quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Viver, Sim uma Superposição de Máscaras.

 

               A primeira delas é a que uso para me ver, afinal o que sou? Como sou? Modelo está máscara no dia a dia, enquanto vou me expondo as circunstâncias, lógico que preciso dela senão não poderia viver.

 

               Por certo alguns optam, por medo de se expor, a adotar um daqueles padrões de máscara que lhe vendem o que lhes permite evitar existir, cumprem um mandato de fé.

 

               À medida que vamos, vocação do ser humano, participando do encontro em direção ao outro, novas máscaras são necessárias em acordo com os diferentes grupos sociais dos quais participamos.

 

               Não vamos pensar que aí há um erro, é apenas uma exigência do sobreviver, precisamos sim definir uma imagem perante aos outros, mesmo porque admitir que não sabemos quem somos tornaria nós frágeis demais para o viver.

 

               Importante é sabermos que cada uma destas máscaras é em verdade uma análise importante de como reagimos as diferentes circunstâncias, em síntese um ato de autoconhecimento.

 

               Na pós-modernidade, no que chamamos me mundo globalizado, defende-se a tese que as pessoas estão super expostas, vejo muito mais um grande baile de máscaras ou desfilam cada qual com a sua preferida conforme suas necessidades particulares.

 

               Somos compostos de três ingredientes importante, dentre tantos outros, o afeto, o medo e o desejo, para equalizar estas necessidades expomos a máscara adequada.

 

               Lá no início já sinalizei quanto a inexistência de qualquer problema em relação a estes procedimentos, defendi que é o que propicia a pessoa que somos em essência a cumprir os rituais do viver.

 

               Por certo em nada me agrada quem não construiu sua própria máscara, optando por adotar uma terceirizada, quanto aos outros é o que chamamos processo de conhecimento próprio que é vital.        

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

A Nuvem Rosa a Eterna Luta entre Resiliência e Submissão.

 

               Atrasado pois A Nuvem Rosa é um filme de 2019, assisti ontem e gostei! Parabéns Iuri Gerbase pelo Filme! Parabéns Renata pela atuação! Estamos cercados por nuvens rosas sendo constantemente testados em nossa resiliência, triste por encontrarmos tantos submissos nestes nossos tempos atuais.

 

               Os caminhos internos do meu pensar, de imediato me levaram a fazer um paralelo com a luta de Julian Assange, por coincidência também já dura dez anos, e também dos palestinos bem mais longa nos seus setenta e cinco anos.

 

               A diferença entre os dois personagens principais é gigantesca, enquanto a heroína busca por todos os lados caminhos, vivendo sim as circunstâncias, mas nunca se sujeitando as mesmas, seu parceiro submete-se quase ao ponto de transformar a nuvem rosa em uma divindade.

 

               Este caminho da sujeição tem um efeito colateral, um pensamento totalitário, exige de quem por circunstância convive com ele que também curve a espinha dorsal, exige obediência ao mesmo papel de escravo de sua fé nas circunstâncias do momento.

 

               Por todos os lados, cada vez em maior número, estamos cercados por nuvens rosas, criam-se múltiplas circunstâncias para traçar um caminho único para cada um de nós, sempre á serviço de uma elite minoritária, que por sinal hoje se tornou impessoal.

 

               Um conjunto de ideias, tão abstrato como a nuvem rosa, estabeleceu-se através de uma hierarquia de submissos cujo principal objetivo é combater a resiliência e destruir qualquer resistência.

 

               A recompensa dos submissos é similar ao dos animais confinados ao abate, são bem alimentados para engordarem e cercados para evitar movimentos desnecessários, em síntese que se resignem para a inutilidade se sua vida para si mesmos.

 

               Assim como a heroína do filme, também faremos movimentos que a princípio não desejaríamos por força das circunstâncias, mas sempre questionando-os e buscando soluções com o intuito de harmonizar nosso eu interior com as adversidades propostas.

 

               A vida é para nós uma história com final aberto, como o final do filme, estaremos sempre no encontro da liberdade e seu desafio a morte.          

terça-feira, 7 de novembro de 2023

Narrativa de pureza e liberdade - Os Homens que Eu Tive.

