terça-feira, 24 de abril de 2018

Puro Devasso Puro


Puro devasso é cair em teus braços,
Inundar-me todo em desejos de ti,
Nos teus labirintos encontrar espaços,
Desencontrado só saber que te curti.

Devasso puro é ter-te só por amor,
Beber doce-amargo da tua boca,
Sentir corpo arrepiado teu calor,
Coração ungido de batida louca.

Puro devasso, língua na tua pele,
Membros todos meus em permanente tato,
Mar de suores nossos o pacto sele,
Misturados inteiros lindos de fato.

Devasso Puro, entrega dos sentidos,
Elétrico gostoso frio interno,
Maluco somar gostares incontidos,
A nos fundir em um só corpo eterno.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Meu Sétimo Selo


Em mim não existe nada mais obsceno,
Que a fidelidade do amor total,
Pois me rasga o peito e deixa pleno,
Presente sempre em ti a mulher fatal.

Sentidos e músculos eu concateno,
Entrego-me todo teso como varal,
Sensações contidas tal como o feno,
Devoro-me em longo espasmo carnal.

Isolo o mundo por muito pequeno,
Reduz-se tudo em ser você como tal,
Para a dimensão social veneno,
Inexiste assim sansão mais imoral.

Completa só contigo eu contraceno,
Protagonizo em mim você a fatal,
Só cresço onde és tu o meu terreno,
Em você sintetizo meu bem e meu mal.  

terça-feira, 17 de abril de 2018

Sentimento


     Sinto com as mãos, percebo com a língua, imagino com as narinas, penso com os olhos, acredito com os ouvidos e todas estas sensações se fundem no permanente nascer do sentimento, acabo envolvido completamente por ele mexendo com todas as fibras do meu corpo que descontrolado expande-se em direção ao outro, enfim, resumo-me nesta fusão de sentidos transformados em sentimentos.

     Por sorte é infinita minha capacidade de armazenar sentimentos assim posso suportar esta impetuosa cadeia em serie sem romper-me mantendo a unicidade apesar da diversidade de emoções que se sobrepõe, resulta que os humores assim se manifestam não na monótona rotina do ser igual, mas sim na oportuna mostra das diferentes faces de um mesmo ser.

     Permito-me ao risco óbvio dos julgamentos desfigurados por especiais filtros que cada um dos meus iguais utiliza com o fim obvio de colar em minha testa seus rótulos pré-impressos, estes dísticos que pretendem definir-me e apenas conseguem ser uma caricatura tosca de um projeto de ser humano não pelo alvo e sim por incapacidade de compreensão do artista.

     Longe de mim eu considerar que os sentimentos devam ser dominados pela razão ou vice e versa, até por ter sérias dúvidas quanto à existência do que chamamos razão, acredito sim em uma simbiose absoluta entre os sentidos e a reação á eles desenvolvida por este organismo complexo que é o ser humano, o que me permite dizer que deveríamos trabalhar muito mais em cada um de nós o entendimento dos nossos sentimentos.

     O que sei simplesmente é que eles mexem muito comigo influenciando na principal vocação do ser humano que é lançar-se em direção ao outro, das úmidas lagrimas passando pelos frios a percorrer o estomago ou os arrepios e tremores da pele, aos exuberantes sorrisos uma multipolaridade gradua momento a momento a convivência com outros seres humanos aumentando ou diminuindo a empatia e o tamanho dos atritos, positivos ou negativos, que aí imersos na relação se estabelecem.

     Se neste caso a autoanálise já é complicada, imagine, o entendimento da relação como um todo, tudo, mas tudo mesmo, que esta acontecendo de um lado esta ocorrendo no outro, inclusive a soma poderosa dos múltiplos talentos de cada um, torna-se assim a vida uma grande arena na qual o tamanho do desafio exprime-se em nós termos prazer e felicidade.

     Não cabe em tempo nenhum julgarmos nossos sentimentos todos são benéficos na construção interna do nosso ser, conhecê-los entender suas origens e ao que se destinam é o que realmente podem representar um diferencial na busca do nosso equilíbrio interno tornando-nos verdadeiramente nós mesmos.