Bom, não sei quem
é o guardião da terra, porém quando bati nessa porta para acessar a mesma,
assim como tinha acontecido no céu, também recebi um solene não, não havia
lista nenhuma com meu nome nesse local, deduzo que se tornou impraticável para
seres humanos a presença no planeta terra graças ao que chamamos de
civilização.
Vejamos algo
simples, estou caminhando na rua e você também, nos aproximamos passo a passo,
um observa que é observado observando o outro, duas almas milhares de
conjunturas, sim pela minha cabeça passam muitas alternativas, muitas hipóteses
o mesmo ocorre com você, na prática sempre encontrando motivos para abortar a
aproximação e dificuldades para realizar um possível contato, quando bem o
sabemos o Natural comportamento humano seria de imediato relacionarmo-nos.
Perdemos a
naturalidade da existência para trocá-la por uma multidão de construções
mentais de interdição, temos sinal vermelho para tudo, antes de estabelecermos
uma relação direta estamos trabalhando milhares de hipóteses e o que mais nos interessa
perde-se nessas reflexões, estamos mais preocupados com as justificavas do que
com o ser.
Cara, onde ficou
a atitude pessoal verdadeira, aquela que nos leva a nos aproximarmos de outrem
com o nosso jeito de ser e não com o que o que criamos para mostrar, por isso é
que digo que me falta pé, não existe espaço na terra para mim, apenas um mundo
irreal imaginário onde convive um eu inventado, somos hoje uma ficção criada
com o intuito de parecermos reais, organizados e adaptados como realmente assim
o deseja a civilização que também criamos.
Quero sim
adentrar no planeta terra, no planeta real e conversar com pessoas e não
fantasmas dessas, não caricaturas de seres humanos incapazes de ousar ser,
simplesmente aparentam algo que inventaram para si mesmos por obra de reflexões
feitas por terceiros e regras filosóficas a serem executadas por todos, caso
desejem participar desse simulacro de terra que inventaram.
É hoje
completamente impossível, simplesmente olhar para alguém, aproximar-se, contatá-lo,
tocá-lo, ou seja, estabelecer uma relação direta ligada à necessidade natural
do ser humano sem uma série de estratégias, um jogo de ambas as partes com justificativas
e suas contrapartidas, quando tão simples seria uma aproximação e não uma guerra
de interpretação das várias intenções para um nunca chegar ao objetivo.
Quero meu passe à
Terra, é um direito natural, em nada me interessa essa fantasia que me condenam
a participar, não tem porque me subordinar a regras que não se justificam por
si mesmas a não ser pela imaginação fértil de alguém.
Quando alguém
colocou uma cerca num pedaço de terra ou em um conjunto de pessoas e disse “isso
é meu”, transformou uma mentira em injustiça real e é desse mundo
fantasmagórico que não me interessa participar, prefiro estar só comigo mesmo a
me condenar ao eterno mentir para mim mesmo.