Na
mesma cova rasa onde jaz a paz universal representada pelo primeiro de janeiro,
enterramos o dia do trabalhador simbolizado pelo primeiro de maio, por nossa falência
em poesia, por perdermos a capacidade de sonhar.
Quem
pode aventurar-se nos caminhos dos devaneios, assim embebido nesta máquina de
forçar movimentos, aparelhados por regras pré-definidas de poder, onde se faz
por fazer, sem entender os benefícios a obter para a humanidade.
Se em
cada momento do nosso esforço não percebemos o novo que ao final da cadeia construímos
para os seres humanos e para a natureza, condenamos a ser indecoroso o ato de trabalhar.
Destruída
a dignidade do trabalho, transformamos em morto-vivo o trabalhador, vira peça
de engrenagem substituível e sem valor, simples escravo das premências da
sobrevivência.
O
trabalhador justifica-se prazeroso sempre que irmanado faz parte da construção
de um mundo novo e melhor, para tal é vocacionado, em tal situação não
necessita ser motivado ou incentivado, realiza-se pela poesia da própria obra.
Não há dúvidas
que o modelo atual fracassou, hierarquizado é fonte inesgotável de desperdício
do esforço humano, gerando mais lixo do que utilidade, criando homens doentes
em lugar de saudáveis, destruindo a natureza em vez de vivencia-la.
Trans
valorar todos os procedimentos associados a produção de riquezas á partir de
criativas construções disruptivas com participação protagonista do trabalhador é
o desejado caminho.
O
Trabalho é um ato voluntário, nunca obrigação de subsistência, o trabalho é
engajamento na ficção do viver, nunca cadeia de consumo, o trabalho é
celebração de irmandade no altar comunitário.
Urge ressuscitar o primeiro de maio, reconstruir o orgulho do trabalhador, permitir-lhe a consciente autoria da construção da utopia, para como humanidade festejarmos a grande magia que é a vida.