sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Em Sintonia com o Caos

     Caos sinônimo é de natureza e por extensão de ser humano, por mais que se defenda a organização como status de excelência constata-se que só há criação na desordem e assim sendo só podemos esperar vida quando sintonizados com o caos, a organização tem destino certo a morte porque trabalha com o passado e com o futuro o que por si só é uma impossibilidade, se falo de vida falo de presente tão somente.

     Todos os nossos esforços mentais são dirigidos a controlar a infinita vontade de afirmação da existência inerente ao homem, assim o é por um erro histórico da humanidade que instituiu como verdade o  desencontro da atividade cerebral com a dos sentidos, o corpo humano não pode ser dividido em duas entidades espírito e carne, pois só funciona em plenitude na fusão destas duas características em uma entidade única  própria explosão da vida.

     Não alavancamos o homem novo e sua principal dádiva que é um mundo justo devido ao sistemático combate feito pela maioria medíocre a esta maravilhosa maquina de decisões que é o ser humano, o risco que significa decidir é combatido por todas as formas de organização criadas para exercer poder, entender todos os caminhos e escolher é visto sempre como sinal de resistência a opressão, as estruturas formais com suas regras e suas leis disfarçam sob os slogans falsos de liberdade democrática e utilidade pública a submissão almejada pela maquina de poder.

     A desobediência civil sempre que resultado da consciência do homem no exercício da sua liberdade é por si só a experiência mais justa que possa ser vivida, maldosamente rotulada de desordem nada mais é que a encarnação da liberdade do homem a lançar suas forças para o bem comum da comunidade de transcendentes ao encontro da utopia criadora, não existe o melhor caminho tampouco um oráculo deste, existe o caminho escolhido e este por sua vez nos abre um novo conjunto de opções.

     Construímos grades de argumentos lógicos para nos aprisionar, justificar o abrir mão do existir combater nossa sede de conhecermo-nos e gostarmo-nos, como se o discurso em si mesmo pudesse transmutar-se em vida, todo o discurso fala do passado e não pode ser uma resposta ao presente além de ser inelegível por qualquer ouvido que não seja o que o proferiu e mesmo este não o reconhece por que já não mais o é ao escuta-lo com o filtro do presente.

     Quando dispomos um conjunto de pensamentos no papel é uma pequena foto de um momento nosso o que libertamos, sem nenhum tipo de pretensão que não seja oportunizar a recriação do mesmo para seus poucos leitores ou até mesmo deixar pegadas que talvez nunca sejam vistas, provas de uma existência e isso por si só é o suficiente, não se busca aprovação nem tampouco seguidores e muito menos ainda algum tipo de crédito até porque as verdades são individuais no restrito espaço do tempo acontecido.


     Este é o caos que quero sincronizar de viver o momento em sua plenitude consciente.       

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Sou Otimista, mas que Momento!

     Desfazer quaisquer mal entendidos é por si só uma impossibilidade, pelo simples motivo que consenso é apenas uma palavra e não um fato, na real o que ocorre é que inserido em uma determinada situação acomodam-se as opiniões sempre subordinadas à lei do mais forte, caso esteja, pelo menos aparentemente, protegido do acesso de outros ao ambiente onde me manifesto tendo a defender com mais veemência e facilidade minhas teses.

     Consequência primeira do exposto acima são os diálogos antagônicos extremados nas redes sociais, onde vender uma imagem de si próprio é o mais importante, a ausência de qualquer contato sensitivo entre os participantes permite interagir em ambientes disjuntos onde o fake de si mesmo fica com a sua imaginária personalidade fortalecida, o que é estampado em nós na mistura confusa de personalidades a construída durante a existência e a construída para existir nas redes sociais.

     Bom eu vou admitir não pré-julgar o nascimento deste homem miscigenado em seus mecanismos de pensar, por um lado pela influência dos anos da civilização tão bem administrado pelo seu principal instrumento de poder, o familiar, por outro aspecto este espírito das maiorias globais medíocres estabelecidas pela total conectividade da sociedade moderna, o futuro dirá quem é este ser que aí estamos vendo, porém não posso ignorar o momento social vivido que é de enorme desesperança entre a grande maioria dos homens.

     Então se meus textos parecem pessimistas saibam que sempre me coloquei e quem me conhece um pouco também me coloca, entre os otimistas, as denúncias contra as estruturas de poder estabelecidas em todos os níveis desde o núcleo familiar até os grandes organismos oficiais de controle social, a estes em seu conjunto denominamos democracia e é desde há muito tempo um jogo de cartas marcadas, apenas refletem o mau momento vivido pela humanidade o que no meu viés otimista nada mais é do que um pré-anuncio da mudança.

     Não é novidade para ninguém a crise ser o pré-anuncio de mudanças, admito que frente a estas exista vários mecanismos de contorno para sua sobrevivência, mas pessoalmente estou convencido do esgotamento destes aparatos, é o que vejo na anemia social reinante que nada mais é do que fotografia da morte do sistema, bom então é por aí que entra meu otimismo um sistema deposto representa um novo sistema reinando no qual coloco todas minhas fichas em uma sociedade melhor e viva o novo homem e a nova humanidade.


     Por certo temos que aumentar o numero dos evangelizadores da resistência, trazendo em seu bojo a reflexão séria de uma natureza justa onde seus integrantes são plenos em si mesmos e tratam-se como iguais em seu sentido mais amplo do termo que é o das oportunidades entre indivíduos sempre diferentes.        

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Sistema Perverso Aumenta Diferença entre Pobres e Ricos.

     Esta crescente e explosiva diferença de concentração de riqueza por alguns poucos ricos em detrimento da enorme maioria de pobres, constatação comprovada por todos os estudos econômicos feitos sobre distribuição de renda, afronta-nos como uma chaga viva da humanidade por sua exposição de crueldade sofisticada ao qual chegou o exercício do poder nestes nossos tempos de dito avanço civilizatório.

     O roteiro e direção desta ficção onde se combate à existência do homem espalhando morte em vida nem mais tem autoria, tornaram-se entidades autossuficientes, hoje quem pensa que articula, inova e comanda em verdade é apenas um degrau a mais na hierarquia dos submissos, uma cadeia de acorrentados a mercê das garras do poder, esta força físico moral, entidade perversa e cria do imaginário da humanidade.

     A hipocrisia dos conceitos sobre liberdade seguida por inescrupulosos defensores de causas próprias a justificar a exploração do outro como recompensa justa por um mérito discutível, nada mais é do que a versão moderna da lei do mais forte, onde abençoado pelos deuses e justificado na lei é todo o ato do vencedor independente da trapaça utilizada na disputa, a própria desonestidade é considerada talento de vitoriosos.

     A dita e enaltecida razão nada mais é na prática do que um conjunto de argumentos lógicos, matemática pura com suas induções e deduções usadas como arma de imposição de vontade, muito mais uma habilidade do que um espelho da realidade que utiliza de maneira contumaz evidências não provadas como instrumento de submissão do oponente, enquanto a verdade é de fato experiência de vida que hoje se expressa por uma interminável batalha de dominação e submissão.

     O perverso no sistema como um todo é o tamanho e quantidade de inverdades e as consequências psíquicas que elas geram em toda a população mundial, somos uma sociedade extremamente doente estando permanentemente afastados do prazer e da felicidade os poucos e fugazes momentos que nos aproximamos destes só tendem pelo que são de fugidios e frustrantes em ampliar nossa enfermidade.


     Urge resistirmos a este sistema via desobediência civil como caminho que nos resta para fugir da mesmice ao qual o sistema nos condena e encontrarmos a justa distribuição do produto global da humanidade o que é por direito de todos os seres humanos independente do papel de cada um no processo de produzi-la, esta sinergia entre os homens, natureza e suas riquezas é a tão sonhada conquista a ser obtida.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

O Homem na Proximidade do Caos

     Estamos andando sobre aquele fio de aço, cada vez mais disjuntos dos nossos iguais, a centena de metros de uma realidade para nós incompreensível, a única certeza que temos é a da fragilidade de nosso equilíbrio, conseguimos saber que o fio é resistente, mas de ponto de apoio insuficiente, ao menor deslize desabamos rumo ao desconhecido onde estaremos abraçados ou definitivamente afastados do prazer e da felicidade.

     Faltam-nos as pontes largas do conhecimento de nós mesmos, as trocamos por um fino fio da construção lógica de argumentos, podemos combinar conceitos infinitamente, até delegarmos a cérebros eletrônicos o ato de fazê-los, chegaremos a verdades matemáticas nunca ao entendimento do homem por uma insistência absurda em negar a origem de todas as coisas que é a junção dos sentidos ao seu espírito.

     Nosso movimento nestes inúmeros anos como humanidade tem sempre uma só direção explicar e não entender, montar conceitos e não viver, fugir e não parar para encontrar-se, sendo que esta opção nos conduz a lógica do exercício do poder e ao jogo de extermínio que nós como um todo social nos dedicamos continuadamente esta nossa sociedade se transformou em uma corrente de antropofagia.

