Meritocracia
palavra bonita nos lábios dos neoliberais a me condenarem a ser um capital
humano capaz de gerar fluxos de renda, cara não sou empresa, essa apologia às
leis do mercado na defesa que só a livre concorrência entre empresas, em um contexto onde tudo são empresas incluindo você e eu, pode
estabelecer a chegada ao paraíso do bem-estar no consumo é a própria negação do
homem, que insisto busca o prazer e não a geração de renda.
Tenho sérias
dificuldades de entender o mecanismo de autoimolação a lei da concorrência como
criação de uma sociedade moderna autossuficiente e benéfica ao ser humano, pode
ser apenas a ilusão de um valor desmedido creditado aos privilégios de berço de
quem se enxerga poderoso ao pisar em alguém sem ver a pirâmide que carrega nas
costas formada por seus exploradores.
Tampam-nos os
olhos escondem as oportunidades, ocupam-nos com futilidades para furtar-nos o
tempo de entender esse processo perverso e nos invadem com mantras de marketing
glorificando o falso sucesso que funciona tal qual a rédea solta no cavalo a
incentivar nosso galope para conduzir o outro em nossas costas com o seu afã de
seu sucesso baseado em nossa escravidão, sim escravo de quem escravo é doutro
escravo também.
Deixem-me viver
como brado global a ser sonhado pelos homens é a utopia que não quer vingar
como homem máquina nos sujeitamos à cadeia de produção, iludidos por um futuro
que todos sabemos não existe e construído por um passado que nada tem a haver
conosco se há uma certeza esta única é a do presente.
Nem mesmo a
natureza nos suporta nesta interminável cadeia de produzir infelicidade e
tem-se rebelado cada vez mais aos nossos desatinos como que a mostrar-se como
arauto do nosso equivocado caminho de semeadura de destruição de tudo e de
todos essencialmente de nós mesmos.
Urge pararmos e
repensar nossa existência, aplicarmo-nos a gostar de nós mesmos a cada momento
em seu instante presente descompromissado com o que já existiu e sem pensarmos
em créditos no tempo que virá, só aqui e agora pode o prazer existir e mais que
direito é obrigação usufruí-lo.
Abro mão de
qualquer ilusão de concorrer com outrem de comparar-me com alguém na busca
incessante do preocupar-me comigo mesmo, descobrindo-me aos poucos onde mais
posso estar a me fazer feliz, sabendo de antemão que tão somente assim posso na
vocação natural do ser humano de lançar-se em direção ao outro irradiar verdade.