sexta-feira, 31 de março de 2017

Acordei assustado

     Podes ter certeza, acordei assustado e não foi por causa de meus sonhos, na verdade o que me assusta é a quantidade de joelhos pressionando grão de milho, este suplício voluntário executado por tantos me traz a lembrança dos sonhos dos voos livres hoje definitivamente afastados da nossa convivência no dia a dia, me parece surreal que podemos ter alcançado esse resultado de viver uma vida de culpados, nos manipulam tão bem que carregamos a culpa do mundo nas costas como cruz merecida por pecados não cometidos.

     Somos chamados com constância a prestar nosso dízimo, antes fosse um simples dez por cento de contribuição quando de fato esta é a parte que nos cabe, com objetivo de acumular mais valia na mão de poderosos exploradores do suor humano, estes gananciosos do sangue dos irmãos o qual transmutam em ouro tal qual alquimista, usufruindo o poder da injusta exploração para seu regalo próprio, corrompidos por seus deuses particulares a justificarem a discriminação e a escravidão que praticam.

     Melhor seria manter-me no ócio do sonho do que enfrentar tal realidade, mas bem sabemos que a luta pela liberdade exige vigilância constante, cada manifestação, cada ato e cada atitude deve ser acompanhada, analisada, interpretada e comentada com o objetivo de permitir a análise crítica de todos sobre a servidão impingida e manter viva a chama da resistência, já negligenciamos em demasia nossa vigilância deixando crescer em demasia as garras fascistas.

     Se eles são fortes na manipulação do homem como contraponto nós temos que aumentar a massa crítica capaz de entender os instrumentos utilizados nessa estratégia de governança, tão somente o continuado exercício do pensar e do evangelizar pode nos salvar. A estratégia é de fácil percepção, sempre que nos mantém despreparados e distraídos obtém salvo conduto para perpetuar seu domínio das forças sociais com objetivo de tê-las como inocentes e úteis em seu projeto de poder.


     Acordei assustado sim, o desmonte das conquistas humanitárias que tão bem sabemos o sacrifício e o tempo que nos custaram está acontecendo em ritmo acelerado com apoio dos mortos vivos sedados por chamativos chavões de empoderamento do indivíduo à custa de outros seus iguais, renegando a lógica de que para haver senhores necessários são os servos. Estejamos todos alerta para a ampliação da luta libertária buscando a justa distribuição da riqueza intelectual e material da humanidade entre todos os homens sem nenhum tipo de discriminação.      

terça-feira, 7 de março de 2017

É Tempo de Repensar o Sistema Educacional

     Repensar o sistema educacional que é hoje uma estrutura arcaica destinada a colocar as pessoas nos trilhos da observância cega aos preceitos pré-definidos, sua cartilha é encaixá-las como instrumento útil a serviço de minorias, é preciso zerar e recomeçar o processo de educar, este deve oferecer dúvidas e não certezas, para que assim cresçam pessoas inovadoras por sua capacidade de ver alternativas e fazer escolhas, pois o homem é a sua capacidade de optar.

     Todos os aplausos à maioria dos professores pelo incansável esforço de educar cuja dedicação dentro das limitações propostas pela sociedade é inquestionável, nossos protestos estão dirigidos ao modelo adotado pelo sistema que é dirigido inteiramente a absorver conteúdos, ora um espirito crítico o saberá bem utilizá-los acessando-os no momento que assim for necessário, já os mesmos acumulados em continuados esforços de memorização com objetivo apenas de obter os graus necessários durante dezenas de anos de nada servirão a não ser como referência para um discurso vazio.

     Quando falamos em educar deveríamos estar falando em preparar para vida nunca em aparelhar um ser humano para encaixá-lo na máquina existente de produção, os resultados do projeto educacional estão escancarados na mediocridade de nossas empresas incapazes de inovar convivendo com altos índices de desperdício e autoritarismo, a primeira punhalada na criatividade ocorre na família em sequência o pouco desta que sobra é destruída na escola e por fim o sistema produtivo encarrega-se de enterrá-la em definitivo, o que nos conduz a esta mesmice do avanço tecnológico orientado a reconstruir o já feito apenas colocando uma nova cara sem nunca realmente trazer o novo.

     Ensinar uma tabuada em sua sequência matemática decorada é abrir mão em definitivo de que se aprenda a raciocinar, exigir que um aluno em uma prova repita conceitos memorizados é desistir do espírito de busca, repetir os mesmos ensinamentos para jovens diferenciados em seus talentos é simplesmente esculpir muitos robôs em tudo iguais destinados a serem futuras pequenas peças de uma grande máquina e nunca permitir que apareça em cada um o homem com sua potência ao infinito e a eternidade.

