domingo, 22 de janeiro de 2023

Descomplicando 2023

 

                Dentro do previsto, segue 2023 o ano corrente, uma verdadeira corrida de obstáculos, por sinal não são poucos, mas sempre soubemos são assim as transições, a cada passo em direção a correção de rumo as dificuldades vão aparecer e por certo saberemos enfrentá-las.              

 

                Só em visualizarmos o tamanho da oposição das ideias do antigo governo para o novo podemos perceber o quanto de paciência teremos que ter para a reconstrução de direitos e justiça sistematicamente destruídos por seis anos e em velocidade agravada nos últimos quatro.

 

                Um salario mínimo, referencia para uma grande maioria da população, aviltado por insuficientes recomposições anuais construídas com uma medida de inflação que não reflete as necessidades de consumo de quem o recebe, é obvio que a cesta básica é o que mais lhe pesa no bolso e seus aumentos são muito superiores ao índice de inflação.

 

                O importante é buscarmos o norte de um salário mínimo mais justo avançando dia a dia nesta direção, quando vemos uma renda per capita em torno de 4500 reais e um mínimo de 1300 podemos avaliar o tamanho desta lacuna e o esforço que terá que ser realizado.

 

                Na área da saúde perdemos muito, hoje temos um SUS fragilizado um enorme investimento deve ser feito na saúde preventiva reforçando seus quadros e qualificando-os, pois, depois da alimentação a saúde é o principal direito da população brasileira.

 

                O terceiro grande pilar é o da educação, ao qual nos cabe no ensino superior retomar a qualidade que já tivemos e infelizmente foi ferozmente atacada, mas acima de tudo no ensino fundamental tem tudo a ser feito, no curto prazo acho difícil, mas deveríamos pensar novamente o tema da educação integral, por certo a questão de rever o modelo de aprendizado não pode ser esquecida.

 

                A maioria da população deve ser convocada para participar efetivamente do processo de reconstrução do Brasil, sua participação ativa será aval para o bom caminho e permitirá a compreensão das dificuldades para chegarmos onde queremos, a transparência é o esteio do diálogo e uma reconstrução de tal magnitude só pode ser feita com base nela.

 

                Não gostaria de terminar este texto sem tocar no tema que para mim é por demais importante, em todos os níveis deveríamos discutir o tema da renda universal, pois esta traria uma grande simplificação das estruturas do estado e uma enorme melhoria nas relações entre o trabalho e o capital.

Atropelado por seu Próprio Texto.

                Ele tinha clara noção, percebia que os vários textos se digladiavam em seus pensamentos, estavam constantemente escrevendo-se e rescrevendo-se e tentando impor-se a sua atenção, lhe era difícil manter o foco, ora um ora outro se impunha, apesar de completos sempre estavam por reescrever-se.

 

                Não é que em um repente ele se sentiu jogado contra o teclado, sim atropelado por um de seus textos, estava já logado pronto para seus dedos dançarem nas teclas, o tal do texto queria impor-se no papel digital, sentindo-se vitorioso, o tal texto, já se via transcrito para o meio digital.

 

                Envolvido nesta obrigação lhe venho a lembrança umas três ou quatro noites que dias atrás tinha vivido repetidamente  uma experiência singular, em sonhos em um dormitar leve, nem bem dormindo nem acordado, via-se lendo palavra após palavra, linha após linha de um livro já escrito, mas tinha consciência no próprio sonho que o mesmo nunca tinha sido escrito e que portanto era obra sua, estava perplexo com esta experiência de simultaneamente escrever e ler seu próprio livro.

 

                Já pelo paragrafo anterior percebemos que a tal vitória do texto, era uma vitória de Pirro, pois depois que nosso personagem está brincando com os teclados nem o titulo do texto está garantido, quando ele passa a por no papel as palavras sempre um novo texto é escrito e reescrito.

 

                Não que os textos anteriores e suas várias versões morram, eles coexistem eternamente no paraíso do pensamento humano, um texto tem tantos eu quanto o seu autor, que por sinal usa esta designação ‘autor’ equivocadamente pois na verdade sua tarefa é de descobridor, os textos em suas milhares de combinações já existem desde sempre.

 

                Como já disseram por aí, todos escrevemos sempre o mesmo livro, por mais que haja diversidade de conteúdos, de palavras, de frases, são sempre a projeção do nosso viver, vivemos esta multiplicidade de espirito que mostra-se em suas várias facetas definindo um mesmo ser.

 

                Não pense que isso aconteça só com o escritor, o mesmo ocorre com leitor, cada releitura de um livro é na verdade outro livro pois o lemos com os filtros todos do atual momento interior e como sabemos não são os mesmos.

 

                Bom está feito, paro por aqui para fixar um momento, pois se assim não o faço será outro o texto que vereis.