Bem-humorado
tento compreender como conseguimos construir esta armadilha, na qual nem bem
terminada, descobrimo-nos em um instante mágico, nela definitivamente aprisionados,
como diz nosso poeta Gil a perfeição é uma meta defendida pelo goleiro da
seleção, contra todos os prognósticos nos superamos embarcando nesta espiral
destruidora das difíceis conquistas feitas por nossa jovem nação no último
século.
A cena
que mais me veem á cabeça é a do cachorro correndo atrás do seu próprio rabo em
um divertido mais infrutífero circular sobre si mesmo, com o tamanho que temos
de riqueza territorial e de população, retirar moeda de circulação, estimular o
seu acumulo no topo da pirâmide, só pode ter como resultado diminuição do crescimento
e aumento da miséria, vamos dando voltas em torno de nossos problemas sem encaminharmos solução.
Comprando
respostas prontas estendidas no varal da ignorância, o povo assim armado
enfrenta os leões como opção de sobrevivência, quem lhes as vende bem sabem que
a nada respondem, são meros instrumentos de ilusão a segurar o natural ímpeto
de libertação, não que esta classe média agarrada nas migalhas que sobram da
elite tenha as perguntas, apenas tem nas arquibancadas o terrível horror de um
dia com a maioria estar no palco a gladiar.
A
fábrica de certezas desumaniza o homem ao retirar-lhe a capacidade de
questionar-se, subtraindo-lhe o poder de tomar decisões, por isso a importância
destas circularem em pouco tempo e em grande quantidade, no formato de palavras
de ordem mantendo-o distraído enquanto tomam sob suas rédeas o controle de sua vida,
colocando-o escravizado a serviço dos interesses de uma minoria.
O medo
é um divisor de águas na humanidade pois em inevitável reação ou conduz o homem
a abraçar a morte em vida submetido a autoridade e disciplina ou o encoraja a
engajar-se como rebelde resistente na busca em si próprio do caminho, assim
caminham os homens autoritários a propagar o temor, oferecendo-se como resposta
com o objetivo de exercer domínio.
Todos
os projetos autoritários sempre tratam como seu primeiro inimigo a capacidade
do pensamento crítico porque em sua fraqueza não podem aceitar serem
contestados e como aliados a crença em um ser superior que tudo sabe e a todos
julga, do qual se dizem escolhidos validando assim quaisquer de seus atos
apesar da natural insegurança.
O ato
de viver só é prazeroso quando sabemos e curtimos sua finitude, só podemos ser
felizes entendendo as leis do acaso que é o nosso grande maestro e sob sua
batuta desconstruímos o conceito de bem e mal considerando que todos os
caminhos em todos os momentos são merecedores e dignos de nossa imersão por
completo como sinônimo de plenitude.