     O que me parece enormemente doentio é jogarmos toneladas de verdades, falsas verdades por sinal que só são vistas como tal pelo falsete das inumeráveis repetições creditando-as como verdadeiras, desfigurando a própria definição de ser humano que é a capacidade de visualizar vários caminhos e continuamente optar pelo mais adequado ao seu momento, para nomearmos um processo como educacional os seus caminhos na totalidade devem permitir visualizar o leque mais amplo possível de alternativas e desenvolver o espírito crítico habilitando a educação à escolha e seu consequente aprendizado pela análise das consequências destas escolhas para si, para os outros e para a natureza.

     Nada pode mudar o mundo sem a peça fundamental que é o processo de autoformação do homem, a obrigação da sociedade é prover os mecanismos para que todas as oportunidades sejam oferecidas em igualdade, qualidade e quantidade para todos, colocado todo nosso empenho neste quesito do repensar a educação estaremos reescrevendo todas as relações sociais, uma nova educação refletirá em uma nova política, na revolução da economia e no inevitável nascimento de meios de produção libertários e justos.

quarta-feira, 1 de março de 2017

É Tempo de Repensar o Modelo Econômico

     Repensar o modelo econômico estruturado na obtenção e manutenção de privilégios a qualquer preço, sempre calcados na escravidão da multidão dos que são historicamente mantidos como menos iguais, os pensamentos falsos tipo tradição família e propriedade são usados como amparo de direito à expropriação do que é de todos por alguns, o novo rumo deve apontar para a vida digna, pelo direito à produção global da humanidade e a partilha mínima de todo ser humano, somos todos sem discriminação herdeiros do trabalho da humanidade enquanto não implantarmos o sistema que a isso contemple estaremos sujeitos ao permanente estado de guerra tanto individual como coletivamente quando o destino do homem deveria ser a paz.

     A teoria de que o mercado ajusta os preços aos níveis mais baixos devido à livre concorrência melhorando a vida da população é desmentida a cada dia, o que constatamos é um processo concentrador de riqueza com o estabelecimento continuado de empresas hegemônicas mundiais via aquisição/fusão de empresas concorrentes, esses novos conglomerados com seu enorme poder de pressão intervêm via tecnologia de manipulação das massas no mundo todo, sua utilização da mídia e das instituições políticas corrompidas na sociedade incentiva à batalha individual, apelidada de competitividade e de meritocracia, e às guerras localizadas em diversos pontos do planeta pelo controle estratégico das riquezas e das populações.

     Uma teoria econômica que esteja a serviço do homem, da relação justa entre os seres humanos e da harmônica convivência com a natureza deve ser construída pela humanidade, um dos seus pilares deverá ser a distribuição equilibrada do produto global obtido pelo trabalho do homem e das máquinas originadas do avanço tecnológico, homens com suas necessidades básicas saciadas terão condições de investir em seu crescimento pessoal e colocá-lo a serviço de todos utilizando o melhor de suas habilidades.

     Romper a deliberada produção de bens datados em sua validade, logo natimortos por definição, com objetivo de gerar consumo e trabalho desnecessário apenas para movimentar e acumular riqueza é outra preocupação a ser incluída nestes estudos para desonerar o ser humano e a natureza do fator predador que este uso equivocado dos meios de produção acarreta.

     Construir uma cadeia de reaproveitamento de todos os esforços já realizados ampliando o uso de seus resultados tanto no tempo como na quantidade de usuários é fortemente recomendado para evitar o desperdício liberando-nos para o lazer e o investimento no nosso crescimento pessoal e a consequente ampliação global dos índices positivos de saúde físico/mental.

     O trabalho voluntário é compensado pelo próprio resultado tornando-se desnecessários enormes desperdícios de esforço para controle, hoje nosso esforço na vigilância do correto executar de tarefas por terceiros nos penaliza duas vezes primeiro a desvinculação deste com o objeto fim em segundo o tempo despendido pelo fiscalizado em ludibriar os controles e curtir sua insatisfação, urge estudarmos melhor as questões econômicas do trabalho cooperativo e voluntário como um caminho a ser percorrido na economia do futuro.

     Uma doutrina econômica que em sua execução garanta a todos os humanos um padrão de vida digno, sua saúde e sua educação independente da execução de um trabalho combaterá de imediato a criminalidade eliminando grandes esforços para controlar benefícios sociais e de policiamento, bem como transformará o modelo das organizações onde se trabalhe voluntariamente evitando os desperdícios e aumentando a qualificação em criatividade e inovação logo teremos mais realização pessoal e uma sociedade dirigida ao consumo responsável.