estes meados do século passado só consigo ver a grande contribuição de ambos para a humanidade através de seus escritos e sua filosofia que somados a dignificam e em nenhum caso justificam o seu desentendimento a nível pessoal.

 

                Não é necessário explicar-lhes porque toco neste tema como reflexão sobre os posicionamentos diversos da esquerda sobre o episódio político brasileiro atual e a questão militar ucraniana.

 

                Estamos inclinados a repetir desavenças pessoais no campo da esquerda, batendo na mesma tecla daquela época, uma busca do protagonismo de cada corrente sem a sensatez de entender as condições que condicionaram cada uma.   

 

                Sempre existirão vários tons de esquerda e tão somente sua soma é que nos levará a sociedade livre e justa que todos sonhamos, a questão não é aderir a uma corrente e sim tirarmos o melhor proveito de seu conjunto de ideias e unirmo-nos na inadiável construção da nova humanidade.  

domingo, 17 de abril de 2022

Os (Falsos) Amigos que te suicida.

 

                Sim estão a espreita os generais, esperam encontrar-te na rede para te ter como combatente suicida, não na tua guerra, mas sim na deles, e como todos os generais no conforto das suas camas, suas mesas, seus bares se dignam apenas a comandar.

 

                Porque precisam ter inimigos? Pelo simples fato de trabalharem o orgulho de si mesmo, sem guerrear, correm atrás de um combatente que justifique sua covardia pela batalha e mate ou morra pela satisfação pessoal deles.

 

                Como não tem coragem de enfrentar seus próprios problemas, escutam atentamente as redes sociais em busca de alguém que lhe dê, em sua exposição individual, a oportunidade de realizar seu (pretenso) bom combate.  

 

                Encontrado o combatente, só lhes resta incentivar compulsivamente a definir o inimigo e impulsioná-lo ao combate suicida, a receita é simples negar-se a ver o outro lado da questão e apoiar o ódio gratuito em nome da força e da redenção.

 

                Claro que em nenhum momento vão entrar na luta, seu objetivo é incentivá-la e assim alimentarem seu ego de (falsos) justiceiros, na prática vão lhe cobrar que coloque sua vida na batalha deles, em verdade não lhes interessa você e sim as próprias necessidades.

 

                Como resultado se não fores as últimas consequências lhe cobrarão o suicídio não realizado, pois internamente assumem-se como fracassados na empreitada, eles só perderam a vaidade de sobre você serem influentes, mas não se aceitam como derrotados e sim tentam repassar para você a derrota.

 

                A quem sobra a necessidade de reconstruir-se novamente é a você, eles darão sua missão como cumprida pois nunca viveram o teu momento, eram as necessidades deles que estavam trabalhando e não as suas.

 

                O conforto da distância que as redes sociais permitem os eximem de todas as responsabilidades, e o trabalho de reconstrução é todo seu se a mesma ainda se mostrar viável. 

 

                Esta irresponsabilidade não pode continuar a gerar vítimas temos que encontrar mecanismos de proteção para a felicidade dos seres humanos nestes tempos tão desumanos.

segunda-feira, 4 de abril de 2022

No Imaginário Desinformado ora somos vilões, ora somos Mocinhos.

 

                Sem dúvida somos o resultado de nossas circunstâncias, as mesmas permitem nos posicionarmos em relação a nós mesmos continuadamente, porém esta revelação é privada, em relação aos outros ora somos vilões, ora somos mochinhos.

 

                Não há por certo, imoralidade neste julgamento, apenas desinformação, estamos em tempos onde abrimos mão de analisar as múltiplas facetas de cada evento em nome da adesão incondicional a uma delas.

 

                A complexidade do ser humano não admite a simples rotulação por etiquetas de bom ou mau, somos sim a composição de todo espectro que vai do definido como mal até o conceituado como bom, incorporamos esta síntese no que chamamos de luta pela sobrevivência.

 

                A velocidade com que os fatos acontecem nestes tempos pós-modernos nos joga em direção ao corner do ringue, o que infelizmente retira-nos a amplitude da visão nos jogando na facilidade do pré-conceito.

 

                É muito mais fácil olharmos o mundo sob o filtro de simplórias verdades, lamentavelmente compradas de outrem em ato de fé cega, não pagando então o esforço de buscar todo o conjunto de situações que levam a execução de cada ato.

 

                O quadro construído com estas tintas e cores nos levam a substituir vida por ficção, o que nos traz a vantagem de termos personagens corretamente construídos e em sua contrapartida nos tira toda a característica de humanos.

 

                Não me parece que seja tal desígnio o planejado para a humanidade, portanto cabe a cada um de nós outros romper esta cadeia com o intuito de assumirmos em definitivo a nossa condição de humanos.

 

                Sabemos bem que não é uma empreitada fácil, desconstruir séculos de inadequada formação é tarefa gigantesca no todo, mas quando vemos que a simples mudança de cada parte do todo, que somos cada um de nós, fará esta revolução pela soma das vontades individuais temos grandes motivos para entende-la como possível e realizável.

 

                Mãos a obra amigos, cada qual com sua tarefa intransferível, estaremos como humanidade construindo a comunidade justa e fraterna que almejamos.