     Para justificar o autoaniquilamento nós temos todas as teses, nós temos todas as escolas, nós temos todos os estudos, nós criamos deuses e verdades a nos darem razões, por outro lado quão pouco nos dedicamos a entender o jogo de dominação submissão que nos corroí por dentro e é o centro de quase todas as falsamente definidas como doenças modernas que resultam desta pressão insuportável da entidade impessoal do poder atingindo a todos humanos e assim mostrando-se de maneira diversa em cada um de nós.

     Como aceitar a continuidade deste processo de levar o homem individual ao caos sem tomarmos nenhuma providência, tudo feito com o intuito de transformá-lo em uma parte de uma maquina planetária de fazer inutilidades, lembrando um enorme formigueiro com suas funções bem definidas e atribuídas a cada um de seus membros, processo este ao qual o ser humano em autodefesa recolhe-se a si mesmo como expressão de sua resistência inviabilizando sua dimensão social, por certo é assim que nos querem a todos nós.


     Sabedores que somos do fato de o pensamento humano ter criado esta armadilha que lhe escapou do controle dominando-o, isto muito antes do que as proféticas e famosas maquinas da ficção cientifica o fizessem, cabe a nós um enorme esforço de desconstrução desta teia indesejável de conceitos crias nossas a partir de Sócrates, onde esquecemos o homem para trabalhar apenas ideias e submetê-lo a estas.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Humanidade Corrompida Espelha Decadência

     Sempre que escuto as afirmações sobre o final dos tempos me espanto com nossa capacidade de encontrar signos para uma onipresença que nos condene a uma eternidade de alegrias ou sofrimentos, esta busca permanente de uma zona de conforto individual empurra-nos definitivamente para a autoabsolvição e afasta-nos da luta por um mundo de homens plenos na sua relação consigo, com o outro e com a natureza.

     Os grandes ciclos da vida no planeta medem-se sim em milhões de anos e nossa cultura de alguns milhares de anos trata disso como se tivesse algum entendimento de como será o inicio do próximo ciclo, quando bem sabemos que estamos tateando no conhecimento dos ciclos anteriores e nos detalhes do ciclo atual o que transforma todas as hipóteses em simples exercícios de premonição.

     O assunto só é atual por ser grande o aumento dos níveis de intolerância na sociedade globalizada e se acrescermos neste contexto, como agravante, uma passividade crescente em quantidade e intensidade salta aos nossos olhos que uma ditadura das minorias estabelece-se fundamentada exatamente nestas características indesejáveis e na diminuição do espírito de resistência que de fato é o grande construtor das utopias.

     Corrupção é um dos marcos sinalizadores deste momento, definida pela opção pessoal ou de um grupo de obter e/ou fornecer vantagens indevidas em trocas privadas de favores, escancarando o egoísmo e o descompromisso com a maioria passiva da população, ela prospera e engorda dia a dia amparada pelo relaxamento dos controles e por uma sensação crescente de impunidade dos executores sempre mais tentados pelo incentivo ao consumo desenfreado estabelecido.

     O que vemos é um grande mapa da decadência a cobrir todos os cantos do planeta, mais visível no que chamamos de terceiro mundo por suas características de continuado alvo de exploração dos mais desenvolvidos, não que pessoalmente aposte em uma sociedade moral até porque não coaduna com meus pensamentos, mas por acreditar no homem integro e justo que no seu gostar é incapaz de tirar vantagens indevidas de outrem, seja quem for este outro.

     Continuo apostando no caos como fenômeno regulador, pois a ambição desenfreada leva a impossibilidade de manter o equilíbrio social e a permanente tentação de forçar um pouco mais, inerente ao explorador, inevitavelmente romperá as amarras e libertará a sociedade como um todo, tenho a pretensão de imaginar que todos os truques já foram realizados e a explosão da organização esta prestes a acontecer, como se manifestará e quando por obvio não posso prever, mas a vejo trilhando um caminho sem volta.

     Reforço então esta necessidade do exercício da resistência com seu papel evangelizador e a ampliação do espaço de luta, entendendo como consequência do caos a construção de um mundo novo este deve estar amparado nas causas justas que são aderentes ao homem pleno e justo.  

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

O Sol Brilha Desigual Entre Nós

     Como duas pessoas não podem ocupar fisicamente o mesmo lugar neste nosso planeta, o que deduzimos pelo conhecimento que temos a nosso respeito e da terra, obviamente não invalidando esta possibilidade no futuro, não veem o mesmo sol e sim sois particulares de cada um e como tal em tudo tem suas verdades particulares sobre as coisas e os fatos.

     Nem sempre, até insistiria em afirmar quase nunca, o que chamamos de verdade é vista por diferentes pessoas por ângulos iguais, evidente é que ao respeitarmos as diversas experiências de diferentes pessoas este fato será constatado, impossível exigir que uma grande alegria pessoal assim o seja também para os outros, devemos contentar-nos com a percepção deste que estamos felizes admitindo que o mesmo não conheça as nossas motivações reais para tal.

     Enquanto transitamos apenas nas visões diferentes de uma mesma atitude podemos trabalhar isso com tranquilidade teórica de que os desencontros são inevitáveis e assim funcionam no dia a dia, quando avançamos para a dimensão social do homem sua interação com seus semelhantes em rede, nos deparamos com os sentimentos provocados pelos diferentes interesses de cada um de nós formando uma contabilidade de afetos e desafetos que podem sim gerar mal entendidos e influenciar definitivamente as relações entre as pessoas criando amizades ou inimizades indesejadas.

     São questões de dificil prevenção ou correção, por exigir de parte a parte atitude de paciência com a consideração das dificuldades do outro no entendimento das motivações particulares de cada um, o seu grau de dificuldade aumenta exatamente pelo que colocamos acima, os pontos de vista subjugados as experiências que não são comuns somados a objetivos particulares de dificil verbalização e entendimento pelo outro.

     Também somos obrigados a admitir conhecer muito pouco a nosso respeito, a navegação em nossas motivações internas é dificil mesmo com ajuda de profissionais externos estudiosos da psique humana, nossa memória é por demais seletiva e o que vemos de nós mesmos é a parte que nos interessa para manter nossa integridade pessoal, um grande mecanismo de defesa na nossa empreitada de mantermo-nos vivos.

     Este complexo de corpo e espírito organizado em redes que é a humanidade acaba por conduzir-nos a armadilhas de bom e mau querer, seria altamente desejável evitar o risco de nelas cair, para tal, evitarmos sistematicamente de associarmos valor positivo ou negativo a atitudes que não sejam nossas sempre podemos tentar entender as nossas motivações o que é complemente impossível em relação a outrem as quais só podemos julgar e por certo sempre fadado ao erro de sentença.  

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Sua Vida de Desempregado já Começou!

     Quer admitas ou não seus dias como trabalhador estão terminados é que determina a nova ordem econômica social imposta em momento de apogeu tecnológico aliado a ganância por mais valia do ser humano, vão lhe entregar como companhia para sua nova solidão natureza e homens manietados em sua essência que é a capacidade de existir integro.

     Tudo deveria nos indicar que esta situação sintetizasse o melhor momento para a humanidade isto é um homem com todo o seu tempo dedicado a si mesmo e a sua relação com o outro com a natureza, a completa liberdade de tarefas rotineiras desimportantes nos lançando em direção ao espírito e a arte como instrumento de prazer e felicidade.

     Admitamos que os sinais que lemos no contexto planetário não apontam para este rumo, tudo indica que teremos o ser humano despreparado para este momento, muito fragilizado devido à imposição de objetivos adquiridos por osmose na convivência social e que deixam de ter sentido nestes novos tempos, sem condições de reescrever sua história interna candidata-se a mais uma rodada de falta de adaptação comunitária.

     Defendo vigorosamente a construção de pequenas comunidades de interesse, mesmo que não sendo de reflexão sobre este tema específico pelo simples fato de colocarem foco em temas comuns serve como pedagogia para aderência aos novos ventos que varem nossas vidas, onde a ideia de partilhar emoções e conhecimentos pode encaminhar no espírito de cada um a redenção.

     Vislumbro também a aproximação de tempos de desobediência civil como prenuncio da eminente queda dos muros do autoritarismo representado pelos governos e nações, estrutura de poder apodrecida por sinal há muito tempo já morta começa a expor seus maus cheiros e um novo tipo de governança mundial já nasceu e tão somente aguarda o momento de sua revelação para ser abraçada como uma causa de todos.

     Esta quebra de paradigma representada pelo mundo novo nascido de um homem reinventado por si mesmo é a tão sonhada revolução destinada a privilegiar o ser humano a sua relação com a natureza contrapondo-o a importância que hoje damos as coisas, aos processos e as questões de política e economia global, desconstruir o que ai está para permitir que nasça uma sociedade onde a base de tudo seja o Homem é o mote para a poesia dos novos tempos.


