sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Insana Saúde


Cubro-me protegido de plena saúde,
Sempre de mim lépido escondo todos os males,
Se aprisionado em hermético ataúde,
Sempre aceito de que a meu respeito assim fales.

Dia sim dia não me disfarço saudável,
Sabedor de que de vida só pouco entendo,
Acolhendo-me por dentro assim confortável,
Fica fácil descubro seguir vivendo.

Como cruz carregamos todas nossas culpas,
Mesmo sempre o sabendo sermos inocentes,
Insistem em nos tirar todas as desculpas,
Devido em maioria contra o homem ser crentes.

Mesmo sabendo que estou por fim puro e limpo,
Pago pecados que a mim são determinados,
Todos querem tirar-me do pretenso Olimpo,
Garantindo-me sequencia de finados.

Por muita alegria eu tenho simpatia,
De um eterno otimista, assim me rotulam,
Dos outros nada cobro nem mesmo empatia,
A mim cobro respeito ao que postulam.

Como pensar em dores eu tendo os amores,
Como pensar em falta se a vida me basta,
Como pensar em espinhos se eu curto flores,
Como pensar em mal se a alegria não gasta.

Sensível Pele

Que raros segredos tem a sensível pele,
Fugindo do alimento que só vem do sol,
Todo pequeno frio vira um a congele,
Cada gota de chuva vem como um lençol.

Não é que repetidamente não me tente,
Apenas me fogem as oportunidades,
Mais me cativa sempre uma cama dormente,
De meu pensar fogem mover-se nas cidades.

Preciso da companhia muda, inocente,
Para completa preencher e me acolher,
Em cada passo de vida dado a mim mente,
Brincando comigo força a me recolher.  

Chamado a viver aparece a cada instante,
Reprova-me permanente este pensamento,
Mesmo assim perto feito nulo delirante,
Sempre preciso arriscar novo passatempo.

Perdi de mim o saber controlar das rédeas,
Mesmo sabedor de que delas não preciso,
Querendo muito ter para evitar tragédias,
Tornar-me cada vez mais meu dono eu preciso.

Como ajudar-me nesta fantástica lida,
Quando não conhecemos de onde sua origem,
Infelizmente no vácuo eterno, perdida,
Buraco negro desanda pura fuligem.  

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Quando só Existe Branco


Um só canto, um só espaço, um pleno silêncio,
Nada é nunca, nenhum novo movimento,
Nem há vida, nem há morte, nem há o cio,
Pareço o ser recluso, estou feito detento.

São momentos de sempre negar entender-se,
Luta permanente de deixar de ficar,
Nada serve como lugar para meter-se,
Vida negada não tem o mistificar.  

Assim o é quando para mim só há branco,
Difícil entender porque não vês o espanto,
Pois tudo que quero vai só contra meu flanco,
Até explicar-me em pleno puro esperanto.

Não sei como entender, nada comigo mexe,
Aturdido, parado, sem gota de pranto,
Não há espaço que comigo inteiro me vexe,
Apenas muito quero e sempre nada planto.

Parar é, todavia o maior movimento,
Eu paro imóvel em todo instante finito,
Fugindo do infinito perfeito tormento,
Que se desdobra iludido ante mim aflito.

Eu quero muito fugir deste pleno Branco,
Ninguém consegue me mostrar o jeito preto,
Só sei que o temporal derrubou no barranco,
Torrentes de pecados que nunca cometo.

Calmaria no Coração da Tempestade

Não é preciso para entender ser um gênio,
Separar o espírito calmo do seu entorno,
Ou esperar atônito o próximo decênio,
Livrar a alma de qualquer externo suborno.

Furiosos cercados no ar tempestuoso,
Despreparados entregues no desalento,
Mostram sinais de tempo novo impetuoso,
Onde seres humanos não encontram alento.

Triste tal construção é de nossos iguais,
Nem culpa nós podemos jogar ao vento,
Sendo toda obra assinada por nós os tais,
Por nosso esforço gera e resulta este tento.

Combinado está que ao olhar na própria carne,
Acha chance de bom caminho desvendar,
Não fora, mas interno seu labor encarne,
Para humana felicidade encomendar.

Consciente realidade em desalento,
Que não é sinônimo de desesperança,
Consigo a ver chegar ao melhor intento,
Humanidade feliz completar a dança.