               Tereza Trautman, como um filme desta beleza não seria escrito e dirigido por uma mulher, retrato de uma alma pura, honesta e livre, uma dádiva assisti-lo.

 

               Na época 1973 a diretora tinha 22 anos, sua protagonista era para ser a magnifica Leila Diniz, infelizmente faleceu antes da filmagem, mas a vejo como fonte inspiradora desta magnifica ficção da diretora, por certo havia uma aproximação de almas entre as duas.

 

               Obvio que o filme foi perseguido pelo patriarcado e seus principais representantes na época a ditadura militar, o que foi uma história linda na cabeça deles virou pornografia, e infelizmente privaram a população por dez anos de refletir sobre este tema.

 

               Brilhante iniciar o filme com a mesma sequência do final, onde como ponto de partida se propunham todos os questionamentos e na finalização a mesma cena explica todo filme, ela ia ser mãe de seu filho e seus parceiros estariam ao seu lado.

 

               A honestidade da protagonista é algo fora de série, sempre interpretando suas necessidades interiores, assumindo-as sem nunca deixar de preocupar-se com os homens com quem esteve envolvida, talvez isso seja no filme a imagem perfeita da liberdade e todas as responsabilidades que ela acarreta.

 

               Vejo na sequência onde ela se retira da vida do homem a quem ama naquele momento, partindo para o isolamento na casa da amiga com os filhos desta, aguardando a reconciliação entre o antigo e o atual como único caminho possível para se dar o direito a felicidade um dos pontos altos do filme.

 

               Toda a narrativa idealiza a relação entre as pessoas, esta honestidade consigo mesmo e partilhada com todos os parceiros da sua vida é a marca maior do filme é um verdadeiro ensinamento do que é uma pessoa livre.

 

               São cenas lindas a solidariedade com a amiga, seu envolvimento com as crianças filhas desta, sua honestidade quanto a dificuldade de ter uma vida com um foco em uma só pessoa exposta honestamente com seus parceiros.

 

               Em síntese vivia o amor profundamente sem abrir mão de gostar e se preocupar com todos os outros com quem partilhava sua vida e não escondia isso de ninguém, uma mulher livre e poderosa assim só podia assustar nosso conservador patriarcado. 

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

O Filme, um só Plano Sequência.

               O diretor põe as cartas na mesa, são só três, primeira o plano sequência termina na morte do protagonista, segunda não há roteiro é decidir e assumir, terceira o protagonista é o próprio diretor.

 

               Pode parecer insano, mas é lucido por demais, não é um documentário, mas é a ficção mais espetacular, o ato de viver, uma verdadeira experiência libertária com todas as suas consequências.

 

               O cenário o planeta terra que acompanhado de todos os figurantes, a sociedade humana, vão gerar as circunstâncias frente as quais o protagonista vai continuamente, a lá Descartes, decidir e assumir seu rumo.

 

               A vantagem do plano sequência único e a imersão completa de todos que compõe o público no seu próprio drama/paixão que é o existir, usufruindo assim sua potência de super homem.

 

               A não existência do roteiro só se justifica por uma pré-condição imposta ao protagonista, despir-se das injunções que desde antes de seu nascimento a civilização tenta impor ao seu pensar, ao seu existir, como movimento de busca permanente.

 

               A ideia é simples, uma experiência de solidão que não esteja descomprometida do afeto exigido pelas suas decisões em relação ao outro como realização de si mesmo.

 

               Obviamente não teremos fracassos e sucessos, pois ambos são um mesmo fator de prazer do viver, cada passo é tão somente um passo, sem rótulos pois estes nada mais são do que pré-julgamentos de quem não é livre e não aceita a liberdade do outro.

 

               A vida é por si só prazerosa e feliz, sempre estamos a ganhar em espaço/tempo quando decidimos e assumimos por nós mesmos, neste processo estaremos sempre a descobrir e com isso realizando nossa vocação.

 

               Este sonho de realizar seu próprio filme está ao alcance de todos, mãos a obra, vamos buscar nossa paz e com ela agregar paz e felicidade a humanidade.