domingo, 22 de setembro de 2019

Nos Subtraíram o Direito à Primavera.


                Penso nas flores, nestas que toda a primavera traz consigo direito aos seus odores, me enche de júbilo com a graça dos seus traços, em minha alma faz brotar a força do renascer e provoca em mim uma vontade imensa de viver.

                Olho este Brasil poluído de movimentos grotescos, sem a delicadeza das pétalas macias, tão somente com seus espinhos autoritários e suas raízes incultas, que estão a gritar em altos brados, foste roubado da primavera e do teu direito ao renascer.

                Nesta virada de noite deveria madrugar em esperança, sentir germinar no país inteiro um novo acontecer, como sintetiza em seu ensino natural a primavera, acordar revigorado vendo ao meu lado um povo saudável e feliz explodindo vida em nossa pátria.              

                Mas sou tomado pela desesperança, percebendo os pequenos e intermináveis meia volta volver, decretos únicos possíveis de uma autoridade sem luz própria que nos comanda e que nos faz como nação andar para traz no tempo futuro há acontecer.

                Relembrando tempos de mudança, por mim já vividos, que tal como a primavera encaminhava todo nosso povo em direção ao calor humano, sonho de todo ser, abate-se sobre mim este gélido recado de ignorância de quem quer nos conduzir á falência do homem como verdade e amor.  

                Só vejo esta escuridão que traz ao meu encontro no caminho corações gelados pelo obscurantismo de uma época que devora boas intenções em nome de uma simples e despreparada fome de poder.    

                Não aceito a desesperança, acredito no óbito inevitável da mesquinhez, bem como no renascer das luzes da inteligência humana, sua excelência a história nos falará desta triste lembrança como ensinamento a nos livrar, nos tempos que hão de vir, de futuras repetições de insensatez humana.

                Se me roubam o direito à primavera por simples egoísta ignorância, me ensinam a nunca mais aceitá-la no porvir de nossa gente e esta promessa de nunca mais desesperança já me leva a acreditar em muitas novas primaveras.   

                Não que acredite em fantasias, mas tão somente que aposto no ser humano como semente de amor e esperança, tão grande é minha fé que entendo como aposta ganha.

De fato, não terão a menor chance de a primavera nos roubar porque o homem é maior que a ignorância.