Relendo Vitor
Hugo, não tenho dúvidas, todos vocês já se detiveram um olhar por seus livros,
em sua obra prima "Os Miseráveis", não é necessário sair do prólogo
para ver a característica de toda obra, isso lá no século XIX ele afirma que o
mundo melhor depende da solução de três problemas:
"A
degradação do Homem pelo proletariado, a prostituição da mulher pela fome e a
atrofia da criança pela ignorância".
Se ele
vivesse hoje, como bom francês diria "merde", estamos no século XXI e
além de não os solucionarmos o que conseguimos foi agravar, pois continuamos a
impor ignorância como oportunidade de dominação ampliou-se a degradação do
homem estabelecendo uma moral que escraviza e principalmente ampliamos o
conceito da prostituição, hoje não falamos da mulher, mas da prostituição do
ser humano, homens e mulheres, pela fome de alimentos para o corpo e para a
alma essa última atrofiada por uma mensagem subliminar de consumo.
Em minhas
andanças por aí, tive muitas oportunidades de conviver com a noite e com seu
principal serviçal, a prostituta, que não se enganem não é a protagonista e sim
a operária dessa indústria, não o fiz em busca da carne, mas em busca de
companhia de partilhar momentos com o ser humano, tive oportunidade de acompanhá-las
no pós-trabalho onde vivem suas vidas reais, prolongar conversas, partilhar
seus fins de noite, ter amizade e camaradagem.
Admito todos
os pensamentos em contrário, mas confesso em nenhum momento vi algo diferente
como motivação para a opção de vida dessas moças do que a
fome tão bem colocada por Vitor Hugo, e vou mais adiante essa mesma fome dirige
hoje a vida de homens e mulheres na maioria das opções que tomam na vida.
Por óbvio, não
estamos falando de apenas pão e água, estamos falando desta fome de consumo tão
bem trabalhada pelas estruturas que detêm o poder, e em nada vejo de diferente
as motivações usadas como desculpa no resto da sociedade para submissão do que
as que me apresentavam as gurias chamadas de vida fácil.
Estamos
falando de pouco mais de dois séculos e nada de rompermos essa cadeia,
precisamos com urgência libertarmo-nos, espalhar a luz do saber, combater a
escravidão e eliminar a fome que nos prostitui.