quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Forma, Forma que deforma.

 

               Caminhante me deparo dia a dia com vultos, encontro-os frente aos meus passos, encontro-os avançando em minha direção, cada qual soma detalhes, sempre tão diferentes, expressando belezas diversas.

 

               Está aí um momento mágico, cada vulto torna-se uma beleza particular, são formas muito diferentes, é a diversidade de cada um de nós, e como são belas no seu conjunto único.

 

               Humano, por certo cada um destes encontros, representa uma paixão de minuto, paixão esta que vive na oportunidade e se despede dentro da gente na imediata busca da outra que nasce com o acaso do próximo encontro.

 

               Tanto insistem em programar formas perfeitas destinadas a enquadrar os outros em padrões pré-programados, que nos distraem da beleza de cada um em busca dos defeitos em relação a forma idealizada.

 

               Estas molduras, ditas perfeitas, nada mais são do que a necessidade de criar desejos, e assim satisfazer as necessidades de uma sociedade dirigida ao consumo, na prática, escravizam quem vê e quem é visto, condenando-os a uma insatisfação permanente.

 

               As obras de arte espalhadas pelo passar dos tempos, com seus artistas maravilhosos a descrever o padrão do seu momento na civilização a qual pertence, nos aponta para esta diversidade da beleza.

 

               Poder estar absorvido desta multiplicidade de formas belas compostas por diferentes idades, raças e gêneros é uma benesse conquistável, sempre que se esteja liberto do colonialismo dos padrões pré-definidos por necessidades do sistema.

 

               Nós almejamos o belo e este nos cercará por todos os lados, sempre que possamos olhar sem os filtros do preconceito, ao nosso alcance há um paraíso ao qual podemos definitivamente aderir por vontade própria.

 

               A desconstrução do pré-conceito é uma tarefa de vida toda, não podemos esquecer que já o carregamos desde o nascer com toda a força que a genética da ancestralidade exerce sobre nós, ampliada na sequência pelo autoritarismo da educação dita civilizatória.       

 

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