Se o público
morreu, e isso é constatado pelo escasso número de frequentadores, os filmes
que tenho visto felizmente me apontam um cinema mais vivo do que nunca, tenho
tido a oportunidade de ver duas ou três vezes por semana filmes de excelente
qualidade, que conseguem envolver-me com reflexão, emoção e lazer, isso tanto
nas salas do novo mercado dos shoppings como nos espaços culturais novos ou
tradicionais de Porto Alegre.
Não sendo um
entendido no tema cinema, sendo apenas alguém que gosta de ver filmes, não me
nego a analisar, quando vejo os grandes campeões de bilheteria, sempre tendo
como foco "efeitos especiais", muito movimento, muita ação sem dar
tempo de pensar para o público, vejo-os como os festivais de fogos de fim de
ano, bonitos para o tempo que dure, onde saímos como entramos sem nada agregar
a nós mesmos, apenas não vemos passar mais uns grãos na ampulheta do tempo, mas
passaram e são impossíveis de recuperá-los.
Muita gente
boa dirigindo, filmando, dedicando-se a sétima arte, com muito pouco dinheiro e
grandes resultados, isso em todas as partes do mundo, mas o público educado
pela televisão, onde buscar o espaço da propaganda tem prioridade, pelo mundo
dos games que enfeitiçam, pela internet dos vídeos de minuto, não pode se
sujeitar a parar uma hora e meia para saborear a inteligência, a graça e a
beleza de um bom filme.
Talvez vocês
tenham razão não é apenas no cinema que as coisas andam desse jeito, na
literatura vemos o mesmo, com bestsellers que são obras sem poesia, com frases
esparramadas em estórias que reproduzem jogos, repetem-se em si mesmas, construídas
em série de muitas páginas, como filmes de continuação programada, me cheiram
tanto livros como filmes ao mau perfume da indústria por encomenda.
As teses têm
continuação? As teses têm efeitos especiais? As teses têm o movimento contínuo de um carrossel maluco? Por certo não, elas têm
algo a dizer e um filme ou um livro que não tenha nada a dizer não sei como
catalogá-lo, penso, presta um desserviço à causa da cultura.