Mascarado
pela ausência física, deslizando na correnteza dos ruidosos momentos virtuais
me entrego ao não pensar, meus gestos espalham-se inúteis a somar vaias ou
aplausos ao de um dos inúmeros rebanhos que estão por aí a andar.
Não sou
solidário, não me entrego ao outro para construir um cantar, apenas me
movimento em colunas adestradas de chavões vazios e quanto mais o faço, menos
tempo me sobra, para que na soma dos talentos do outro com os meus construa uma
humanidade mais justa.
Bem
acomodado nas arquibancadas, me atrapalhando com as plaquinhas de um rosto
triste ou gargalhando, eventualmente uma imagem de um mão de curtir, me
pronuncio sobre o que vejo no palco, os atores interpretando notícias
fabricadas sempre com suas máscaras públicas de enganar, me distraio enquanto
lá fora os fatos reais acontecem, deveria sim me pronunciar e este engodo denunciar
e não manter-me palhaço vendo os do palco como tal.
Me
iludo com um falso povo que me mostram, conduzido assim mesmo como claque seduzida,
ora pelo temor aos deuses, ora por seus interesses econômicos mesquinhos, ora por
íntimos sentimentos discriminatórios que não admitem para si mesmos, mas sempre
apoiados por uma mídia comprometida e comprada por interesses que nada tem a
ver com a Nação.
Sei que
de realidade e liberdade muito pouco temos, estamos mais para um enorme entretenimento,
que nos mantém ocupados e distraídos da globalizada máquina de construir
acumulações em nome de poucos exploradores da natureza e do homem.
Teimosamente
insisto em manter-me critico a todos estes movimentos mesmo sabendo que o
purgatório no qual estamos vivendo é inevitável nesta opção de um mundo
dirigido pela força imperialista das armas econômicas e militares, tão somente
por saber que água mole em pedra dura tanto bate até que fura, ou seja, quando
não sabemos mas o momento de ruptura é inevitável e a nós cabe mantermo-nos de
pé até o mesmo chegar.
Aos
gritos de guerra nossa resposta é a batalha pela paz que só pode ser exercida
por uma análise lucida de todos os fatos, posicionamentos claros contra a
injustiça e propostas concretas para escrevermos juntos o mundo humano e justo
que a humanidade merece.
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