     Dar testemunho da morte da sociedade que aí está oferece-se como caminho evangelizador para o que está por vir, como sempre os restos podres dos organismos mortos são os melhores adubos para a nova vida que nasce, mesmo que hoje não a podemos qualificar e explicar os aromas que sentimos no ar torna sua presença algo inquestionável.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Apocalipse Tecnológico o Homem sem Dimensão Social.

     Os profetas dos novos tempos buscam refúgios em lugares isolados construindo verdadeiras fortalezas com intuito de proteger-se da multidão presumivelmente furiosa de desempregados que adivinham nascerá da acelerada automação dos processos produtivos onde o homem é cada dia menos necessário, nestes espaços pretendem ser autossuficientes e assim resistentes à revolução anunciada por eles mesmos.

     Não me surpreende que em sua grande maioria sejam executivos bem sucedidos na indústria de produção de tecnologia informação onde em contato permanente com a construção de software destinado a exatamente promover esta economia de postos de trabalho na agricultura, na indústria e nos serviços, sendo testemunha do processo de acumulação de capital que não abre mão de longos períodos da vida destinados ao trabalho em detrimento à distribuição da riqueza com a ampliação dos tempos de lazer.

     Como se fosse possível à existência do homem sem sua dimensão social buscam empreendimentos individuais sem avaliar o risco que a inexistência do outro gera para a sua própria integridade, sua estratégia de defesa peca pela própria definição de ser humano o isolamento passa a ser a nova ameaça a anunciar-se como tormenta inesperada a desabar sobre suas próprias cabeças.

     Certo está que com exceção de minoritários movimentos alternativos ligados a vida autossustentável eu não vislumbro nenhum trabalho sério na busca da eliminação da má distribuição da riqueza, comprovadamente em muito aumentada pela automação, menos ainda na preparação de uma sociedade com muito tempo livre ocasionado pela diminuição da necessidade do trabalho humano, não temos o homem preparado para tal nem do lado dos exploradores dominadores muito menos por parte dos explorados dominados.

     Teoria com base em analise histórica equivocada de que a eliminação de postos de trabalhos obsoletos gera em seu ventre novas oportunidades não mais se sustentam dentro do processo social de construção de uma sociedade onde a utilização de inteligência artificial associada a velocidade do processamento de informação cresce de forma geométrica, tendo já esgotado todos os artifícios de geração de lixo a ser consumido certamente não mais teremos como ocupar o homem na atividade produtiva.


     O modelo está esgotado característica facilmente identificada na cadeia de pessoas infelizes que o mesmo está produzindo, existe uma insatisfação generalizada de seres humanos desencontrados a jogarem todas as suas fichas na desconfiança em relação ao outro, estéreis em sua capacidade de doarem-se caminham como zumbis, sem que se vislumbre o nascimento de um modelo novo mais justo o desafio está colocado, como reinventar o homem pleno em sua dimensão social em um mundo com pouco trabalho humano necessário.             

terça-feira, 11 de julho de 2017

Nossa Decadência o Livre Direito de Matar.

     Pesa muito respirar este ar viciado do lugar onde buscamos o pão nosso de cada dia, suas mazelas são todas conhecidas, não por isso é simples enfrentá-las, o estomago deve ser forte para não colocar de volta as razões podres artificialmente edificadas, construções teóricas á justificar o crime de canibalismo exercido pela maquina de produzir desperdício, sempre à custa de outros seus iguais, este teatro de horrores onde seus personagens justificam-se sob uma pretensa habilidade individual que nada mais é do que adequar-se á maquina bem azeitada de moer seres humanos, que por sinal não é por eles comandada e na qual fazem parte também como matéria prima a ser consumida há seu tempo.

     Pesa muito respirar este ar viciado de uma justiça que joga na rua inúmeras famílias compostas de desprovidos de teto, o pretexto é uma hipotética propriedade privada, quando bem se sabe que esta mesma propriedade foi construída utilizando a violência direta da usurpação ou então com habilidosos recursos pretensamente legais por leis escritas apenas para legitimá-la, arma-se este teatro que chamamos judiciário com a única razão de manter sob as botas dos tiranos da elite a população para tanto se paga muito bem os seus atores como sempre com as migalhas do banquete que a espoliação de seres humanos sustenta, simplesmente são os guardiões do roubo.

     Pesa muito respirar este ar viciado das políticas locais e mundiais que de fato não se diferenciam muito as benesses distribuídas no que chamamos de primeiro mundo tem muito a ver com os pesados tributos pagos pelo terceiro mundo sob a coação direta ou indireta das armas, o que pude viver nos seus dois extremos o golpe sangrento opressor de 64 que foi comandado e instruído diretamente pelo império, bem como esta brincadeira de manipulação do povo construída pela inteligência contida nos grandes big datas e com o indispensável apoio dos lacaios locais da política da imprensa e do mundo dos negócios a serviço do mesmo império.

     Pesa muito respirar este ar viciado da pantomima social da depressão gerada por falsos desejos de consumo implantados nos seres humanos com o objetivo de matá-los no que tem de mais puro, sua essência que é o amor por si mesmo e pelo outro, destruindo-os como homens pela impossibilidade de alcançar prazer e felicidade nesta competição esdrúxula da busca da diferenciação pelo ter e não pelo ser, a própria efemeridade das coisas capazes de serem possuídas o deprime e o infelicita, mesmo quando não tem compreensão plena que a posse é sempre resultante da fome do outro, condena-se pela comparação que impede a composição que é a grande vocação entre os homens.


     Todo este gigantesco circo é, porém de uma fragilidade enorme, a sua construção apoiada em estruturas baseadas no desejo de consumo, é facilmente abalada em um simples ato de vontade, o de não consumir, se os povos deixarem de consumir saudades terá das grandes depressões econômicas, pois não sobrará pedra sobre pedra do que ai está, estaríamos construindo um mundo novo sustentado ai sim pela força do homem.      

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Temos sim Força para Derrubar os Muros.

     Ambiente hostil para seres humanos nesta sociedade construída em pilares onde se ergue estatuas para os maiores predadores de seus iguais, onde a astúcia no ludibriar o outro tem sempre o prêmio maior, onde o sangue e o suor de terceiros é glorificado como troféu, onde a vocação política do homem é exercida contra o mesmo, onde as relações transparentes são impossíveis pela paixão trapaceira das cartas escondidas na manga, onde se tolhe o crescimento individual para evitar a rebeldia tão natural no homem e única força capaz de construir um mundo melhor.

     Destruir o homem é uma tarefa inviável por sua vocação para a potência por mais amortecido que esteja hoje como resultado de artimanhas típicas de quem exerce o poder, ele guarda dentro de si esta semente de transcender, seus limites são falsificações forjadas por interesses espúrios desta quadrilha instalada tão somente para submetê-lo explora-lo e como tal é uma vitória de piro que o mantém adormecido, mas não lhe rouba a força interna pronta a explodir a qualquer momento.

     Insisto que tal qual no filme Matrix estamos vivendo uma realidade virtual que chamamos democracia onde na verdade as garras fortes do poder são exercidas com poderosas tecnologias de persuasão e controle, sabem muito mais de nós do que imaginamos e nos administram por algoritmos de manipulação do que é mais sagrado no homem o direito ao desejo, só podemos vencê-los lutando contra a existência das nações e seus governos na busca de uma comunidade planetária que se autogoverne.
           
     Não gostaria de deixar em aberto à questão da individualidade sem uma revisão pessoal em nossas atitudes para conosco e com os outros nada será possível, não se constrói um mundo novo com pessoas velhas, enquanto nos mantermos distraídos em movimentos inúteis tais quais mariposas no entorno de lâmpadas apenas estamos antecipando nossa morte pessoal em favor de uma comunidade acéfala, pode parecer cômodo não viver deixando que a correnteza nos leve aonde deseje, porém sem o exercício da liberdade do pensar, mortos vivos, nunca vamos experimentar o prazer e a felicidade que é a essência da nossa existência.


      Temos sim força para derrubar os muros nosso exército de livres pensadores pode sim explodir a base do poder que esta podre, de fato esta destruída á priori, o que o mantém são os escravos feitores que ainda não se deram conta que estão recebendo as migalhas da mesa para espezinharem seus irmão e assim sendo humilhados em sua dignidade, amigos a desobediência civil e muito mais do que um direito é uma obrigação dos homens justos e de boa vontade.

quinta-feira, 29 de junho de 2017

A Sequência de Passos em Falso

     Nossa vocação social para assassino serial é por demais conhecida, explorada nas dobras do tempo desde sempre por filósofos, artistas e pensadores em geral que ao liberar aos quatro ventos a bandeira da esperança nos alertam quanto ao risco de matança desordenada de seres humanos que a dita civilização teima em realizar.

     Ouvidos moucos são o que mais temos em uma cegueira crescente que se estabelece como movimento coletivo suicida, enfim decididamente verificamos que as pessoas abriram mão de pensar, desistiram de ser e dedicam-se a este tipo de esporte do qual, por mais que tente, não consigo entender as regras, jogam-se aleatórias trocas de palavras, empilhadas em frases que são cópias da copia copiada, para nada dizer além do fato de que se abriu mão da vida inteligente.

