sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Em Sintonia com o Caos

     Caos sinônimo é de natureza e por extensão de ser humano, por mais que se defenda a organização como status de excelência constata-se que só há criação na desordem e assim sendo só podemos esperar vida quando sintonizados com o caos, a organização tem destino certo a morte porque trabalha com o passado e com o futuro o que por si só é uma impossibilidade, se falo de vida falo de presente tão somente.

     Todos os nossos esforços mentais são dirigidos a controlar a infinita vontade de afirmação da existência inerente ao homem, assim o é por um erro histórico da humanidade que instituiu como verdade o  desencontro da atividade cerebral com a dos sentidos, o corpo humano não pode ser dividido em duas entidades espírito e carne, pois só funciona em plenitude na fusão destas duas características em uma entidade única  própria explosão da vida.

     Não alavancamos o homem novo e sua principal dádiva que é um mundo justo devido ao sistemático combate feito pela maioria medíocre a esta maravilhosa maquina de decisões que é o ser humano, o risco que significa decidir é combatido por todas as formas de organização criadas para exercer poder, entender todos os caminhos e escolher é visto sempre como sinal de resistência a opressão, as estruturas formais com suas regras e suas leis disfarçam sob os slogans falsos de liberdade democrática e utilidade pública a submissão almejada pela maquina de poder.

     A desobediência civil sempre que resultado da consciência do homem no exercício da sua liberdade é por si só a experiência mais justa que possa ser vivida, maldosamente rotulada de desordem nada mais é que a encarnação da liberdade do homem a lançar suas forças para o bem comum da comunidade de transcendentes ao encontro da utopia criadora, não existe o melhor caminho tampouco um oráculo deste, existe o caminho escolhido e este por sua vez nos abre um novo conjunto de opções.

     Construímos grades de argumentos lógicos para nos aprisionar, justificar o abrir mão do existir combater nossa sede de conhecermo-nos e gostarmo-nos, como se o discurso em si mesmo pudesse transmutar-se em vida, todo o discurso fala do passado e não pode ser uma resposta ao presente além de ser inelegível por qualquer ouvido que não seja o que o proferiu e mesmo este não o reconhece por que já não mais o é ao escuta-lo com o filtro do presente.

     Quando dispomos um conjunto de pensamentos no papel é uma pequena foto de um momento nosso o que libertamos, sem nenhum tipo de pretensão que não seja oportunizar a recriação do mesmo para seus poucos leitores ou até mesmo deixar pegadas que talvez nunca sejam vistas, provas de uma existência e isso por si só é o suficiente, não se busca aprovação nem tampouco seguidores e muito menos ainda algum tipo de crédito até porque as verdades são individuais no restrito espaço do tempo acontecido.


     Este é o caos que quero sincronizar de viver o momento em sua plenitude consciente.