quinta-feira, 28 de setembro de 2017

O Homem na Proximidade do Caos

     Estamos andando sobre aquele fio de aço, cada vez mais disjuntos dos nossos iguais, a centena de metros de uma realidade para nós incompreensível, a única certeza que temos é a da fragilidade de nosso equilíbrio, conseguimos saber que o fio é resistente, mas de ponto de apoio insuficiente, ao menor deslize desabamos rumo ao desconhecido onde estaremos abraçados ou definitivamente afastados do prazer e da felicidade.

     Faltam-nos as pontes largas do conhecimento de nós mesmos, as trocamos por um fino fio da construção lógica de argumentos, podemos combinar conceitos infinitamente, até delegarmos a cérebros eletrônicos o ato de fazê-los, chegaremos a verdades matemáticas nunca ao entendimento do homem por uma insistência absurda em negar a origem de todas as coisas que é a junção dos sentidos ao seu espírito.

     Nosso movimento nestes inúmeros anos como humanidade tem sempre uma só direção explicar e não entender, montar conceitos e não viver, fugir e não parar para encontrar-se, sendo que esta opção nos conduz a lógica do exercício do poder e ao jogo de extermínio que nós como um todo social nos dedicamos continuadamente esta nossa sociedade se transformou em uma corrente de antropofagia.

     Para justificar o autoaniquilamento nós temos todas as teses, nós temos todas as escolas, nós temos todos os estudos, nós criamos deuses e verdades a nos darem razões, por outro lado quão pouco nos dedicamos a entender o jogo de dominação submissão que nos corroí por dentro e é o centro de quase todas as falsamente definidas como doenças modernas que resultam desta pressão insuportável da entidade impessoal do poder atingindo a todos humanos e assim mostrando-se de maneira diversa em cada um de nós.

     Como aceitar a continuidade deste processo de levar o homem individual ao caos sem tomarmos nenhuma providência, tudo feito com o intuito de transformá-lo em uma parte de uma maquina planetária de fazer inutilidades, lembrando um enorme formigueiro com suas funções bem definidas e atribuídas a cada um de seus membros, processo este ao qual o ser humano em autodefesa recolhe-se a si mesmo como expressão de sua resistência inviabilizando sua dimensão social, por certo é assim que nos querem a todos nós.


     Sabedores que somos do fato de o pensamento humano ter criado esta armadilha que lhe escapou do controle dominando-o, isto muito antes do que as proféticas e famosas maquinas da ficção cientifica o fizessem, cabe a nós um enorme esforço de desconstrução desta teia indesejável de conceitos crias nossas a partir de Sócrates, onde esquecemos o homem para trabalhar apenas ideias e submetê-lo a estas.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Humanidade Corrompida Espelha Decadência

     Sempre que escuto as afirmações sobre o final dos tempos me espanto com nossa capacidade de encontrar signos para uma onipresença que nos condene a uma eternidade de alegrias ou sofrimentos, esta busca permanente de uma zona de conforto individual empurra-nos definitivamente para a autoabsolvição e afasta-nos da luta por um mundo de homens plenos na sua relação consigo, com o outro e com a natureza.

     Os grandes ciclos da vida no planeta medem-se sim em milhões de anos e nossa cultura de alguns milhares de anos trata disso como se tivesse algum entendimento de como será o inicio do próximo ciclo, quando bem sabemos que estamos tateando no conhecimento dos ciclos anteriores e nos detalhes do ciclo atual o que transforma todas as hipóteses em simples exercícios de premonição.

     O assunto só é atual por ser grande o aumento dos níveis de intolerância na sociedade globalizada e se acrescermos neste contexto, como agravante, uma passividade crescente em quantidade e intensidade salta aos nossos olhos que uma ditadura das minorias estabelece-se fundamentada exatamente nestas características indesejáveis e na diminuição do espírito de resistência que de fato é o grande construtor das utopias.

     Corrupção é um dos marcos sinalizadores deste momento, definida pela opção pessoal ou de um grupo de obter e/ou fornecer vantagens indevidas em trocas privadas de favores, escancarando o egoísmo e o descompromisso com a maioria passiva da população, ela prospera e engorda dia a dia amparada pelo relaxamento dos controles e por uma sensação crescente de impunidade dos executores sempre mais tentados pelo incentivo ao consumo desenfreado estabelecido.

     O que vemos é um grande mapa da decadência a cobrir todos os cantos do planeta, mais visível no que chamamos de terceiro mundo por suas características de continuado alvo de exploração dos mais desenvolvidos, não que pessoalmente aposte em uma sociedade moral até porque não coaduna com meus pensamentos, mas por acreditar no homem integro e justo que no seu gostar é incapaz de tirar vantagens indevidas de outrem, seja quem for este outro.

     Continuo apostando no caos como fenômeno regulador, pois a ambição desenfreada leva a impossibilidade de manter o equilíbrio social e a permanente tentação de forçar um pouco mais, inerente ao explorador, inevitavelmente romperá as amarras e libertará a sociedade como um todo, tenho a pretensão de imaginar que todos os truques já foram realizados e a explosão da organização esta prestes a acontecer, como se manifestará e quando por obvio não posso prever, mas a vejo trilhando um caminho sem volta.

     Reforço então esta necessidade do exercício da resistência com seu papel evangelizador e a ampliação do espaço de luta, entendendo como consequência do caos a construção de um mundo novo este deve estar amparado nas causas justas que são aderentes ao homem pleno e justo.