sexta-feira, 4 de outubro de 2024

A Paixão, Vocação Alimentada por Acasos.

 

               Quando na vida nos libertamos dos nossos medos, das nossas inseguranças, vivendo como homens livres, nossa alma vocacionada aproveita todos os acasos para construir alegrias, tristezas, angustias, desejos que compõe a Paixão.

 

               Não é a mesma um ato de vontade, não é fruto de um planejamento, simplesmente acontece e seus frutos não podem ser qualificados, são apenas o que são, envolvimento profundo com extremas manifestações da alma expostas por inteiro.

 

               O grande mestre Marcel Proust na sua obra prima em busca do tempo perdido, em dois dos seus sete volumes, A Prisioneira e A Fugitiva, que por sinal de tempos em tempos dedico-me a releitura, abre este leque gigante e maravilhoso da psicologia da paixão.

 

               Bem que gostaríamos de dizer que ela é uma sequência finita de momentos de doçura, de empatia e de felicidade, mas a conhecemos bem em seus múltiplos espectros com suas faces e humores.

 

               Por mais que tentemos contê-la cercada pelos frios fios da razão, ela nos escapa por todos os lados, ora por um nos tornando repleto de jubilo, ora por outro nos transformando em um poço de ansiedade.

 

               Que completude não seríamos se todos estes eu que ela cria em nós no tempo, se manifestasse em um mesmo momento, seriámos o próprio sorriso cercado por lagrimas, vivenciando contraditórias emoções.

 

               Sem ela somos devorados pelo tédio das receitas escritas por outros, com alma vazia autômatos criados por nós a nossa revelia.

 

               Que este jogo entre a sensibilidade e a racionalidade aconteça sim, não precisamos escolher vencedor e sim curtir as delicias da batalha.

 

               Não há nenhuma boa causa que possa justificar abrir mão da mesma, ela é muito mais que o bem e o mal, é um ser em plenitude.

 

               Em busca dos bons ares da paixão, libertemos nosso espirito dos preconceitos lá plantados, deixando corpo e alma disponível para que ela de nós tome posse.       

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