Luz da ruptura todo dia se aproxima,
Percebe-se agora nos queima todos dedos,
Aponta tempos de nunca mais Hiroxima,
Pondo completo fim a todos nossos medos. 

Versos Translúcidos


Eles são seres de imensa boa vontade,
Dispostos sempre nosso mundo transformar,
Tem no Amor aos outros, principal verdade,
E seus sonhos são todos juntos ser um mar.

De não esperar compreensão tem a noção,
Entendem que cada um só veste sua pele,
Mostram-se inteiros sempre só por vocação,
Fugir do julgar outrem é o que os impele.

Não lhes falta vaidades podem apostar,
Extremo valor ao humano os enobrece,
Iguais nas diferenças vão sempre postar,
A beleza dos outros sempre os enternece.

Não pouco bons ou muito maus, apenas justos,
Nos outros sempre enxergam a sua alma irmã,
Gentileza não lhes é nunca quaisquer custos,
Fraternidade os atrai como forte imã.

Irreverente aceita e reflete a critica,
Entende cada um veste ideia como única,
Fé enorme no homem é sua maior mística,
Não quer aos outros vestir a sua túnica.

Para mostrá-los nestes translúcidos versos,
Alma destemida é principal conquista,
Grande comunidade apesar de dispersos,
É assim o livre pensador anarquista.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Espetáculo do dia - Espaço Eleitoral!


     Apesar do baixo índice de audiência, o espaço eleitoral, é o ganha-pão do momento de um enorme grupo de profissionais da indústria do entretenimento trabalha-se muito para entender o “que” e “de que maneira” as pessoas pretendem ouvir, ver e até sonhar, busca-se incansavelmente vender a melhor imagem deste produto, nosso futuro representante eleito, é um terreno onde as estratégias de marketing tem ampla preferência sobre o campo das ideias.

     Este desvirtuar do “momento do debate das ideias” por “hora de venda da imagem de um candidato” tem como resultado imediato pós-eleição o recebimento de um “personagem eleito caixa preta”, que passaremos todo mandado tentando desvendar para entendermos de que maneira nos ludibriaram, talvez aí esteja à segunda parte do show.

     O mais divertido ainda é o comportamento nas redes sociais da maioria dos famosos apoiadores, sempre ávidos por divulgar uma gafe dos ditos adversários políticos, mesmo que falsa ou distorcida, no intuito de rebaixa-los como se estivéssemos em uma competição onde eliminar o adversário é mais importante do que enaltecer as virtudes do companheiro, bom admitamos que seja assim que funciona o mundo em que vivemos.

     Não se enganem gosto muito de debate político e desde que me conheço por gente estive engajado, o que tenho dificuldade de aceitar é o verdadeiro balcão de compra e venda que se tornou o episódio eleitoral, podem crer que além de nunca ter aberto a mão de participar ativamente de todas as lutas nas quais acreditei, as rodas de café, as mesas de cerveja, os churrascos que participei sempre descambaram para fortes discussões políticas e ideológicas.

     A tão elogiada usurpação pelo capitalismo das rebeldias transformando-as em objeto de negócio e consumo chegou ao seu auge ao vender-nos este sistema representativo e seus mecanismos de manter-nos ocupados acreditando que estamos fazendo escolhas, quando de fato estamos comprando imagens que nos são oferecidas como redentoras por especialistas em vendê-las.

     Enquanto nos iludimos e brincamos de avançar em direção a uma sociedade mais justa neste enorme numero de anos pós-ditadura, a força dos interesses internacionais desencadeou no que chama de seu quintal uma operação desmonte em apenas dois anos, fazendo-nos regredir em justiça e distribuição de renda á níveis inaceitáveis para os tempos de pós-modernidade, nunca se facilitou tanto a exploração do homem pelo homem como no momento atual em nossa nação.

     Não estou conseguindo aceitar a ideia de que jogando nas regras do jogo possamos como humanidade em algum momento ganhá-lo, é fácil constatar o que estamos vendo, um jogo de cartas marcadas com o resultado pré-definido e contrario ao ser humano, urge encontrarmos outro caminho.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Chega Não Brinco Mais!


     Brincar de eleger presidente para que? Quando se sabe que manipulam informação criando ficção ao sabor do interesse dos donos do circo e quando não se obtém os resultados esperados troca-se o mesmo por outro mais domesticado senão pelo sofisticado manipular das leis diretamente pelas forças dos tanques.

