Sinto com as
mãos, percebo com a língua, imagino com as narinas, penso com os olhos,
acredito com os ouvidos e todas estas sensações se fundem no permanente nascer
do sentimento, acabo envolvido completamente por ele mexendo com todas as
fibras do meu corpo que descontrolado expande-se em direção ao outro, enfim,
resumo-me nesta fusão de sentidos transformados em sentimentos.
Por sorte é
infinita minha capacidade de armazenar sentimentos assim posso suportar esta impetuosa
cadeia em serie sem romper-me mantendo a unicidade apesar da diversidade de
emoções que se sobrepõe, resulta que os humores assim se manifestam não na
monótona rotina do ser igual, mas sim na oportuna mostra das diferentes faces
de um mesmo ser.
Permito-me ao
risco óbvio dos julgamentos desfigurados por especiais filtros que cada um dos
meus iguais utiliza com o fim obvio de colar em minha testa seus rótulos pré-impressos,
estes dísticos que pretendem definir-me e apenas conseguem ser uma caricatura
tosca de um projeto de ser humano não pelo alvo e sim por incapacidade de
compreensão do artista.
Longe de mim eu
considerar que os sentimentos devam ser dominados pela razão ou vice e versa,
até por ter sérias dúvidas quanto à existência do que chamamos razão, acredito sim
em uma simbiose absoluta entre os sentidos e a reação á eles desenvolvida por
este organismo complexo que é o ser humano, o que me permite dizer que
deveríamos trabalhar muito mais em cada um de nós o entendimento dos nossos
sentimentos.
O que sei
simplesmente é que eles mexem muito comigo influenciando na principal vocação
do ser humano que é lançar-se em direção ao outro, das úmidas lagrimas passando
pelos frios a percorrer o estomago ou os arrepios e tremores da pele, aos
exuberantes sorrisos uma multipolaridade gradua momento a momento a convivência
com outros seres humanos aumentando ou diminuindo a empatia e o tamanho dos
atritos, positivos ou negativos, que aí imersos na relação se estabelecem.
Se neste caso a
autoanálise já é complicada, imagine, o entendimento da relação como um todo,
tudo, mas tudo mesmo, que esta acontecendo de um lado esta ocorrendo no outro,
inclusive a soma poderosa dos múltiplos talentos de cada um, torna-se assim a
vida uma grande arena na qual o tamanho do desafio exprime-se em nós termos
prazer e felicidade.
Não cabe em tempo
nenhum julgarmos nossos sentimentos todos são benéficos na construção interna
do nosso ser, conhecê-los entender suas origens e ao que se destinam é o que
realmente podem representar um diferencial na busca do nosso equilíbrio interno
tornando-nos verdadeiramente nós mesmos.