Quando
na vida nos libertamos dos nossos medos, das nossas inseguranças, vivendo como
homens livres, nossa alma vocacionada aproveita todos os acasos para construir
alegrias, tristezas, angustias, desejos que compõe a Paixão.
Não é a
mesma um ato de vontade, não é fruto de um planejamento, simplesmente acontece
e seus frutos não podem ser qualificados, são apenas o que são, envolvimento
profundo com extremas manifestações da alma expostas por inteiro.
O grande
mestre Marcel Proust na sua obra prima em busca do tempo perdido, em dois dos
seus sete volumes, A Prisioneira e A Fugitiva, que por sinal de tempos em
tempos dedico-me a releitura, abre este leque gigante e maravilhoso da
psicologia da paixão.
Bem que gostaríamos
de dizer que ela é uma sequência finita de momentos de doçura, de empatia e de
felicidade, mas a conhecemos bem em seus múltiplos espectros com suas faces e
humores.
Por mais
que tentemos contê-la cercada pelos frios fios da razão, ela nos escapa por
todos os lados, ora por um nos tornando repleto de jubilo, ora por outro nos
transformando em um poço de ansiedade.
Que completude
não seríamos se todos estes eu que ela cria em nós no tempo, se manifestasse em
um mesmo momento, seriámos o próprio sorriso cercado por lagrimas, vivenciando
contraditórias emoções.
Sem ela
somos devorados pelo tédio das receitas escritas por outros, com alma vazia autômatos
criados por nós a nossa revelia.
Que este
jogo entre a sensibilidade e a racionalidade aconteça sim, não precisamos
escolher vencedor e sim curtir as delicias da batalha.
Não há
nenhuma boa causa que possa justificar abrir mão da mesma, ela é muito mais que
o bem e o mal, é um ser em plenitude.
Em busca
dos bons ares da paixão, libertemos nosso espirito dos preconceitos lá
plantados, deixando corpo e alma disponível para que ela de nós tome posse.
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