     Brincar de eleger representantes legislativos para que? Quando se sabe que á partir da troca de casta não se representa mais ninguém, tudo que era compromisso em verdade fica a serviço dos novos interesses que obvio então giram em torno de manter-se no novo patamar social ao qual foram alçados.

     Brincar de discutir ideologia para que? Quando se sabe todo o ato por mais ignóbil que for contra o homem, tem milhares de palavras a justifica-lo como oportuno e necessário ao pretenso bem comum ao qual se destinam, sempre escondendo os malefícios práticos inegáveis sob a proteção de enfeitadas frases.

     Brincar de democracia para que? Quando se sabe desde Rousseau que a mesma só pode existir com todos os interessados na mesma praça cara a cara a construir o contrato social que aos mesmos corresponde, quando a cada dia mais constatamos que a procuração que assinamos no famoso sistema representativo nada mais é do que uma autorização para se locupletarem em nosso nome.

     Brincar de patriotismo para que? Quando se sabe que as fronteiras separam homens iguais e apenas justificam orçamentos militares gigantescos e desnecessários estando a serviço não da humanidade e sim da guerra cujo único objetivo é a má distribuição da renda criando a miséria da maioria para acalentar o sonho de poder de alguns.

     Brincar de trabalhar para que? Quando se sabe que quase tudo que se produz é lixo destinado a seduzir os incautos que confundem o acumular quinquilharia com qualidade de vida e apenas obtém como resultado infelicidade pessoal, desconsideração aos outros e destruição da natureza.

     Brincar de estudar para que? Quando se sabe que todo sistema educacional esta destinado a destruir a capacidade do pensamento individual submetendo-o aos ditames medíocres da uniformização do comportamento humano para nos transformar em partes burras de uma engrenagem.

     Repensar o homem partindo da desconstrução do que nos tem sido impingido como civilizado, recuperar a autoestima do ser humano pelo autoconhecimento, encontrar caminhos para livres pensadores conviverem construtivamente em harmonia, desmontar a indústria do consumo predatório, irresponsável e desenfreado são os grandes desafios do momento.

domingo, 19 de agosto de 2018

Marcado com Ferro em Brasa


     A marca do ferro em brasa, estúpido carimbo de infelicidade e como tal desumano, pode ser vista em cada um de nós, mesmo que em alguns disfarçada por marcas sorrisos ou aparente superioridade, as ranhuras no corpo e espírito dos seres humanos só mudam em profundidade neste nosso rebanho de civilizados.

     Por todos os lados sentimos o cheiro de dignidade queimada, a natural interna incessante busca de autodefesa esmaga muitos de nós até o ponto extremo de abrir completamente mão da vida, tanto por autoeliminação física como por depressão estendida até o imobilizador pânico, nós somos uma sociedade de doentes onde apenas o grau nos diferencia.   

     Empurraram-nos a abrir mão da vocação inata do homem para o social, seu eterno lançar-se em direção ao outro, oferecendo-nos em troca convites cativos para festas de hipocrisia ou teria outro nome os embates que nos dedicamos na convivência social física ou digital, onde a regra é consumir lixo desnecessário, competir pela vitória independendo dos meios utilizados, rebaixar outrem como único caminho de crescimento pessoal, em outras palavras verdadeiros bailes de foice no escuro.

     Nenhum de nós esta isento de responsabilidade por estarmos assim sitiados, afinal somos todos artífices desta civilização e muito pouco fazemos para mexer em sua espinha dorsal que é ditadura da mediocridade, espaço no qual o liberto é indesejável e deve ser controlado a qualquer custo para um falso bem comum.

     Por vezes me assalta o pensamento, que minha índole por natureza logo afasta, que tenhamos criado o moto perpétuo com esta maquina de triturar os seres vivos e assim transformados em pasta para o próprio funcionamento da maquina poderíamos ser eternamente carrascos de nossa própria liberdade de existir.

     Dói-me n’alma ver as pessoas cada vez mais indefesas frente aos seus próprios medos, me assusta o caminho adotado da sedação química como remédio para tornar suportável o existir, pois este mostra suas garras ao suprimir cada vez em doses maiores o viver, não é que se viva por menos tempo e sim que deixamos de viver cada vez por mais tempo.

