Caros
programadores de cinema da nossa bela cidade, Porto Alegre, que lhes parece um
pouco de sexta geração do cinema chinês, não seria uma boa ideia? Terminei a
leitura de “O mundo de Jia Zhangke”, oportuno seria ver agora na tela grande o
trabalho deste cineasta, e confirmar o somatório de elogios recebidos, não
fiquei apenas lendo neste fim de mês, pude ver três filmes na semana “Django
Livre” dirigido por Quentin Tarantino, “O Franco Atirador” a obra-prima de
Michael Cimino e “Top Girl ou a Deformação Profissional” da Diretora Tatjana
Turanskyj.
Essa China, da
poesia dos seus jardins e dos contos de rolo, da mudança acelerada de fotografia
nessas últimas três ou quatro décadas, da alma de seu
povo os cidadãos simples envolvidos por esse verdadeiro furacão de mudança, da
qual o diretor Jia parece ser seu melhor pintor, é ela que eu preciso conhecer
por meio da exibição dos seus filmes, já perceberam que gostei muito do livro e
agora é preciso vê-los na sala de cinema que é seu lugar de direito não no
computador, não ficaria feliz de por extensão de punição me vedar assim como o
fizeram ao diretor aos seus primeiros filmes o circuito oficial de
distribuição.
Quanto a essa
bela obra de Tarantino, sendo quota obrigatória ou não, sua qualidade de
roteiro e filmagem é indiscutível, o debate que fica é a questão da escravidão se
é oportuno seguir trabalhando o tema ou não, os argumentos contra e a favor são
muitos, eu particularmente gostei do foco do filme, um faroeste onde nosso
herói é um negro que cumpre todos os rituais desse tipo de filme vencendo a
tudo e a todos e chegando ao seu objetivo que era voltar com a sua mulher a
heroína negra que falava alemão, menção honrosa para a interpretação do caçador
de recompensas por sua fina ironia.
Discussão sobre o
fracasso do Vietnã? Lembrem-se o filme O Franco Atirador foi lançado muito
próximo da retirada americana daquelas terras, Cimino nos apresenta essa
derrota sem poupar em suas imagens o verdadeiro caos que foram aqueles últimos
momentos, mostra-nos ainda o contraste da alegria de uma cidade pequena antes
da ida ao front e sua sorumbática face ao retorno do que sobrou da intervenção
militar, um deficiente físico, um morto e um sobrevivente angustiado pelo
terror vivido, bom filme soma muito para a luta contra essas guerras inúteis.
Não existe alma nessa
profissão? Top Girl ou a Deformação Profissional, da diretora feminista nos
pareceu incompleto, se atendeu o objetivo de chocar, chamar atenção para o
descalabro das situações vividas, a quantidade de fraturas expostas nos
envolvidos em cada um dos simples encontros sexuais, esqueceu-se por completo
de mostrar o contraponto da pessoa que estava por trás da “deformação
profissional” e tinha muito a mostrar, candidata fracassada à atriz, mãe de uma
menina, tinha toda uma construção pessoal que podia ser explorada e da qual
senti falta, realmente não consegui compreender a contribuição ao para o
feminismo do filme.
Pronto paguei
minha dívida com vocês, partilhei minha semana em relação à sétima arte, se
nenhum proveito desta narrativa for possível tirar no mínimo ficaram informados
do que curti e talvez provocados a ver os filmes do seu particular ponto de
vista, que por certo é a única maneira de vê-los.