Não que
o queiramos, de maneira alguma o premeditamos, porém nos transformamos na nossa
melhor mentira, perdemos a capacidade de identificar o indivíduo existente em
cada um de nós.
Proclamamos
eu isso, eu aquilo por todos os nossos caminhos sem que nenhuma destas
afirmações consigam passar pelo nosso detector de mentiras particular que é
nossa consciência.
Os
mantras se emanciparam, ganharam vida própria e desfilamos nosso dia a dia fantasiados
por alguns destes confundindo-nos em diferentes rebanhos como se indivíduos fossemos.
Em
grande maioria desistimos de inquirirmo-nos a nosso respeito, buscamos
movimento, buscamos distração e assim mais fácil é transformarmo-nos de indivíduos
em atores de um pensar do qual nem a origem conhecemos.
Embora
pareça confortável e assim se mostre no convívio social, de fato sua realidade
se escancara na quantidade enorme de seres humanos em depressão, sem sermos indivíduos
nada nos satisfaz nos falta o principal o encontro de cada um consigo mesmo.
O
momento rebanho, quando escravos de pensamentos sem dono, é a própria negação
da vida, sentimos um mentiroso conforto de pertencer a alguma coisa que de fato
não existe e como tal negamos a nós mesmos.
A
grande sacada da literatura é a possiblidade de desenharmos personagens
perfeitos, heróis e vilões capazes de nos ativar todos os sentidos, não há indivíduos
assim somos sempre uma mistura de herói e vilão e isto é ser humano.
Temos sim
que mentir uns aos outros porque não estamos mais preparados para ver a nós
mesmos e ao outro como de fato somos e assim passamos a ser personagens não da
nossa própria ficção, mas de uma qualquer que adotamos.
Como
disse Nietzsche muito tempo levaremos para entender seu Zaratustra que é a
tentativa mais feliz para construir um personagem humano, demasiado humano,
quem dera pudermos em presente breve nos encontrarmos cada um de nós como indivíduos
e assim cumprirmos nossa vocação humana.