Pesa muito
respirar este ar viciado do lugar onde buscamos o pão nosso de cada dia, suas
mazelas são todas conhecidas, não por isso é simples enfrentá-las, o estomago deve
ser forte para não colocar de volta as razões podres artificialmente edificadas,
construções teóricas á justificar o crime de canibalismo exercido pela maquina
de produzir desperdício, sempre à custa de outros seus iguais, este teatro de horrores
onde seus personagens justificam-se sob uma pretensa habilidade individual que
nada mais é do que adequar-se á maquina bem azeitada de moer seres humanos, que
por sinal não é por eles comandada e na qual fazem parte também como matéria prima
a ser consumida há seu tempo.
Pesa muito
respirar este ar viciado de uma justiça que joga na rua inúmeras famílias compostas
de desprovidos de teto, o pretexto é uma hipotética propriedade privada, quando
bem se sabe que esta mesma propriedade foi construída utilizando a violência
direta da usurpação ou então com habilidosos recursos pretensamente legais por leis
escritas apenas para legitimá-la, arma-se este teatro que chamamos judiciário
com a única razão de manter sob as botas dos tiranos da elite a população para
tanto se paga muito bem os seus atores como sempre com as migalhas do banquete
que a espoliação de seres humanos sustenta, simplesmente são os guardiões do
roubo.
Pesa muito
respirar este ar viciado das políticas locais e mundiais que de fato não se
diferenciam muito as benesses distribuídas no que chamamos de primeiro mundo
tem muito a ver com os pesados tributos pagos pelo terceiro mundo sob a coação
direta ou indireta das armas, o que pude viver nos seus dois extremos o golpe
sangrento opressor de 64 que foi comandado e instruído diretamente pelo
império, bem como esta brincadeira de manipulação do povo construída pela
inteligência contida nos grandes big datas e com o indispensável apoio dos
lacaios locais da política da imprensa e do mundo dos negócios a serviço do
mesmo império.
Pesa muito
respirar este ar viciado da pantomima social da depressão gerada por falsos
desejos de consumo implantados nos seres humanos com o objetivo de matá-los no
que tem de mais puro, sua essência que é o amor por si mesmo e pelo outro,
destruindo-os como homens pela impossibilidade de alcançar prazer e felicidade
nesta competição esdrúxula da busca da diferenciação pelo ter e não pelo ser, a
própria efemeridade das coisas capazes de serem possuídas o deprime e o
infelicita, mesmo quando não tem compreensão plena que a posse é sempre
resultante da fome do outro, condena-se pela comparação que impede a composição
que é a grande vocação entre os homens.
Todo este
gigantesco circo é, porém de uma fragilidade enorme, a sua construção apoiada
em estruturas baseadas no desejo de consumo, é facilmente abalada em um simples
ato de vontade, o de não consumir, se os povos deixarem de consumir saudades terá
das grandes depressões econômicas, pois não sobrará pedra sobre pedra do que ai
está, estaríamos construindo um mundo novo sustentado ai sim pela força do
homem.