     Sempre que pudermos acordar que a finalidade da vida é o prazer, acrescido da necessidade de embriagarmo-nos de felicidade e admitindo que só possam ocorrer tais realizações, prazer e felicidade, se nos posicionarmos por conscientemente transitarmos onde de fato todas as coisas acontecem que é o espaço da plena compreensão e completo uso de todos os sentidos deste nosso corpo uno em suas dimensões físico espiritual.

     Como então justificarmos esta sequência de passos em falso que insistimos em realizar com um continuado processo de movimentos inúteis onde nunca sairmos do lugar, pois são apenas reflexos condicionados pela sociedade, dita civilizada, em assumida fuga do desejável encontro do eu, quando o sabemos ser este último, o ato de encontrar-se, o único a ter o potencial libertador capaz de realizar em nós a vida.

     Organizamos as coisas e as operações em favor do manter o homem sempre ocupado, com inutilidades para si e para os outros, mantendo-o distraído de seus próprios fins e desejos, não satisfeitos com esta armadilha contra a sadia existência humana, avançamos em nossos propósitos falsificando desejos para mantê-lo preso a esta cadeia de desesperança, pois a realização de falsos desejos apenas gera angústia, depressão e uma viciosa busca de novas miragens.

     Neste estágio quando o homem busca satisfazer a sua vocação social não mais quer o homem de carne e osso, mas sim a imagem de um ser inexistente, cujo resultado é minar de antemão o relacionamento possível entre nós seres humanos, conduzindo-o ao fracasso dos desenganos e ao clima de antagonismos que vemos hoje na maior parte das relações, no fundo é o encontro de traídos pelos seus próprios equívocos.


     O brado que vejo em crescimento na nossa comunidade de seres pensantes é por um encontro de caminhos que possam permitir construção pessoal de homens livres capazes de lançarem-se na direção aos outros seres humanos em situação de igualdade e fraternidade, e assim irmanados conviver em grande harmonia com a natureza como um todo, aí esta uma boa luta para defender e incentivar.

domingo, 25 de junho de 2017

Impotência do ser

     Quando o mundo te pega de jeito ao lhe impor a humildade de perceber sua impotência de marcar com rumos felizes os caminhos das pessoas a quem amas, a tua insignificância frente aos desatinos programados pela selvageria torna-se tão evidente que o gosto das tuas palavras doces traduz-se em cheiros amargos, tens que lutar bravamente contra a tristeza interna que tal incapacidade lhe provoca, o que lhe salva por certo é o conhecimento que tal estado de espirito além de nada ajudar só pode arrastar suas benquerenças a situações mais difíceis.

     Seus conselhos contra a fome mais parecem ironias de quem de barriga cheia ostenta tal superioridade contra o amado, sua fortaleza mais cheira a opressão do bem aquinhoado sobre o desassistido, seus privilégios respingam como gotas potentes de fel a queimar o espirito do desprovido, todas tuas juras de amor transformam-se em sentenças vazias a condenar-te a infertilidade de gerar felicidade independendo de que esta seja teu principal desejo.

     Esta tua alma cujo cheiro abraça a ti mesmo tendo o tamanho da aridez do deserto onde teus intentos oscilam entre a noite que esmaga de frio a quem mais queres e como contraponto o dia que infecta de febre o ser que desejas amar e proteger, maldita hora esta onde enxergas teu ventre murcho e estéril, todas tuas boas intenções são apenas uma multidão de inutilidades que mais atrapalham o alvo de tua devoção.

     Dos inimigos mais fortes não lhe assustam as ameaças que contra ti teimam em transformar em realizações, podes sim enfrenta-las e vencê-las sempre, todavia contra os seres que tens os maiores e melhores sentimentos em teu coração estes mesmos adversários triunfam sobre ti por tua completa falta de destreza em combater.

     Neste tribunal onde te julgas tens a sentença a priori lavrada com a condenação pesando sobre ti mesmo, a guilhotina que decepa o mais bonito existente em ti o teu bem querer por outrem te separa do prazer e da felicidade que são a síntese do que denominamos ser humano.

     Pode parecer injusto que as coisas assim lhe aconteçam, sentimento este que de cara em ti é contradito pela admissão que não soubeste ler todos os indicativos relacionados à aproximação da tormenta, apesar dos mesmos estarem escancarados na tua frente, entre tantos motivos talvez o principal seja o desleixo de olhar o céu ou quem sabe o preocupar-se demais com seu umbigo que o cegou ante a tragédia e contra esta hoje somente consegues lamentar.    

     Resta então erguer a cabeça submeter-se ao aprendizado que levará a enfrentar melhor preparado as inconstâncias do porvir, vivendo sempre melhores presentes que é tudo em que se pode confiar e acreditar. 

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Felicidade Iluminando o Mundo

     Talvez seja apenas um estado interno de graça que me faz garimpar estas joias pequenas que são os raios de felicidade a derramar suas luzes sobre todos nós, talvez o próprio imenso breu que nos cerca permita distinguir com clareza inigualável o arco-íris de almas aí expostas devido ao fato de simplesmente terem encontrado o seu lugar e por isso transmitem esta paz interior contaminando o mundo do melhor que tem o espírito humano a pureza da vida e como tal encorajam a muitos de nós a engajarmo-nos nesta corrente de bem viver.    

     Brotam espontaneamente por diversos cantos do planeta uns tratando a terra com suas próprias mãos, outros colhendo sentimentos em forma de versos de sua poesia, tantos abraçados em seus instrumentos espalhando harmonia dos sons para espíritos atentos, todos cultivando o amor em sua mente e no seu corpo ambos definitivamente comprometidos com a magia de ir ao encontro do outro, são essas as verdadeiras sementes do mundo novo que sonhamos.

     Tão somente pessoas comprometidas com esta mudança interna do conhecer a si mesmo serão capazes de resolver a grande questão filosófica que é entender a vida e mesmo que não desvendem esse mistério, o que tudo indica é o mais provável, só o fato de empenharem-se nesta busca já as transforma em grande instrumento para a construção de um planeta justo para com todos que é composto da síntese da integração da natureza e do homem.

     São estes arautos da não violência contra a natureza e o homem, são estes exterminadores da competição como realização pessoal, são estes instrumentos do não desperdício realizado pela troca responsável de insumos no limite da real necessidade os escultores da justiça social que inicia sempre na construção do homem novo como alicerce necessário e suficiente da justa distribuição da riqueza humana e o consequente transbordamento em alegria e prazer.

     Posso dar meu testemunho simples, pleno e prazeroso composto de pequenos incidentes positivos em um par de horas que acabaram se transformando na necessidade de proferir este meu discurso, não consegui conter em mim sem extravasar para vocês este momento interior.

     Uma bela noite de encontro de almas que se gostam se amam mesmo separadas pela tortura da distância é a hora em que a vida é tudo de bom, relaxo indo à rua para fumar uma última cigarrilha antes de dormir e encontro um jovem também acompanhado de um cigarro neste início de madrugada, em manifesta alegria de partilhar poucos minutos vem falar comigo, foi um tempo muito curto bastante intenso de interesses comuns, a alegria do momento de entender quem era o cara que estava em sua frente de curtir a hipótese de ler meu blog deu-me a entender que eu podia transmitir-lhe algo de bom e isto me completou a alma e me conduziu para uma noite calma e maravilhosa de sonhos.

     Tudo se completa no meu amanhecer lendo o depoimento de amigo de pouca convivência e muita sinergia, um retirante do competitivo mundo da TI, em sua busca na América de lugares repletos do viver música como realização de seus sonhos, eu confesso um estado de espírito tipo como é bom ser feliz tomou conta de mim        

terça-feira, 6 de junho de 2017

Na Vitrine a Palavra Vazia

      Passam por mim milhares de palavras, nas quais escondidas disfarçam-se pessoas, independente do teor as frases são em sua essência discursos vazios, onde o afeto em sua definição filosófica uma mudança ou modificação que ocorre simultaneamente no corpo e na mente conforme Spinoza não está verdadeiramente presente, na prática as sentenças são apenas repetições sistemáticas de brados de guerra orquestrados por terceiros, confesso nada mais dizem para mim a não ser o fato de que não há um ser pensante por trás das mesmas.

     Nas redes sociais, por sua amplitude global, expor uma falsa imagem trabalhada com o intuito de ser fonte de desejo justifica-se plenamente pela busca do minuto de fama e/ou de aceitação pelo outro, não é surpresa sua personificação como um mural de debate descompromissado e feroz vendendo falta de coerência e convicção, mas na mesa de bar, nos compromissos sociais, nos momentos de convivência oportunizados na sociedade o fenômeno também passou a ocorrer graças ao nosso continuado hábito de assim proceder, aí sim passamos a viver em um verdadeiro baile de máscaras onde convivem fachadas e não seres humanos.

