sexta-feira, 24 de julho de 2015

Sensibilidade! Eu não sei talvez adivinhação!

     Em passos firmes andávamos sincronizados, a coincidência dos caminhos servia para promover a afinidade inicial, ritmos similares de pessoas desconhecidas, dois mundos de relações específicas com uma improvável intersecção, assim silenciosos mantínhamos a distância que era tão somente física na alma de cada um não havia separação.

     Em mim pulsa forte a veia de observador e detecta de imediato sua presença, em verdade eu admito mais sua ausência, pois presente em mim era apenas a percepção que de você eu tinha, não contente avanço o sinal sem olhar a cor passo a identificar movimentos de você em direção ao meu momento, certo para o meu lado não no espaço físico, pois mantínhamos a mesma distância sob o sincronismo dos passos e sim direto no meu espírito focado no seu.

     Verifico diversos sinais sim são avisos, todos um a um os interpreto, volto novamente os pensamentos e os analiso, por último mil vezes os entendo em mil entendimentos diferentes, como de hábito mais coincidindo com meus propósitos do que decididos a me contrariar, aliás esses últimos só ocorrem por tal forçado senso de equilíbrio que só me servem para decidir como válidos e firmes os primeiros.

     Sim leio todos os teus pensamentos e por certo os sinto ora favoráveis ora desfavoráveis aos meus internos desígnios, que acerte algum por acaso ou de direito guiado por competências especiais, habilidades estas que acredito devo ter apesar de não poder com certeza afirmar que as possuo, posto aí desta maneira se estabelece a diferença entre a sensibilidade que imagino ter e a adivinhação que pode ser meu lado falcatrua comigo mesmo.

     Não sei quantos minutos isso durou, nem quantas vezes repetiu-se, muito menos com quantas de você, teu roteiro não era o meu isso é certo, apenas compartilhamos um trecho da jornada, veja realmente não importa a duração o que vale é que houve vivência, houve envolvimento, houve criação espiritual, nem que seja de uma só alma solitária.


      Meu amigo pode ter certeza de que com repetições inúmeras de momentos assim somamos vida, somamos alegria e completamos um ciclo real de beleza natural nossa, explorando tudo que de bom temos dentro de nós e quem nos vê de fora percebe e sabe que somos felizes.

terça-feira, 21 de julho de 2015

TI Motor da Insustentável Cadeia do Desperdício

     Em todas as direções vemos amadurecer hoje o tema da sustentabilidade, cada parte do elo busca uma cadeia de valor universal, cada dia se aceita menos o resultado dirigido ao feudo estes nada mais são do que desperdício, definitivamente conectados a todos os seres vivos ou não, nossas atividades em lugar de simples interseções são sempre e cada vez mais parte do todo, se elas afetam negativamente a cadeia estão afetando a nós mesmos.  

     Como indústria que somos não podemos falhar com o presente, temas como sustentabilidade, processos ponta a ponta focados no valor adicionado ao cliente fazem parte do nosso trabalho, temos a obrigação de dizer não ao desperdício dirigindo nossos códigos para uma cadeia de suprimentos sustentáveis.

     Em nossas tarefas técnicas estão o levantamento adequado da operação da organização e a construção de instrumentos de facilitação para o seu crescimento, o que não nos protege de dedicar esforços para resolver problemas presentes apenas no imaginário das sociedades que nos contratam e assim gastamos tempos inúteis resolvendo fantasias internas de empresas que já estão mortas, pois elas nada adicionam de valor à humanidade, o que é alavancar a perda.

     A diferença entre o colocar a tecnologia a serviço do homem e a de servirmos à tecnologia não é tão simples como imaginamos, vivemos um intenso mecanismo a nos pressionar para a adoção sob qualquer custo da novidade, de preferência do próximo passo da tecnologia, se baixamos a cabeça e trabalhamos para ela e se nossos programas não gerarem menos trabalho e mais prazer ao homem de nada servem.

     A sustentabilidade nos exige uma grande mudança de foco, obriga- nos a pensar nossas soluções como tendo como seu primeiro cliente a natureza, depois o homem e por último o negócio propriamente dito de cada organização, não existe sucesso neste último se não somar valor ao ambiente social, aos seres vivos em geral e a natureza em particular, é uma cadeia de valor que como todas iniciam no cliente final que em última instância é o cosmo abiótico.

     Se ao levantarmos nossos sistemas não tivermos os olhos voltados para este novo paradigma, que só é novo por termos nos desviado do rumo que é o bem-estar do homem pela sedução do consumo, estaremos apenas escrevendo milhares de linhas de código inúteis a contribuir contra a humanidade ajudando este caminhar que nos impulsiona para trás e contra a natureza.   

quarta-feira, 8 de julho de 2015

O Jogo da antropofagia – Humanidades

     Foi um alvoroço, aquele jipe do exército parou em frente ao prédio com seus soldados armados, batem na porta do apartamento dos meus pais, só o sei porque me contaram, não estava em casa como sempre, perguntam por mim e entregam uma notificação para comparecer ao batalhão do exército lá no bairro Partenon com urgência.

     Quinta fase do jogo intimidação como mecanismo de controle, os resultados eram medidos pelo nível de temor obtido, regra investigação via sistema de informações baseado na entrevista coercitiva em busca da delação, obtenção de pistas via intimidação, supressão da oposição pela força.

