Como
criadores de inúmeros espaços/tempo nós humanos podemos não existir, só para contrariar
o mestre Descartes que diz que existirmos por decidir, me tenta muito a ideia
de que seguimos sim todos os caminhos, com múltiplas versões de nós mesmos cada
qual com seu espaço/tempo.
Assim
sendo todas as versões do que chamaria de “mim Mesmo” se deparam com a mesma
terrível questão “Serei eu o protagonista do meu existir”, ou mais terrorista
ainda “Sou minha versão correta, verdadeira” o que definitivamente nos leva a
concluir pela real inexistência de nós outros.
Bom até
aqui estou trabalhando com possibilidades, agora gostaria de avançar em direção
ao título deste post, agora sim uma certeza conhecida de todos, reescrevemos eternamente
nosso passado com a cara adequada há cada presente.
O acaso
e suas circunstâncias nos levam, em caso de legitima defesa própria, a
falsificar constantemente nosso passado e mais grave ainda, esquecer as múltiplas
versões Já feitas por nós mesmos em nome de uma verdade pessoal toda dirigida a
melhor viver o momento presente e juramos a nós mesmos em nome dessa verdade
criada agora e que certamente será solenemente negada no momento seguinte,
sempre que este possa existir.
Isso me
lembra o escritor perfeito cuja obra prima é tanto reescrita que sua publicação
só ocorre com a morte, mas não somos só falsificadores da nossa história, somos
também retocadores eternos daquelas fotos que catalogamos como lembranças, seu
número é tão grande que sempre trabalhamos com uma quantidade ínfima também diversa
conforme nossas necessidades presentes com os diferentes retoques que o momento
necessita.
No caso
da lembrança a mágica é muito simples, pois como a fotografia sem volume, sem
tempo, sem massa por si só se prova como inexistente, por mais que a procuremos
nunca a encontraremos, com muita dificuldade, talvez em um grande esforço, possamos
imaginar vestígios e adequá-los as necessidades de provar sua existência.
Já vejo
alguém armado de cinco pedras célere a me contestar dizendo que pode documentar
com testemunhas que seu passado descrito é verdadeiro, como se testemunha
pudesse documentar algo que não viveu, a mesma não só não vivei o que dizes ter
vivido como padece do mesmo problema o presente e suas circunstâncias é que
embasa seu momento testemunho do qual também não pode ter certeza.
Não
estamos falando do que chamaríamos de má fé, menos ainda do que designamos de boa-fé,
estamos falando de acaso e circunstâncias, sempre posto que pudéssemos acreditar
em bem ou mal o que não consigo fazê-lo, no máximo consigo acreditar que existo,
nem que seja como parte de alguém que exista de fato e meus momentos tanto são
maravilhosos como terríveis sempre dependendo da minha versão que serei no
momento seguinte.