     Na verdade não sei o porquê da minha indignação, possivelmente um ato falho meu de rebelde mal civilizado, sabedor que sou do esforço enorme desprendido para evitar que cresçam seres humanos e em seu lugar proliferem espectros destinados a preencher os espaços vazios na esteira de produção e na sociedade de consumo, todos preparados para cumprir a contento suas funções produtivas e movimentar a máquina de consumo de futilidades.

     Muito tempo já faz que o divórcio entre as palavras seus signos com o pensamento humano ocorreu e ainda continuo perseguindo-as na busca do entendimento das vidas que elas acobertam em um ato de loucura que deveria abdicar e não consigo, quero encontrar imersas nelas sentimentos e lógicas que em minha opinião são os ingredientes que em sua mistura determinam um Homem, esse mesmo que vocês estão imaginando um corpo e uma mente fundida em entidade única.

     Não pretendo abrir mão dos sentidos, também não desisto de decifrar-me no outro, muito menos abdiquei de tentar explicar-me o ato de viver, sigo peneirando as multidões de signos escritos, falados ou desenhados neste mural globalizado de modo esparso na busca de pepitas de amor que possam justificar-me como um ser livre pensador e sempre que possível quero dar testemunho disso para os outros com quem convivo, a cada encontro ocorrido me invade uma felicidade da qual não pretendo abrir mão e almejo ler no corpo do outro.


     O próprio caos social que vivemos é o indicativo de mudança, sinto ares de uma iminente grande transformação na sociedade e nas pessoas por simples impossibilidade de seguir neste rumo de desesperança, a engrenagem está prestes a romper-se por puro desgaste gerando a implosão de tudo que aí está e abrindo os caminhos de um novo contrato entre os seres humanos.

domingo, 14 de maio de 2017

Quando se Abrem Todas as Portas

     Independe de vontade o acaso é a oportunidade imperdível para quem se prepara, em nossa ampla tolice imaginamos construir caminhos, sendo de conhecimento nosso que eles existem desde sempre e o que nos cabe é descobri-los, prepararmo-nos significa libertar-se da arrogância e desobstruir todos os empecilhos à manifestação plena dos nossos sentidos, habilitando-nos a jogarmo-nos por inteiro na corrente do rio que nos leva à plenitude.

     Todas as vezes que insensatamente sem olhar para mim mesmo construo castelos de areia pensando serem obras perenes, assim o faço por guiar-me pela lógica ditada por pretensos profetas de uma vida externa à minha, quando por certo a mais minúscula obra só pode nascer de mim se partir do eterno conhecer-me, que se revela pelo observar-me no maravilhoso espelho que é o outro.

     Esmiuçando cada gesto de outrem na geografia dos traços físicos humanos, seus fazeres mesmo que imóveis, dizeres mesmo que em silêncio, adivinhando o pensamento que os move não para classificá-los e sim para julgarmo-nos no único tribunal justo que é o do encontro de nós mesmos, construímos internamente um novo ser a cada momento e essa transmutação continuada é o que podemos chamar de estar vivo.

     Nesta guerra desenfreada entre a natureza e os homens e destes entre si, de fato quem morre são sempre todos, evitar essa perda passa pelo olhar caridoso de quem compreende a complexidade do outro e decifra em si todas as pretensas maldades e bondades com as quais impensadamente etiqueta-o, como se na essência não fôssemos todos feitos do mesmo barro, não vivêssemos as mesmas angústias e não partilhássemos a enorme ignorância sobre quase tudo do universo.

     Nunca imaginei ser este um caminho fácil, porque o fácil tende a ser efêmero e vazio, sempre tive a percepção que felicidade exige atenção e dedicação a quem conosco compartilha o universo, independente do tipo de ser e o que ele represente, deve ser alvo de todos os nossos sentidos.

     Auscultar-me a cada detalhe visto, a cada cheiro percebido, a cada toque sentido, a cada som navegado, a cada sabor experimentado, com a paciência de quem se deixa ser envolvido por uma onda físico espiritual que se expande e contrai no tempo até a amplitude do momento, assim é quando se está disposto a amar, quando se abrem todas as portas.                 

sábado, 13 de maio de 2017

Rejeito Amar a Metade

     Envolvido me quero por inteiro, não me atrai o vulcão da paixão separado da poça contaminada da depressão, prazeroso me são suas lágrimas amargas de tristeza tanto quanto o doce mel do seu sorriso, na sua companhia amo seus momentos de displicente monotonia assim como a violência dos teus jogos de posse e submissão, eu rejeito amar pela metade.

     Envolvido me quero por inteiro, meu gostar é a soma de todos os teus gostares, vivendo cada um dos teus amores como se minha vida estivesse entranhada na tua assim amando-os também do seu jeito, com a sua marca ampliando-os por ti, não lhes tenho ciúme e sim júbilo pela beleza de amante que és o que soa como uma dádiva ao meu ser, eu rejeito amar pela metade.

     Envolvido me quero por inteiro, quando tropeças em um desamor me alegro ajudo e acompanho o crescimento que ele lhe traz, transmuto tudo que tens como mágoas em doces alegrias para tua alma consumindo-as por ti, em tua desesperança curto o prazer de alterar o seu curso para esperança com meu choro aliviando e suprimindo o seu, eu rejeito amar pela metade.

     Envolvido me quero por inteiro, tuas angústias doces, tuas ansiedades indiscretas, tuas pequenas maldades inocentes, teu mal querer internamente indesejado, tuas tristezas desnecessárias, tuas desconfianças evitáveis são a mesma face de tua alegria exuberante, de teu sorriso contagiante, de tua sensualidade gritante, de teu amor potência infinita e é esse todo um conjunto inteiro de talentos que insensatos tentam classificar como do bem ou do mal que compõe o ser humano alvo do meu gostar, eu rejeito amar pela metade.

     Envolvido me quero por inteiro, seus diferentes detalhes físicos e espirituais verdadeiro caleidoscópio que em seu conjunto tem toda a beleza do mundo e só assim o é pelo acréscimo de cada uma de suas pequenas peças independente de suas formas, cores, medidas ou valores a comporem o arco-íris da sua presença, seu poder vem da harmonia das partes que sozinhas não tem valia e no todo é a própria magnificência, eu rejeito amar pela metade.


     Envolvido me quero por inteiro, revelar-te em esplendor só o podes quando te mostras inteira como verdade imanente e por isso imploro não tentes seduzir-me com o que pensas ser do meu agrado e sim seja simplesmente o que o momento te consente viver, eu rejeito amar pela metade.            

domingo, 23 de abril de 2017

O Dia Que Me Revelei – Último Ato.

     Tinha colocado tudo a perder minando nas bases uma relação que era publicamente por mim jurada ser para sempre, de fato está no início do fim a partir dos fatos deste dia, por simples quebra de confiança, o sempre não existiria mais e desnecessário é dizer que fui eu que o interrompi, pelo detalhe de ser de minha natureza assim proceder.

     Não poderia ser diferente antes do sol se pôr estava expulso de casa, pode parecer estranho apesar de não querer romper a relação eu tinha consciência de que não havia nada a fazer, minha primeira reação foi sair enlouquecido à procura da outra, a parceira no momento da quebra do status quo vigente, procurava justificar dentro de mim tudo como uma paixão fulminante inevitável e estava disposto a entrar no epicentro do furacão jogar-me de corpo e alma como se envolvido neste encontrasse minha redenção.

     De fato não me dei conta no momento que também ela tinha quebrado regras, portanto ela lidava com suas próprias dificuldades, suas relações que me eram totalmente desconhecidas certamente a colocaram também nas cordas e por óbvio ela tanto como eu estava distante de encontrar o como justificar-nos, e assim aconteceu, o que nos uniu nos separou, foi impossível encontrarmo-nos novamente, por certo, este foi o amor mais perfeito de minha vida nunca tive oportunidade de maculá-lo.

     Alguns dias depois do emblemático sábado em um motel em pleno meio dia principiamos a difícil reconstrução da relação conjugal, nunca tinha deixado de amar minha mulher, menos ainda queríamos abortar a vida em família a qual lutávamos para viabilizar e assim entre altos e baixos labutamos por isso por uma dezena de anos antes da separação definitiva, o que envolveu de parte a parte muitas outras histórias e para ambos a alegria de um segundo filho, de fato ali naquele dia tudo tinha terminado era só uma questão de tempo.

     Talvez o que tenha tornado mais fácil manter tantos anos a convivência era o fato de que profissionalmente nossas vidas estavam em alta, viajávamos muito, o dinheiro era fácil e suficiente para ter um adequado padrão de vida, nunca desconsiderando a minha característica, teimosamente mantida até hoje, de sempre estar no limite da insuficiência, nunca acreditei em acumular apostando sempre em disponibilizar o melhor para quem comigo convive, não sei fazer conta de chegada, sei apenas que tendo ou simplesmente imaginando a possibilidade de tê-lo, estarei usando tudo no momento e por certo nunca me preocupei com sua falta futura.