     Passando por um prédio, uma destas construções antigas que se mantiveram, lembrei-me dela, sim a Ipirela, uma morena alta de olhos verdes cabelos pretos, linda que ali estava de passagem, só vivi seu codinome, era a época em que eu trabalhava entre 19 e 1 hora da manhã, para essa paixão tinha o dia todo com ela para o carinho e a política, confesso ela tentou evitar o envolvimento, era para ela mesma uma incógnita o tempo e a presença, não interessa o quanto durou um dia como sabíamos que ocorreria despareceram-na, só não sei se obra dos amigos para proteger ou da repressão para eliminar, sei que nunca mais a vi.

     Alguns dias depois do encontro em um seminário no interior do Rio Grande do Sul, onde entre tantos debates um em especial era o momento clandestino com Frei Beto e suas ideias, um dos meus amigos que também lá esteve me chamou em particular, como viajava pelo interior a serviço, desconfiados dos contatos, chamaram-no ao DOPS, segundo ele no interrogatório um dos temas foi perguntarem por mim, sugeriu que me afastasse do movimento assim como ele o faria, bem ele o fez tinha emprego sólido e precisava desse já eu não tinha nada a perder.

     Em casa desde criança eles se acostumaram ao meu perfil de criar problemas, inquieto sempre em alguma atividade fora, era preocupação constante, neste caso da notificação foi um falso problema, chegando ao quartel descobri que apenas queriam que trocasse a inscrição no serviço militar do quartel comum para dos oficiais da reserva devido ao adiantado que estavam meus estudos, a repressão com ostentação de força, meus pais com a certeza que tinha aprontado algo e eu com a consciência dos meus atos de oposição havia sido o motivo da tensão que se mostrou desnecessária.

     A área das ciências humanas sempre encontrou associação de paixão com poder e poder com repressão, não se pode esperar de uma ditadura algo diferente de intimidação, repressão e tortura, são os ingredientes constantes dessas e bem conhecidos na história da humanidade, o importante é que como contrapartida ocorre um movimento forte e vivo de resistência, muita sensibilidade e busca de inovação em benefício do homem, esse é o comportamento de quem rejeita a opressão, o ideal é que essa contrapartida se manifestasse também em momentos como o atual da humanidade.                  

domingo, 5 de julho de 2015

Errante Caminhante

     O espaço do espírito por certo acompanha o da matéria sendo assim complementos de um mesmo ser, temos corpo caminhante temos alma andante, que em um bailado deslumbrante percorrem inseparáveis e alimentam-se mutuamente da paisagem natural e social.

     A rotina ilusória do percorrer os mesmos caminhos, podemos afirmar o fingem todos, sabemos nunca iguais, a negação desta pretexta verdade nos traz o conforto de somarmos descobrimentos na natureza e no homem em sua sina de transmutação permanente como ser humano.

     A solidariedade das realidades físicas naturais reflete-se como um espelho na alma do homo sapiens, trazendo partilha de alegrias, esperanças e mágoas, sendo esta completude a utopia de tudo e de todos isto é o próprio homem.

     Ao caminhar os cinco sentidos libertam-se para exercerem-se em plenitude, transformando-nos em uma única simbiose global, crescemos então em todas as direções sem os grilhões da razão no domínio completo do império dos sentidos.

     Disparam-se pensamentos em todas as direções, constroem-se textos sobrepostos, incendiados pela mesma chama dos repetidos encontros involuntários com os quais em círculos nos deparamos, só nos resta acolhê-los e cercá-los de cuidados para que cresçam até o ponto de se mostrarem para o mundo.


     Então assim podemos ser caminhantes errantes na sua melhor tradução o espaço para a vida, justificando então o movimento contínuo, impreciso, desnudo de objetivos e sim puro e simples confirmação do existir.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Lembrança de um Jardim Chinês

     Na China uns dos tipos de poeta são os que escrevem seus versos em forma de jardins, assim como um pequeno verso pode conter sugestões infinitas, também os jardins são irregulares, assimétricos, misteriosos, nunca se revelando por inteiro conservando o encanto do seu segredo.

     Pois sim, temos o controle absoluto de nossas vidas, apenas não definimos as opções, quem as põe em nosso caminho? A eventualidade? Por certo sim o acaso gerado pelas opções feitas no passado por nós mesmos e de quem encontramos nas encruzilhadas da vida, esse entrecruzar sem o qual não existiríamos, por sua vez, só se tornou possível por inúmeras decisões antes tomadas até mesmo por quem nunca encontraremos.

     Nunca na China estive, mas em sonhos caminho por seus jardins, vendo um mundo novo a cada escolha minha, por isso as lembranças dos multifacetados espaços paisagísticos vividos, do renovado decifrar dos versos propostos pelo poeta, em cada caminho uma nova natureza, em cada caminho uma nova versão de mim mesmo.

     Gosto muito daquela ideia de voltar ao passado e mexer em alguma pequena coisa por mim feita, de maneira que quando retornar ao presente nada mais seria igual, incógnito inclusive é o fato de haver espaço para mim neste novo presente, isso nos permitiria ter todas as vidas as quais temos direito.

     Poderíamos jogar e muito com isso, desconstruindo assim todas as nossas verdades, pois sendo essas o somatório de nossas experiências, imediatamente serão desmentidas e neste redemoinho de desmontagem, nossas diversas partes, o amor terreno, a vocação ocupacional, as amizades, as opções de vida entre tantas outras, todas formam diferentes possíveis imagens nesse caleidoscópio.


     Sempre podemos debitar a Deus ou ao destino a responsabilidade e assim desistirmos da nossa construção como homem livre, este, tal qual o jardim Chinês, não tem um eixo central nem um panorama geral e sim o momento presente a ser vivido na plenitude de nossos sentidos.