     Necessitamos reescrever nossos caminhos como humanidade, sendo esta uma tarefa que não pode dispensar nenhum de nós, cada um deve ser o autor de sua própria obra, para tal não necessitamos de lideres menos ainda opressores, nada de cartilhas as que nos atendessem são impossíveis de encontrar, podemos e devemos sim optar a cada momento pelo poderoso ato de viver.

     Permito-me pensar que estamos muito próximos do ponto de ruptura com tudo que está por aí, apesar de cegos não percebermos estamos mais próximos do que nunca do outro, se ainda não o vemos é porque todos nos veremos quando menos se espera e a luz desta explosão se esparramará sobre o mundo novo.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

É Sim Guerra o Dia a Dia de Desamor,


     Não se engane estamos sempre em guerra, assim move-se a humanidade em relações de violência explicita ou não a nos defrontarmo-nos uns com os outros, pode ser o assalto na esquina, pode ser a opressão na disputa da mais valia ou até então a força dos tanques a submeter às pessoas com a violência exposta.

     Pessoalmente me assusta mais a opressão manifesta na cadeia de interdições a liberdade do homem que nos esforçamos em criar, submetendo-o em uma falsa democracia que nada mais é que oficializar uma maneira de tirar direitos dos outros os explorando ao seu próprio beneficio que se sustenta em um falso e desrespeitoso direito do outro.

     A manipulação sistemática e maquiavélica de um pseudoconsenso é uma guerra real onde todas as vantagens são usufruídas pelos mesmos de sempre interessados na má distribuição da renda utilizando feitores iludidos pela possibilidade de estabelecerem-se na parte alta da pirâmide social.

     Sempre que criamos uma escadinha de ascensão social estamos estabelecendo ombros a nos sustentarem, quando todos conhecem a lei mais antiga a que foi condenado o homem que é a de ganhar o pão com o suor do seu rosto e não dos seus irmãos, confunde-se mal intencionadamente o trabalho cooperativo de juntos partilharmos o resultado do nosso labor com uma meritocracia que nada mais é do que a lei do mais esperto a justificar desigualdades impostas sempre em seu principio pela violência da usurpação.

     Ninguém pode esconder mais a verdade temos sim produzido riqueza suficiente para todos viverem muito bem, as mal intencionadas teorias da escassez se mostraram falsas e podemos ver claramente que a falta é provocada por estoques desnecessários com motivação baseada em conceitos de acumulação por parte de alguns do que nunca vão conseguir usufruir em detrimento de muitos que tem insuficiência.

     A questão do Justo é uma questão tão mal resolvida como qualquer outra, pois é construído á partir de interesse infelizmente não voltado para humanidade e sim para o consumo individual, justas tão somente o são as atitudes dirigidas ao bem comum independente de estarem ao não amparadas na moral atual que foi construída sobre conceitos opressores.     

     Estamos frente a frente a um grande desafio desconstruir esta farsa que define o homem bom e o mau no intuito de conceituarmos um homem inteiro em relação de fraternidade com seus iguais, neste caminho temos tudo ainda por fazer temos que reaprender relações iguais entre os seres vivos e a natureza, baseadas em qualidade de vida e nunca em acumulações desnecessárias de riquezas supérfluas.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Que Barro nos Molda


     Perdido entre a interrogação e a afirmação, talvez exclame “cada um tem o barro e o molde adequado para criá-lo a sua imagem e semelhança!”, todos tem a receita certa para o meu viver, talvez um pouco apressado conclua que estou cercado por um mar de pessoas felizes, na verdade mais do que uma assertiva é um desejo meu que assim o seja, amém.

     O que me intriga um pouco é harmonizar as dificuldades que tenho para encontrar o meu melhor viver com as facilidades que tantos de maneira tão convicta o têm para mim, percebo que em um mundo iluminado pela sabedoria alguém deveria ser contemplado pela falta cegueira, e este alguém sou eu, pois vejo um relevo acidentado contraditado por uma maioria que encontra um tapete verde no mesmo olhar sobre o mundo.

     O mais curioso é que todas maravilhosas receitas que me são disponibilizadas parecem de fácil execução embora minha insistente inadequação ao executá-las, no dia a dia apresenta falta de aderência a minha vocação de encontrar prazer e felicidade, bom, sou obrigado a admitir que o erro esta no projeto de ser que represento por falta de aderência ao conceito majoritário do que é o existir.

