Estamos andando
sobre aquele fio de aço, cada vez mais disjuntos dos nossos iguais, a centena
de metros de uma realidade para nós incompreensível, a única certeza que temos
é a da fragilidade de nosso equilíbrio, conseguimos saber que o fio é
resistente, mas de ponto de apoio insuficiente, ao menor deslize desabamos rumo
ao desconhecido onde estaremos abraçados ou definitivamente afastados do prazer
e da felicidade.
Faltam-nos as
pontes largas do conhecimento de nós mesmos, as trocamos por um fino fio da construção
lógica de argumentos, podemos combinar conceitos infinitamente, até delegarmos
a cérebros eletrônicos o ato de fazê-los, chegaremos a verdades matemáticas nunca
ao entendimento do homem por uma insistência absurda em negar a origem de todas
as coisas que é a junção dos sentidos ao seu espírito.
Nosso movimento
nestes inúmeros anos como humanidade tem sempre uma só direção explicar e não
entender, montar conceitos e não viver, fugir e não parar para encontrar-se, sendo
que esta opção nos conduz a lógica do exercício do poder e ao jogo de extermínio
que nós como um todo social nos dedicamos continuadamente esta nossa sociedade
se transformou em uma corrente de antropofagia.
Para justificar o
autoaniquilamento nós temos todas as teses, nós temos todas as escolas, nós
temos todos os estudos, nós criamos deuses e verdades a nos darem razões, por
outro lado quão pouco nos dedicamos a entender o jogo de dominação submissão
que nos corroí por dentro e é o centro de quase todas as falsamente definidas
como doenças modernas que resultam desta pressão insuportável da entidade impessoal
do poder atingindo a todos humanos e assim mostrando-se de maneira diversa em
cada um de nós.
Como aceitar a
continuidade deste processo de levar o homem individual ao caos sem tomarmos
nenhuma providência, tudo feito com o intuito de transformá-lo em uma parte de
uma maquina planetária de fazer inutilidades, lembrando um enorme formigueiro
com suas funções bem definidas e atribuídas a cada um de seus membros, processo
este ao qual o ser humano em autodefesa recolhe-se a si mesmo como expressão de
sua resistência inviabilizando sua dimensão social, por certo é assim que nos
querem a todos nós.
Sabedores que
somos do fato de o pensamento humano ter criado esta armadilha que lhe escapou
do controle dominando-o, isto muito antes do que as proféticas e famosas
maquinas da ficção cientifica o fizessem, cabe a nós um enorme esforço de
desconstrução desta teia indesejável de conceitos crias nossas a partir de
Sócrates, onde esquecemos o homem para trabalhar apenas ideias e submetê-lo a
estas.