     O que me mantém integro até este momento é saber que todos os partícipes do acontecido deram o melhor de si em todos os momentos e assumindo as rédeas de suas individualidades seguiram o plano de suas vidas na busca da felicidade e muitos e muitos anos na sequência dos fatos seguiram partilhando outras almas e situações e assim fizeram-se plenos de si mesmos.

   

sábado, 22 de abril de 2017

O Dia Que Me Revelei – Segundo Ato.

     A festa era política, também era alegria, música, bebida, comida, era social, sendo pessoas e relações tudo pode acontecer principalmente se as coisas já estão germinando embrionárias dentro de nós, poderia mentir para mim mesmo alegando resultado de uma bebedeira, álibi fácil com certeza, sei que estava sóbrio o suficiente para encantar-me com outra mulher, sempre soube que não existe posse e principalmente que não há relação exclusiva somos destinados a múltiplos relacionamentos e mesmo tendo me policiado até este dia a infidelidade crescia dentro de mim sem abrir mão do desejo de manter a família, não havia antagonismos e sim movimentos paralelos.

      Vi-me saindo com ela, tudo o que pretendíamos sintetizava-se em ficarmos juntos, em que lugar naquela hora do dia não vinha muito ao caso tanto para um como para o outro, quando nos demos conta simplesmente tínhamos abolido todas as circunstâncias desfavoráveis.

     Entendo que perdi, vamos admitir perdemos o que chamamos de discernimento, não que preze em demasia o conceito que quase sempre funciona como uma camisa de força, o fato é que perseguido por alta carga de adrenalina movia-me desprendido de todos os escudos de proteção, por consequência exposto a todos os riscos, independente de experiência, preparo e planejamento anterior que poderia ter, quando tomo a atitude de detonar o pavio aposto a priori na explosão mesmo que esta possa representar uma morte e um renascimento.

     Lembrar tudo é impossível, mas a sequência de marcas que ficaram é inapagável logo posso reproduzi-las partindo do encanto entre nós dois desligados do entorno, passando pela decisão de sairmos para um lugar onde pudéssemos curtir a intimidade e sem nenhum tipo de freio nos demos ao luxo de passar na casa do noivo dela pegar o automóvel disponível, despreocupados com todos que lá estavam, com nossos passos guiados só pela paixão.

     Tenho que admitir que juntar todos os lados, e são muitos, dos momentos vividos é impossível nem mesmo temos a certeza do que nos move quando mais entendermos todos os movimentos das pessoas envolvidas direta ou indiretamente com um dado fato, todos têm suas razões que independem complemente das nossas e que por certo nunca saberemos como definitivamente vão interferir na nossa vida, sei que de minha parte naquele momento não queria saber.

     Rumamos em decisão por nós não questionada em momento algum para o apartamento que fiz de meu, mesmo sendo nosso meu e de minha mulher, onde nossas profanas marcas ficaram gravadas nos lençóis violando o contrato antigo e em vigor de amar até que a morte nos separasse.


     Não tivemos nem o cuidado de apagar os rastros e evitar as testemunhas isso não nos passou pela cabeça, nós assumimos o ato publicamente sem nunca querer tê-lo divulgado, envoltos numa magia a dois que não questionamos apenas vivenciamos. 

sexta-feira, 21 de abril de 2017

O Dia Que Me Revelei – Primeiro Ato.

     Tudo andava bem, as questões relacionadas ao dia a dia colocadas no bom rumo, dinheiro não tinha nem faltava era suficiente para manter minha família agora acrescida de um filho e de uma casa em construção, na voz do povo algo tipo tudo nos conformes, o amor de uma mulher, a alegre beleza de curtir o primeiro filho, o lado profissional impulsionado por um vento favorável, amigos na medida do necessário tanto na família como na militância política e também no ambiente de trabalho, porém o pavio estava acesso e eu tinha consciência deste fato apesar de mantê-lo escondido de todos inclusive de mim mesmo.

     Sábado encontro da turma para fazer fundos para a campanha do nosso grupo político pertencente a ala mais à esquerda dentro do movimento trabalhista, feijoada feita no capricho, temperada com a discussão da estratégia política contra a ditadura agonizante e acompanhada das bem vindas caipirinhas e cervejas.

     Construí meu modo de ser dentro da camisa de força de uma família tradicional, catolicismo importado da Europa na vivência dos meus antepassados, genética germânica com sua inevitável carga de disciplina, organização e privilégios inegáveis. Riqueza? Não, uma vida simples de classe média baixa, frequentando colégio de religiosos por conta de sacrifícios financeiros, alimentação adequada somada à dedicação completa dos pais ao núcleo familiar, o diferencial parecia ser a potência do pensar crítico a empurrar-me sistemática e continuadamente na busca de romper esse círculo de proteção.

     Tudo andando nos conformes meu filho na casa dos meus pais, minha mulher que não gostava de política no trabalho, e eu a caminho daquele ambiente de discussão e diversão, espaço de resistência que eu não conseguia abrir mão em tempos de autoritarismo.

     E meu filho, eu tinha um menino nenê ainda, era sábado não havia outra opção do que estar na segurança da companhia dos meus pais, não teria como lembrar qual de nós dois eu ou minha mulher o tínhamos deixado lá, mas trazia-me a segurança de estar em lugar bem protegido, amado com certeza tornava desnecessária minha preocupação com ele, quanto a minha mulher tinha saído para trabalhar, sabia que ela voltaria no fim da tarde, confesso para mim não tinha nenhuma importância o que ela faria este era um problema que eu catalogava como de alçada tão somente dela.

     Lá pelas tantas meu foco estava em uma companhia muito agradável, alguém que agora nem lembro o nome, ela estava muito acima de uma nominação, era a cada instante mais tudo o que eu queria e eu por certo não fugiria.  

sexta-feira, 31 de março de 2017

Acordei assustado

     Podes ter certeza, acordei assustado e não foi por causa de meus sonhos, na verdade o que me assusta é a quantidade de joelhos pressionando grão de milho, este suplício voluntário executado por tantos me traz a lembrança dos sonhos dos voos livres hoje definitivamente afastados da nossa convivência no dia a dia, me parece surreal que podemos ter alcançado esse resultado de viver uma vida de culpados, nos manipulam tão bem que carregamos a culpa do mundo nas costas como cruz merecida por pecados não cometidos.

     Somos chamados com constância a prestar nosso dízimo, antes fosse um simples dez por cento de contribuição quando de fato esta é a parte que nos cabe, com objetivo de acumular mais valia na mão de poderosos exploradores do suor humano, estes gananciosos do sangue dos irmãos o qual transmutam em ouro tal qual alquimista, usufruindo o poder da injusta exploração para seu regalo próprio, corrompidos por seus deuses particulares a justificarem a discriminação e a escravidão que praticam.

     Melhor seria manter-me no ócio do sonho do que enfrentar tal realidade, mas bem sabemos que a luta pela liberdade exige vigilância constante, cada manifestação, cada ato e cada atitude deve ser acompanhada, analisada, interpretada e comentada com o objetivo de permitir a análise crítica de todos sobre a servidão impingida e manter viva a chama da resistência, já negligenciamos em demasia nossa vigilância deixando crescer em demasia as garras fascistas.

     Se eles são fortes na manipulação do homem como contraponto nós temos que aumentar a massa crítica capaz de entender os instrumentos utilizados nessa estratégia de governança, tão somente o continuado exercício do pensar e do evangelizar pode nos salvar. A estratégia é de fácil percepção, sempre que nos mantém despreparados e distraídos obtém salvo conduto para perpetuar seu domínio das forças sociais com objetivo de tê-las como inocentes e úteis em seu projeto de poder.


     Acordei assustado sim, o desmonte das conquistas humanitárias que tão bem sabemos o sacrifício e o tempo que nos custaram está acontecendo em ritmo acelerado com apoio dos mortos vivos sedados por chamativos chavões de empoderamento do indivíduo à custa de outros seus iguais, renegando a lógica de que para haver senhores necessários são os servos. Estejamos todos alerta para a ampliação da luta libertária buscando a justa distribuição da riqueza intelectual e material da humanidade entre todos os homens sem nenhum tipo de discriminação.      

terça-feira, 7 de março de 2017

É Tempo de Repensar o Sistema Educacional

     Repensar o sistema educacional que é hoje uma estrutura arcaica destinada a colocar as pessoas nos trilhos da observância cega aos preceitos pré-definidos, sua cartilha é encaixá-las como instrumento útil a serviço de minorias, é preciso zerar e recomeçar o processo de educar, este deve oferecer dúvidas e não certezas, para que assim cresçam pessoas inovadoras por sua capacidade de ver alternativas e fazer escolhas, pois o homem é a sua capacidade de optar.