     Vá lá que assim seja, são os desígnios nos quais não acredito que assim o querem, avancemos como se existisse uma direção tentando um pouco não perturbar a tranquilidade de outrem e capitalizando internamente os desafios como um presente merecido de quem quer e muito não trair-se a si mesmo.

     Talvez o problema esteja na meta, se puder pensar que se possa ter uma meta além de apenas existir, o que sei é que bem e mal não divergem é de fato um mesmo conceito apenas olhado de maneira diferente pelos olhos do julgador, que lamento informar-lhes por si só é uma desautorização, em nenhum momento é possível colocarmo-nos na pele do outro para entendermos sua fidelidade a si mesmo ao não.

     A autoinfidelidade é o único pecado possível e como tal inviável de ser constatada por terceiros, o que nos obriga a ver todos como puros ressalvando destes o conceito que de nós mesmos temos, e por certo por mais palavras que usássemos não conseguiríamos comunicar a ninguém o que somos, não só não saberíamos explicar como também não seríamos entendidos se o tentássemos.

     Caminho abraçado na certeza de minha vocação para o outro, para este outro que não conheço e nunca conhecerei o que em nada diminui a importância transcendente dele na minha vida, navego na convicção que nada tenho a dar-lhe a não ser a sua própria imagem que independente de minha vontade reflito, e como sou grato ao quanto ele permite que em mim mesmo veja, assim é a vida, ser só no meio de muitos é o selo que nos identifica como humanos.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Alma Presa em Cadeias de Aço.


     Sensação d’alma dividida entre a necessidade de estar presente na comunidade de seres humanos e as cadeias de aço que a acorrentam á um viver ausente de sentido, este passar inconsequente dos dias, que parece ser a sina dos nossos tempos, levados pela correnteza de mecanismos de controle da vida, construídos pela maioria medíocre estabelecida em nome de sei lá que ordem social, reduziu-nos a meros figurantes de uma peça sem protagonistas.

     Encontramos sim algumas estrelas do entretenimento que fulguram em maiorias justificadas tão somente pelo medo á solidão que impregna os rebanhos construídos ao acaso, incapazes de encontrarem caminhos por si mesmos, segue o rumo desconhecido de um brilho ocasional confundido com uma luz inspiradora, lembram muito as imagens de mortos-vivos tão em moda nos nossos filmes de terror, um bando que se destrói e é destruído sem razão ou motivo aparente.

     Tenho no sangue o otimismo presente em grandes doses, acredito em muita lucidez presente n’alma das pessoas, apenas esta não se expande devido aos mecanismos de controle tão bem construídos em nome da civilização, este exagero de controle por incrível que pareça é a razão principal do meu acreditar, sempre assim o foi, o ocaso de um império é sua incompetência para entender o momento de parar sua expansão, feliz pressinto que estamos muito próximos do nível de ruptura do que aí esta.

     O fato é que não necessitamos implantar chips em seres humanos, nem mais necessitamos da força bruta para a execução deste eficaz mecanismo de controle social, superamos em muito a ficção cientifica ao estabelecermos uma moral que por si só, incluindo aí suas previsíveis transgressões, coordena todo um sistema de escravidão baseado na divinização da desigualdade, submetemo-nos espontaneamente em nome de uma falsa boa posição, assim sonhada e imaginada por todos, na hierarquia entre os homens.

     A fantasia e a ilusão de um consumo imaginado como transmutável em felicidade, em prazer é o caminho percorrido dia a dia para um inatingível paraíso, cada passo na escada longe de trazer uma satisfação frustra-nos ao empurrar na busca de um novo degrau na escalada de infelicidade e depressão, aumentamos o tempo de corpo são e diminuímos o tempo de espírito feliz, não conseguimos mais nos ver sem ser sob a lente construída para mostrar nossa derrota neste jogo previamente definido e criado para ser de impossíveis vencedores.   

     Não me parece oportuno perdermos o momento de discutir as novas bases que irão se estabelecer neste futuro próximo, sou fã da ideia de nascimento do homem que busca a potencia, me encanta o rigor da convivência lado a lado entre homens livres, sem servidões entre nós, de liberdades que se desafiam e colaboram entre si, quero crer na aposta do conhecer-se a si mesmo como aval principal nas relações entre os seres humanos, não necessitamos de guias, de iluminados, menos ainda de opressores precisamos apenas de convivência não predatória com a natureza.