Somos todos
escritores de estórias e as escrevemos para nelas acreditar, criamos nossa fé à
imagem e semelhança do que nos conforte e justifique tornando para nós mesmos suportáveis
nossos atos, não satisfeitos partimos para evangelizar a todos que encontramos pensando
também destes encontrar a aprovação não dos nossos passos visíveis e sim
daqueles secretos que tão bem escondemos e tememos que em algum dia sejam
percebidos por outrem.
Somos todos nós
personagens de estórias escritas por muitos e diversificados autores com suas
controversas e contraditórias biografias não autorizadas a nosso respeito onde
nos vestem das fantasias que têm conosco nos reinventando à sua maneira, não
que necessitem nos depreciar ignorar ou valorar é que se lhes exigem que
cumpramos à nossa revelia o papel que lhes serve de alforria para os seus atos
executar.
O rastro deixado
pelas letras espalhadas em diferentes pensares quase inelegível não nos permite
montar um personagem são quase testemunho de nossa inexistência, percorremos
nossos escritos e os que deixaram sobre nós buscando um equilíbrio que nos
defina, tal montagem mostra-se impossível não pela complexidade sim pela
parcialidade do montador que segue seu próprio roteiro.
Se assim o
imaginário nos escreve é porque nossos passos cambaleantes nem são tão próprios
sendo sem dono refletem o multifacetado sonho de ninguém definido, certamente
uma força desconhecida imprecisa de um ser que também criamos o que não mais permite separar o criador da criatura, certo é que não
há espelho onde possamos algum dia olhar nossa imagem, logo mais um ponto na
contabilidade de nosso inexistir.