     Todos os aplausos à maioria dos professores pelo incansável esforço de educar cuja dedicação dentro das limitações propostas pela sociedade é inquestionável, nossos protestos estão dirigidos ao modelo adotado pelo sistema que é dirigido inteiramente a absorver conteúdos, ora um espirito crítico o saberá bem utilizá-los acessando-os no momento que assim for necessário, já os mesmos acumulados em continuados esforços de memorização com objetivo apenas de obter os graus necessários durante dezenas de anos de nada servirão a não ser como referência para um discurso vazio.

     Quando falamos em educar deveríamos estar falando em preparar para vida nunca em aparelhar um ser humano para encaixá-lo na máquina existente de produção, os resultados do projeto educacional estão escancarados na mediocridade de nossas empresas incapazes de inovar convivendo com altos índices de desperdício e autoritarismo, a primeira punhalada na criatividade ocorre na família em sequência o pouco desta que sobra é destruída na escola e por fim o sistema produtivo encarrega-se de enterrá-la em definitivo, o que nos conduz a esta mesmice do avanço tecnológico orientado a reconstruir o já feito apenas colocando uma nova cara sem nunca realmente trazer o novo.

     Ensinar uma tabuada em sua sequência matemática decorada é abrir mão em definitivo de que se aprenda a raciocinar, exigir que um aluno em uma prova repita conceitos memorizados é desistir do espírito de busca, repetir os mesmos ensinamentos para jovens diferenciados em seus talentos é simplesmente esculpir muitos robôs em tudo iguais destinados a serem futuras pequenas peças de uma grande máquina e nunca permitir que apareça em cada um o homem com sua potência ao infinito e a eternidade.

     O que me parece enormemente doentio é jogarmos toneladas de verdades, falsas verdades por sinal que só são vistas como tal pelo falsete das inumeráveis repetições creditando-as como verdadeiras, desfigurando a própria definição de ser humano que é a capacidade de visualizar vários caminhos e continuamente optar pelo mais adequado ao seu momento, para nomearmos um processo como educacional os seus caminhos na totalidade devem permitir visualizar o leque mais amplo possível de alternativas e desenvolver o espírito crítico habilitando a educação à escolha e seu consequente aprendizado pela análise das consequências destas escolhas para si, para os outros e para a natureza.

     Nada pode mudar o mundo sem a peça fundamental que é o processo de autoformação do homem, a obrigação da sociedade é prover os mecanismos para que todas as oportunidades sejam oferecidas em igualdade, qualidade e quantidade para todos, colocado todo nosso empenho neste quesito do repensar a educação estaremos reescrevendo todas as relações sociais, uma nova educação refletirá em uma nova política, na revolução da economia e no inevitável nascimento de meios de produção libertários e justos.

quarta-feira, 1 de março de 2017

É Tempo de Repensar o Modelo Econômico

     Repensar o modelo econômico estruturado na obtenção e manutenção de privilégios a qualquer preço, sempre calcados na escravidão da multidão dos que são historicamente mantidos como menos iguais, os pensamentos falsos tipo tradição família e propriedade são usados como amparo de direito à expropriação do que é de todos por alguns, o novo rumo deve apontar para a vida digna, pelo direito à produção global da humanidade e a partilha mínima de todo ser humano, somos todos sem discriminação herdeiros do trabalho da humanidade enquanto não implantarmos o sistema que a isso contemple estaremos sujeitos ao permanente estado de guerra tanto individual como coletivamente quando o destino do homem deveria ser a paz.

     A teoria de que o mercado ajusta os preços aos níveis mais baixos devido à livre concorrência melhorando a vida da população é desmentida a cada dia, o que constatamos é um processo concentrador de riqueza com o estabelecimento continuado de empresas hegemônicas mundiais via aquisição/fusão de empresas concorrentes, esses novos conglomerados com seu enorme poder de pressão intervêm via tecnologia de manipulação das massas no mundo todo, sua utilização da mídia e das instituições políticas corrompidas na sociedade incentiva à batalha individual, apelidada de competitividade e de meritocracia, e às guerras localizadas em diversos pontos do planeta pelo controle estratégico das riquezas e das populações.

     Uma teoria econômica que esteja a serviço do homem, da relação justa entre os seres humanos e da harmônica convivência com a natureza deve ser construída pela humanidade, um dos seus pilares deverá ser a distribuição equilibrada do produto global obtido pelo trabalho do homem e das máquinas originadas do avanço tecnológico, homens com suas necessidades básicas saciadas terão condições de investir em seu crescimento pessoal e colocá-lo a serviço de todos utilizando o melhor de suas habilidades.

     Romper a deliberada produção de bens datados em sua validade, logo natimortos por definição, com objetivo de gerar consumo e trabalho desnecessário apenas para movimentar e acumular riqueza é outra preocupação a ser incluída nestes estudos para desonerar o ser humano e a natureza do fator predador que este uso equivocado dos meios de produção acarreta.

     Construir uma cadeia de reaproveitamento de todos os esforços já realizados ampliando o uso de seus resultados tanto no tempo como na quantidade de usuários é fortemente recomendado para evitar o desperdício liberando-nos para o lazer e o investimento no nosso crescimento pessoal e a consequente ampliação global dos índices positivos de saúde físico/mental.

     O trabalho voluntário é compensado pelo próprio resultado tornando-se desnecessários enormes desperdícios de esforço para controle, hoje nosso esforço na vigilância do correto executar de tarefas por terceiros nos penaliza duas vezes primeiro a desvinculação deste com o objeto fim em segundo o tempo despendido pelo fiscalizado em ludibriar os controles e curtir sua insatisfação, urge estudarmos melhor as questões econômicas do trabalho cooperativo e voluntário como um caminho a ser percorrido na economia do futuro.

     Uma doutrina econômica que em sua execução garanta a todos os humanos um padrão de vida digno, sua saúde e sua educação independente da execução de um trabalho combaterá de imediato a criminalidade eliminando grandes esforços para controlar benefícios sociais e de policiamento, bem como transformará o modelo das organizações onde se trabalhe voluntariamente evitando os desperdícios e aumentando a qualificação em criatividade e inovação logo teremos mais realização pessoal e uma sociedade dirigida ao consumo responsável. 

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

É Tempo de Repensar o Trabalho

     Repensar o trabalho que hoje se concentra em produzir supérfluos objetivando apenas manter um nível alto de ocupação com o intuito de alienar o homem conduzindo-o inexoravelmente à depressão e trazendo muito pouco acréscimo à sociedade humana como um todo, substituição deste por um trabalho criativo focado em melhorias para a humanidade tanto tecnológicas como artísticas e filosóficas que engrandeçam o homem conduzindo-o à felicidade e ao prazer da vida, romper o antigo paradigma da ocupação pelo novo do valor agregado ao homem.

     A cadeia produtiva hoje estabelecida tem em sua fundação a estrutura hierárquica de comando e controle com uma vasta quantidade de horas perdidas em mecanismos de monitoramento muitas vezes disfarçados em mecanismos técnicos de manipulação de grupos, fato que nos leva a dedicar muitas horas de labor em função do próprio ato de fazer o trabalho acontecer, agravado ainda pelo conservadorismo das fórmulas prontas que devem ser executadas ao pé da letra implicando em risco de reprimenda qualquer desvio criativo que o trabalhador ousar, tudo isso acaba por converter os participantes do processo em uma legião de insatisfeitos a produzirem pouco e com qualidade duvidosa do ponto de vista do homem e do negócio o sistema como um todo faliu.

     O trabalho em prol da humanidade não focado em produzir apenas itens de consumo supérfluos ou não é o único que pode redimir o homem, não existe como competentemente operar com trabalhadores pressionados pela necessidade de sobrevivência, só poderemos ter eficiência e eficácia no trabalho a partir da ruptura do paradigma da troca de trabalho humano por mais valia acrescida por recursos mínimos de sobrevivência, independente da unidade de medida que defina este mínimo, ninguém tem foco no que produz e sim nas coisas que necessita ou imagina necessitar na satisfação do desejo implantado pela própria sociedade neste, nenhuma das mudanças foi produzida assim com trabalho escravo em tempo nenhum da humanidade.          

     Ao contrário do mito espalhado pela sociedade o homem tem vocação e gosta de trabalhar, o que o afasta do mesmo é a linha de montagem de exploração destinada a ilegal e injusta acumulação de riqueza por uma minoria, cuja construção tem na base um equivocado direito do mais forte de que é justo, sempre que tiver falta de escrúpulo suficiente para tal, apropriar-se do trabalho de outrem em benefício próprio.

     Sem dúvida dependemos de mudanças nas áreas políticas, econômicas, sociais e principalmente na educacional para devolver ao homem o trabalho livre, há toda uma revolução a ser feita na busca de qualidade de vida individual de bem-estar social que só pode acontecer com suporte de evangelizadores destes novos tempos, não via movimento de massas e sim a partir de testemunhos vivos que fermentarão as mudanças.

     A vocação do ser humano está ligada à associação livre para o trabalho que tenha como retorno bens intelectuais e materiais de cunho comunitário e como destino aumentar o bem-estar individual e social da humanidade produzindo qualidade de vida para cada um e para todos os seres vivos.

