terça-feira, 25 de junho de 2019

Mundo Cego aos Fatos Ajoelha-se ao Argumento.


                Ficção, pura ficção os fatos perderam seu sentido próprio é a sociedade da pós verdade, nos transformamos em uma fábrica de argumentos, os quais defendemos por citações verdadeiras ou não e se justificam por si só, não interessa o contexto, não interessa as múltiplas facetas do fato, interessa apenas a afirmação da versão que me serve a qual defendo como único dono da razão.

                Nos templos que construímos para adoração destas novas divindades a regra é uma só, ame-o ou deixe-o, assim no incondicional transformamos o amor em ódio, desrespeitando a diversidade de visões em nome de uma fé robótica que nos divide em amigos e inimigos, esta dualidade é uma opção pela cegueira.

                Para os amigos só encontramos acertos para os desafetos todos os defeitos como se houvesse um bem e um mal absoluto o que nos tira a humanidade e nos transforma em simples programas escritos por terceiros, tal qual um código incapaz de decidir por sua própria conta tão somente obedecendo o raciocínio do programador.

                Não é muito difícil para nós humanos construir nossa própria farsa, em verdade por natureza esta é uma tendência que se impõe, nossa memória seletiva visualiza só o que nos interessa com o agravante de interpretar o fato vivido da maneira mais adequada a suportarmos o momento atual de nossa existência.

                Por isso a importância de desenvolvermos o espírito crítico a priori sobre nossas opções e sobre os fatos com os quais partilhamos o viver, reescrever permanentemente nossa visão de nós mesmos, dos outros e dos acontecimentos que presenciamos iluminados pela compreensão das múltiplas facetas possíveis que a sequência de momentos nos permite absorver.                             

                Se sou um ser em constante mutação, o que dá significado ao viver, me obrigo a admitir que o que vi nos minutos precedentes não o vejo mais agora, a não ser que em lugar de usar os meus olhos utilizo os olhos de outrem e que assim o fazendo me deserdo da liberdade de decidir.  

                Os tempos são os de abrir mão do viver em troca da comodidade de nos auto perdoarmos, boiando na cômoda correnteza da fé cega em verdades que nos absolvem pelo nosso individualismo e completo desrespeito ao outro de nós diverso, assim condenamos o diferente para tentarmos calar nossa consciência que insiste em lembrar-nos que não é este o caminho.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

O Acaso os Põe a Tremer de Pavor


Inseguros, agarrados em verdades de ocasião, as quais nunca questionam, são especializados no não pensar, a cabresto caminham cegos rumo a ruína humana que a crescente desigualdade social constrói, os novos zumbis da direita comportam-se como mortos-vivos alimentados por ignorância e ódio.

                Cultuam oportunistas vestidos de representantes dos deuses, encarregados de determinar questões de fé como se em nome destes falassem quando se sabe movidos a interesses pessoais, repetindo sem cessar as palavras de ordens que lhes sopram aos ouvidos.

                Não tendo coragem de enfrentar o acaso que é o viver, são mantidos de pé escorados por todos os lados por dogmas inquestionáveis pelos mesmos, só assim conseguem na mediocridade do rebanho ter um pouco de alento e fingir o existir.

                Sua incapacidade de individualizar-se os conduz ao ódio incessante á quem o consiga, além de lutarem desesperadamente para rebaixar o outro como forma de autopreservação, protegem-se em seus grupos fechados guerreando contra todo o resto.

                Toda e qualquer iniciativa que promova a justa distribuição de renda e a promoção do ser humano como um todo em sua diversidade se lhes apresenta sempre como um risco aos seus mesquinhos privilégios tão somente porque sem estes não estão aptos a sobreviver.

                Tem no fanfarrão ego público o contraponto da insegurança interior, especialistas que são de vender sua falsa imagem em lugar de ser e não sendo iludem-se com os ruídos que causam no social esquecendo-se que também estes são falsos em si mesmos.

                São apaixonados por atores sociais violentos e agressivos, pois a irreflexão exige autoridade para manter as coisas no seu lugar e curtir uma falsa sensação de segurança, seus medos internos explodem em buscar apoio incondicional em falsos ídolos a quem se entregam sem nenhum questionamento.

                Pelo medo se agarram em armas, pelo medo substituem a individualidade pelo padrão do grupo, pelo medo agridem sem refletir o diferente, pelo medo substituem o amor ao outro ser humano por idolatrias, pelo medo escravizam-se aos poderosos por proteção.

                São evangelizadores de uma humanidade medíocre incapaz de cooperar, são competidores em batalhas onde as regras sempre os devem privilegiar por saberem que não são páreos para homens livres. 

                Sim a estes devemos continuadamente oferecer resistência para construirmos a tão almejada sociedade dos homens livres e a resistência por si só é um testemunho de vida plena.