     Não temos como negar que já temos tecnologia suficiente para manter a vida com qualidade para todos os seres vivos do planeta dispensando o trabalho humano escravo desde que possamos abrir mão de produzir e consumir lixo, eliminando a acumulação desnecessária de riquezas.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

É Tempo de Repensar o Sistema Político

     Repensar o sistema político onde a democracia representativa é apenas um artifício para o eficaz exercício do poder por forças econômicas amparadas no poderio militar, a vontade do povo exercida pelo voto apenas modernizou os curais eleitorais e nunca se votou tão de cabresto como hoje graças à análise científica e a criação e manipulação do desejo no homem, tão somente como já definia Rousseau a democracia direta pode funcionar para o benefício do homem e a base desta só pode ser estabelecida por contratos realizados a cada momento na direção do bem comum dos contratantes.

     O marketing político é a mola propulsora das vitórias eleitorais e quando falamos nele não estamos apenas nos referindo a uma venda de falsas imagens de felicidade para uma determinada população, estamos falando em ações premeditadas de agentes econômicos gerando crises ou falsos sucessos econômicos, estamos falando de movimentos propositalmente recessivos ou progressivos com aumento ou diminuição de dificuldades para a vida em geral com o fim específico de desestabilizar ou fortalecer um determinado grupo.

     O resultado do processo dito democrático é sempre uma ruptura entre a sociedade que vota e a que é a gerada pelo resultado do voto, não há um contrato entre as partes, após a eleição ocorre o imediato divórcio entre o votado e o votante onde o primeiro é conduzido a trabalhar em prol dos interesses de quem explora o segundo, por uma simples questão de sobrevivência, neste limbo social que é o conjunto dos políticos.

     Estabelecer a democracia de praça pública espaço este definido por qualquer local físico ou virtual onde partes interessadas possam contratar acordos para executar e vivenciar processos específicos por tempo determinado tão somente enquanto persistir o interesse comum é como vejo o contrato social a conduzir o caminhar lado a lado de seres humanos livres, sem representantes, sem mecanismos jurídicos, sem mecanismos repressivos é o caminho político que pode construir a igualdade real a que sustenta a diversidade em sua unicidade, o homem se unirá, se for este o caso, por interesses momentaneamente comuns em múltiplos trabalhos.

     Não nos parece necessário nenhum tipo de organismo com suas regras pré-definidas exigindo submissão às mesmas para adesão, esses mecanismos sempre são totalitários criando senhores e servos logo incentivando a violência como garantia de sua execução, corrompendo o homem para o princípio do tirar vantagem em tudo como afirmação da lei do mais forte físico ou cerebral.

     Não é o Homem que é bom ou mau, são os interesses das organizações que o classifica nestes graus conforme sua utilidade às mesmas como consequência o fim destas devolverá o ser humano à sua essência que é realizar-se no ato de existir e assim o fazendo transcenderá na direção dos outros que ao seu lado e em igualdade também estão.

     Esta dinâmica do movimento permanente onde em paralelo nos associamos em diferentes necessidades com diferentes pessoas resgata a individualidade e provê todos os mecanismos necessários para autossuficiência e maioridade do ser humano, estes diferentes contratos estabelecidos entre as partes têm o tempo contendo força necessária e suficiente de realizar a vocação política social do homem tornando desnecessários organismos legislativos, executivos e judiciários.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Sempre é Bom Ver o Povo na Rua.

     Agora que baixou a poeira, pergunto-me sobre o que acompanhamos na última semana, tento reordenar os fatos que presenciei entre manifestações populares, fatos políticos e manifestações da mídia, e me encontro frente a uma orquestra bem armada, inteligente e muito precisa em suas estratégias e objetivos.
     Unanimidade nacional, e não teria como ser diferente, é a luta contra a corrupção, somam-se as dificuldades do momento econômico, que sim refletem no padrão de vida de cada um de nós, com uma escalada de aumentos em tarifas públicas e impostos imediatamente repassados para os custos de todos os produtos obrigatoriamente consumidos por cada um de nós.
     Não me surpreendi com o padrão de preparação do evento público do último domingo, forte chamada nas redes sociais via vídeos e textos aparentemente refletindo desabafos pessoais com uma linguagem agressiva de desmonte das estruturas, carregada de expressões chulas, com tom de bate-boca de fundo de quintal, o que tão bem cai no gosto do público sedento por desastres e cliente passivo de Big Brothers e outros entretenimentos menos votados, de concentração na mídia de manchetes com o tema corrupção e com associação imediata ao PT e ao governo Dilma.
     Sim, sempre o povo na rua corresponde a um avanço na qualidade de organização de um povo, mesmo que ao final da manifestação haja disputas acirradas por um táxi para buscar o conforto do lar, sendo necessário e muito importante que o governo, qualquer que seja, esteja sentindo, percebendo que está sob a mira da população.
     Diferente das manifestações do ano passado, que em minha opinião foram legítimas sim uma manifestação é legítima ou não, pois não existe meio termo, e o eram porque reivindicavam com clareza necessidades da população como por exemplo o direito de transporte público gratuito, o reerguimento do sistema educacional, uma mudança completa do conceito de segurança pública, já nas deste ano não tinham esse espírito e sim um  repúdio a pessoas e organizações políticas, incitação a processos sem nenhum amparo legal de impedimento da presidente e até intervenção militar.

     O que nos parece mais triste é a tentativa de manipulação de todos nós com o objetivo de transformar uma luta que é realmente de todo um povo, a erradicação da corrupção, em um alvo pessoal e político, o que representa um completo desrespeito à grande maioria da população que tem lutas importantes para cobrar do governo na melhoria da relação entre povo e estado, sendo exposta a manipulações de interesses antipopulares dirigidos à retomada de governos que trabalham em benefício da minoritária elite nacional.              

domingo, 12 de fevereiro de 2017

É Tempo de Repensar o Conceito de Nação

     Sim, repensar as nações indefensáveis como organizações comunitárias tanto na determinação geográfica como cultural, pois foram constituídas pelas forças das armas tanto os territórios conquistados como os seres humanos agregados, fronteira é uma grande mentira destinada apenas a compor exércitos e criar governos com a finalidade de gerar castas de exploração do trabalho da maioria, as nações não existem são apenas uma estória inventada para tirar a liberdade do homem.

     Tem se mostrado extremamente conveniente manipular as populações em torno dos ideais de nacionalidade para os jogos da guerra desde os destinados a aumentar a submissão ao poder constituído internamente quanto os com objetivo de agregar território e riquezas de outros povos, um inimigo externo na maior parte das vezes artificialmente criado sempre propicia o estabelecer de leis de exceção que automaticamente são colocadas a serviço da acumulação de poder e riqueza.

     Uma humanidade amante da paz que rejeite qualquer tipo de discriminação não encontra nenhuma justificativa para separar irmãos por muros físicos ou demarcados por convenções de fronteiras e cabe a esta denunciar a fraude que significa a constituição de nações, toda e qualquer doutrina destinada a separar os homens entre si é apenas reflexo do desejo de poder de poucos, os seres humanos devem ser livres para conviver com quem quiserem no momento e no local que desejarem.

     A nação cobra do homem livre pesados encargos para sustentar instituições que só se justificam devido a esse falso conceito de unidade nacional, retiram-lhe o direito de ir e vir por engenhosos pactos de interesses, lhe é exigido o exercício militar na participação como mão de obra para a guerra e na sustentação de todo um caríssimo equipamento armamentista com suas instalações inúteis o que é no contexto da humanidade como um todo um desperdício inutilmente multiplicado pelo número de nações existentes, onde todas querem estar mais preparadas, melhor armadas que suas concorrentes, com o objetivo de expandir este sacrifício ao infinito pela continuada lei da ação e reação.

     O que ganhamos com o conceito de nacionalidade? Absolutamente nada, ser brasileiro, francês ou americano de nada nos serve a não ser o desejo de nos apropriamos dos esforços de outrem pela submissão das nações mais fracas ao interesse das mais fortes com a distribuição diferenciada das riquezas em proveito como sempre dos poderosos, agravado pelo fato de obrigatoriamente gerar discriminações entre os povos que é um contraponto à indiscutível vocação política do ser humano, política no sentido de que o homem lança-se sempre em direção ao outro, sempre na literatura e nas artes em geral sonhou-se uma unidade entre os povos e muito pouco se caminhou nesta direção infelizmente, não seria a hora de somarmos esforços para que isso se concretizasse? Penso que no mínimo é nossa obrigação pensarmos em um mundo sem fronteiras.


     Longe de mim ter alguma pretensão de ter a verdade sobre o tema, apenas penso desta maneira e me obrigo a partilhar com vocês essas ideias para que juntos possamos amadurecer um caminho que seja de paz para a humanidade onde o homem crescerá em direção ao ilimitado e eterno o que é um desejo que percebo muito forte em quase todas as pessoas com quem convivo.